sexta-feira, 27 de setembro de 2013

TOMADA - 12 Anos muito bem dedicados ao ROCK AND ROLL!


TOMADA
“XII – Estradas, sons e estórias na terra do Rock tupiniquim”
(DVD – 2013) Selo: Coaxo do Sapo
Direção: Marcelo Bueno e Eduardo Donato
Prefácio escrito por Bento Araújo (www.poeirazine.com.br)
FAIXAS:
1 – Documentário/
2 – Ao Vivo CCSP: ‘Boogie do Café’; ‘Billy, O Esquisito’; ‘Catarina’; ‘(Quero ter) Uma Música Forte’; ‘De Verdade’/
3 – Videoclipes: ‘Doses Depois’; ‘Volts/ Buggy do Maluco’; ‘Catarina’; ‘Minha Diva’; ‘Ela Não Tem Medo’/
4 – Extra: Making of “O Inevitável”/

  Ricardo Alpendre (vocal) e Pepe Bueno (baixo) contam como a banda foi criada de uma maneira descontraída, mas cronológica, evidenciando cada ex membro da banda e cada gravação ou show importante, intercalando com imagens de arquivo de shows, os primeiros clipes e gravações recentes da banda em show acústico que tem total destaque no final do DVD.
Pepe (bx), Mateus(tc), Paulo (bt), Ricardo (v), Vagner g)

  Várias histórias impagáveis como polícia em shows (pra variar), amizades com outras bandas, o ‘GS10’ (Grupo Seleto dos 10) que era um grupo de amigos e fãs que ajudaram a custear a gravação do primeiro disco e o clipe de ‘Não Ligo’. Destaque para o show da banda em Estiva Gerbi/SP em 2005 que marcou bem a banda, como pode se ver nas histórias que eles contam. Foi justamente quando eu conheci os caras e a banda. Veja mais em: http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2012/04/coda-open-air-ou-2-estiva-moto-fest.html
TOMADA com amigos em Estiva Gerbi/SP (foto by Myrna Zapata)

   Outra história interessante é a ocasião em que o TOMADA literalmente ‘posou pra Playboy’ ou seja, a relação da banda com a imprensa sempre foi muito boa, tendo aqui neste DVD várias gravações da banda tocando em emissoras de Rádio como a Brasil 2000 FM, na TV TRAMA do selo de mesmo nome, na Show Livre , Veja Musica e até na MTV (numa época em que ainda tínhamos o que assistir nesta emissora, hoje moribunda). Assim como com o CCSP onde tocaram inúmeras vezes. Histórias etílicas de estúdios não faltam, sempre citando nomes dos envolvidos nas gravações. Rápidas participações de Nelson Brito (baixo – GOLPE DE ESTADO) e Xando Zupo (g/v – PEDRA).


  Nota-se sempre presente a garrafinha da cerveja oficial da banda em segundo plano nas cenas de entrevista com Pepe e Ricardo e devidamente apresentada no final do documentário.
  Após o documentário temos uma apresentação acústica no CCSP (Centro Cultural São Paulo) gravada em 07 de Julho de 2012 que consiste em 5 canções gravadas de uma maneira super gostosa de se ouvir e dançar, fazendo você erguer o volume no máximo possível e sair bailando pelo ar. Os pés começam a bater  e os dedos a estalar no compasso das músicas. Não é porque é acústica que não tem peso ou signifique algo sem sal, como nos acostumamos a ver nos anos 90.

 Ainda temos todos os videoclipes da banda gravados entre 2004 e 2011 e o Making of do disco “O Inevitável”.
  Esse DVD vale cada centavo investido para quem quer conhecer uma banda brasileira realmente interessante desta safra 2000 ou para quem já conhece e admira o trabalho interminável desses Artistas com ‘A’ maiúsculo!
  Aqui, um pequeno teaser do que é este registro sobre a banda: https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vL3WMs51Vmc

Fotos by Victor Daguano (exceto a indicada)


TOMADA 2013.

Arte da capa do DVD.




quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Entrevista coletiva com Eric Singer (KISS) em 15 de Maio de 2003 - São Paulo/SP


  15/05/2003, uma quinta-feira tranquila para os reles mortais não envolvidos com Rock and Roll na capital paulista, mas para nós que corremos atrás do que há de melhor, foi interessantíssima! Faltando um dia para acontecer a primeira edição da “KISS Expo” no Brasil (rolou dia 16 em Curitiba/PR e 17 em Limeira/SP) aconteceu a entrevista coletiva no Conservatório Souza Lima em Sampa com a estrela do evento, Eric Singer, baterista de renome mundial que tem em seu currículo bandas de expressão como LITA FORD, BLACK SABBATH, BADLANDS, ALICE COOPER, AVANTASIA e KISS, é claro...
  Com alguns contatos que tinha na época, através dos antigos grupos do Yahoo (bem antes do Orkut ser realidade, tínhamos esses grupos que serviam de rede social antes dessa expressão existir), descobri que o Eric Singer que na época não estava mais no KISS e sim com ALICE COOPER excursionando, viria ao Brasil para ser a estrela principal da primeira convenção de fãs da banda por aqui. Logo tratei de enviar um pedido de credenciamento para eu cobrir o evento relatando que eu era radialista e estava envolvido com os sites Choose Your Side e o programa de rádio Coda On Line que estava fora do ar, mas ainda na web. Pois bem, entraram no site do Coda, pegaram o telefone de contato, que seria do mentor Eduardo Maia e o ligaram falando meu nome e nos convidando a ir na entrevista coletiva em São Paulo. Eduardo prontamente me ligou passando o recado e o contato da organização à quem eu liguei imediatamente e pedi 3 credenciais que seriam para mim, para o Eduardo e para nosso colaborador/jornalista Vagner Aguiar. Eu como trabalhava somente à noite na rádio estava livre para o evento, Eduardo e Vagner ajustaram seus horários no trabalho e lá fomos para São Paulo. Vale ressaltar que consegui dar um mal jeito no meu pescoço logo de manhã ao voltar da rádio pra casa numa freada brusca do ônibus que estava, indo pra coletiva de pescoço duro, ficando lá o dia todo e voltando pra casa à noite, quase na hora de voltar pra rádio. Só fui no médico no dia seguinte.Cada coisa que a gente faz em nome do Rock and Roll, hehehehe.
Credencial para a KISS Expo 2003 dia 17 de Maio.

Ingresso para a KISS Expo
  Logo de cara, ao chegar no Conservatório Souza Lima, renomada escola de música de São Paulo nos deparamos com as figuras já conhecidas nossas dos irmãos Andria e Ivan Busic do DR. SIN que estavam saindo da escola onde davam aula. Mais adiante encontramos Clemente dos INOCENTES ( tanto o DR. SIN quanto os INOCENTES já haviam tocado nas festas do Coda On Line poucos anos antes) que além de ser professor do Conservatório também seria o mestre de cerimônia da “KISS Expo” dali 2 dias em Limeira, interior de SP. E pra quem está se perguntando já adianto, sim Clemente também gosta do KISS.

Clemente (INOCENTES) apresentando a KISS Expo em Limeira/SP

  Pois bem, devidamente recebidos pelo Antônio, ou Tutú Simmons, cover de Gene Simmons da DESTROYER KISS COVER que seria um dos responsáveis pela entrevista, nos foram entregues as credenciais e entramos no auditório nos fundos da escola onde aconteceu a entrevista coletiva.
  Vale ressaltar alguns detalhes: No dia 12 de maio, ou seja 3 dias antes foi aniversário de Eric Singer e por esta causa, após a coletiva todos os presentes foram convidados a uma espécie de coquetel ali mesmo na área de convivência do conservatório, onde trouxeram um bolo de aniversário e todos cantaram parabéns ao Eric.
  Eric Singer, não é uma pessoa muito sociável ele deixou demonstrar isso algumas vezes nesses dois dias com os fãs, com exceção das mulheres brasileiras, ele não se mostrava muito feliz em tirar fotos com os fãs do sexo masculino e não distribuiu muitos autógrafos, à não ser na convenção, afinal lá ele estava sendo PAGO para atender TODOS os fãs e mesmo assim chegou a perder a paciência em alguns momentos visíveis, nada demais, apenas fadiga talvez. Também dificultou o trabalho dos fotógrafos de plantão não posando para as fotos, parecia incomodado com tantos flashes, algo estranho pra quem tocou com KISS e ALICE COOPER. Nos demais momentos tudo correu bem, principalmente na entrevista coletiva à seguir:
Cortando seu bolo de aniversário

  De onde surgiu a idéia do projeto ESP e ele terá uma seqüência no futuro?
Eric Singer: Bem, nunca tive a intenção de tranformar aquele lance numa banda, foi apenas um disco feito por diversão e não existe a idéia de dar seqüência ao projeto
.
Quais foram os bateristas que mais te inspiraram?
ES: A minha maior influência com certeza foi BUDDY RICH e aquelas Big Bands americanas, mas também admiro muito os bateristas dos anos 70 como John Bonham do LED ZEPPELIN, Ian Paice do DEEP PURPLE, Denny Carmassi, Carmine Appice, Mitch Mitchell da JIMI HENDRIX EXPERIENCE e tantos outros...

Gostaria de saber como se deu a sua entrada no BLACK SABBATH?  Como você chegou até Toni Iommy e como você chegou ao ALICE COOPER também?
ES: Em 1984 eu tocava na banda de LITA FORD que por sua vez era namorada de Toni Iommy que precisava de um baterista. Num dos shows de sua namorada ele me viu tocar e me convidou para gravar um disco solo com ele que acabou se tornando o “Seventh Star” e levou o nome do BLACK SABBATH. Já com ALICE COOPER, eu, na época tocava com uma banda chamada BADLANDS, eu tinha acabado de sair dela e procurava uma banda pra tocar, o segurança que trabalhava com o BADLANDS, também trabalhava com várias outras bandas como GUNS’N’ROSES e ALICE COOPER, ele me apresentou ao Alice, fiz um teste e fui aprovado passando assim a integrar a banda.

Com relação ao KISS, antes de você entrar para a banda, você já tinha gravado algumas demos em 88 para o disco “Hot in the Shade”, eu gostaria de saber quais foram e se alguma delas foi aproveitada no disco?
ES: Eu fiz umas 2 ou 3 demos, mas que nunca foram aproveitadas, nem me lembro os nomes delas, mas eu sei que pelo menos 2 eu gravei sim.

Quando você entrou no KISS, você procurou tocar igual aos bateristas anteriores ou você deu a sua cara para os sons antigos?
ES: Bem, quando eu entrei para a banda, eu fazia um som muito complexo, bem diferente do KISS original, mas, com o passar do tempo, principalmente na época do “MTV Unplugged” eu fui simplificando mais a minha pegada. E na última turnê ano passado no Japão e na Austrália eu simplifiquei mais ainda, deixando bem mais próximo do original.

Considerando que foi você quem gravou com o KISS a faixa ‘Do You Remember Rock And Roll Radio’ para o tributo aos RAMONES (veja mais em: http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2013/03/were-happy-family-tribute-to-ramones-10.html), eu gostaria de saber se você tem idéia de como surgiu essa idéia de o KISS participar do tributo, levando em consideração que, apesar de serem duas bandas com propostas bem próximas de Rock and Roll e diversão, ninguém nunca imaginaria isso?
ES: Sim, foi eu mesmo que gravei, juntamente de Gene no baixo e vocais, e Paul Stanley fazendo as guitarras e os vocais, Ace não participou desta gravação, fomos só nós três mesmo. Eu fiquei surpreso com isso também , já que Gene e Paul não são fãs de RAMONES, mas eles viram que seria legal o KISS participar deste projeto que estava reunindo grandes nomes como RED HOT CHILLI PEPPERS, U2, METALLICA, enfim... é isso aí!
O tributo aos RAMONES que Eric participou com o KISS (2003)
Mas você gostou?
ES: Sim, é fácil, legal, Punk Rock e também porque tivemos a participação do saxofonista Scott Pager que já tocou com o PINK FLOYD! Além do quê, tocar com Gene e Paul sempre é legal, pois eu sei bem o que eles esperam de um baterista, de um som de bateria. Musicalmente nós nos entendemos muito bem mesmo.

O que você anda fazendo atualmente no campo profissional e quais são seus planos futuros?
ES: Eu tenho estado muito ocupado ultimamente. De setembro à dezembro do ano passado estive em turnê com ALICE COOPER, esse ano estive em Londres tocando com Roger Taylor e Brian May do QUEEN, toquei ainda com RONNIE MONTROSE e semana passada terminei de gravar o novo disco de ALICE COOPER. Eu vivo um dia por vez, tipo, hoje estou aqui no Brasil, este fim de semana estarei com vocês nas duas edições da Expo, semana que vem estarei voltando para ALICE COOPER e farei a tour de verão (no hemisfério norte) com eles.

Como rolou a sua participação no projeto AVANTASIA? Eles te mandaram as fitas ou você gravou jutamente com os outros artistas em estúdio?
ES: Tobias Samet do EDGUY me mandou as fitas pelo correio com a música que eu teria de gravar, eu gostei, gravei e devolví, e foi só!

Com Antonio - Tutú Simmons (DESTROYER KISS COVER)
Gostaria de saber de quem você gosta mais, Gene ou Paul? (N do R: nessa hora todos começaram a rir da pergunta feita por um dos fãs presentes... acabou descontraindo bem a coletiva....)
ES: Eu gosto do Antônio! (N do R: mais risos pois Antônio a que ele se referiu é o Tutú Simmons da banda DESTROYER KISS COVER, que organizou todo esse evento.)   Falando sério, todo mundo tem defeitos e qualidades e com Gene e Paul não é diferente. O que eu gosto mais neles é que eles trabalham muito, o tempo todo, mas tem coisas que sinceramente eu não concordo!

Eric, o que você tem ouvido recentemente?
ES: Gosto muito de QUEENS OF THE STONE AGE, FOO FIGHTERS, AUDIOSLAVE também é legal, independente se ser Heavy Metal ou Hard Rock, essas são bandas de Rock and Roll de verdade e eu gosto delas.

Sobre o “Carnival of Souls”, sabemos que você e o Bruce Kulick foram os que mais trabalharam neste disco. Você acha que se Gene e Paul se fizessem mais presentes nele, o disco teria saído com uma sonoridade mais próxima do KISS?
ES: Eu não sei, isso é só especulação, nunca saberemos, pois foram Gene e Paul que escreveram as músicas, mas eles estavam muito preocupados com a turnê de reunião naquela época (1996). Então nunca saberemos o que teria acontecido se eles estivessem lá. Eu não gosto daquele disco, ele nem é ruim.... mas não é KISS!
 
Com o KISS nas sessões de "Carnival of Souls" em 1995
Quais bandas brasileiras você conhece e os bateristas, de qual você gosta mais?
ES: Bem, eu não estou familiarizado com as bandas daqui, mas me lembro vagamente das que abriram o 'Monsters of Rock' em que o KISS tocou em 94 como o ANGRA.

Qual o melhor disco do KISS na sua opinião e qual você mais gostou de gravar com a banda?
ES: Eu adoro o “Revenge” que eu gravei, onde eu pude trabalhar com o produtor Bob Ezrin e o meu favorito mesmo é o “Dressed to Kill”.

Os fãs têm visto com uma certa reserva Tommy Thayer usar a máscara do Ace Frehley. Você sentiu algum problema com o público quando você usou a do Peter?
ES: Uma coisa que aprendi tocando com o KISS é que não há como agradar a todo mundo, sempre existe um que não vai gostar. No caso do Tommy talvez as pessoas não tenham gostado por ele nunca ter estado na banda. Eu não, já que como eu estive na banda um dia então a resposta não foi tão ruim, mas o Tommy apesar de ser um grande músico teve um pouco de problemas a mais. Mas você é livre e pode escolher se gosta ou não e aí não compre, não ouça, faça o que você gosta. KISS é Gene e Paul... Nunca diga nunca quando o assunto é KISS, até eu me surpreendo! (risos)


Você gravaria um tipo de música que você não gosta ou com um artista que você não gosta por dinheiro?
ES: Eu sempre tive a sorte de tocar com artistas que gosto, às vezes toco em tributos com outros artistas, a música pode não ser a que mais gosto, mas mesmo assim eu gravo porque o meu negócio é tocar bateria e tenho sorte de poder ganhar dinheiro tocando com quem gosto!

O que você acha de Neil Peart do RUSH?
ES: Neil Peart é uma lenda viva! Vi-o tocando com o RUSH em 1974, abrindo para o KISS, logo que ele entrou para a banda. Nos anos 70 ele era um Deus e influenciou todo mundo e comigo não foi diferente. Não pensamos em tocar juntos, pois temos carreiras diferentes.

Você gravou algo no disco “Psycho Circus” de 98 com dizem boatos por aí?
ES: Não! Foi um cara chamado Kevin Valentine, que é meu amigo desde o tempo da escola. Ele tocou no disco todo, com exceção de ‘Into The Void’, que foi o Peter Criss quem gravou. (N. do R: na Kiss Expo, Singer afirmou ainda que foi ele quem apresentou Valentine para a banda).

Você tem vontade de voltar a tocar numa banda como membro oficial?
ES: O grande problema de fazer parte de uma banda como membro oficial é o dinheiro. Se você é parte dela, você tem direito a um percentual que ela não está disposta a pagar, então eu sou como uma companhia qualquer, um músico que é pago para tocar, um empregado, mas isso tem aspectos positivos como a liberdade de sair a qualquer momento. Essa liberdade talvez valha mais que qualquer dinheiro!

  (Esta entrevista foi originalmente publicada em 2003 no site Choose Your Side, hoje fora do ar, no site do Coda On Line em www.codaonline.com.br e também fez parte do fanzine brasileiro “KISS World” número 23.)

Na hora do 'Parabéns'


Adicionar legenda

Simpatia à prova de tudo.

Fotos: Arquivo pessoal e Eduardo Maia - CODA ON LINE
Por: Alexandre WildShark


domingo, 22 de setembro de 2013

15 ANOS DE "PSYCHO CIRCUS" - O Disco.

  


  Há exatamente 15 anos atrás era lançado o tão aguardado disco da reunião da formação original do KISS!
  "Psycho Circus" era o primeiro disco que trazia os 4 mascarados originais (ao menos na capa) desde 1980 quando lançaram "Unmasked" e isso gerou uma expectativa acima da média naqueles deprimentes anos 90.
  Tudo começou nas famosas KISS EXPO nos idos de 94 e 95 quando Gene Simmons e Paul Stanley, no auge da carreira sem máscara, curtindo a ressaca de "Revenge" e "Alive III" começaram a convidar vez por outra Peter Criss ou Ace Frehley a participarem destas enormes convenções para fãs. Com esses encontros esporádicos surgiram os boatos de uma reunião da formação original com maquiagens e tudo o mais, como nos 70's. E eis que em 1995 a MTV anuncia um show do KISS no seu programa de sucesso "MTV Unplugged" e nesta data eles 4 finalmente se reuniram num enorme sucesso que rendeu no ano de 1996 o anúncio da tão falada tour de reunião e no ano e meio seguinte eles tocaram e idealizaram o disco que viria a ser lançado no dia 22 de setembro de 1998.
  11 dias depois eu já estava com o meu tão sonhado e aguardado "Psycho Circus" importado e com a capa em 3D nas minhas mãos.
  Ouvi tanto esse play que decorei cada, nota, cada frase, cada palavra, cada letra, cada suspiro de cada canção.
  Todos sabem qual é o play-list, mas eu vou falar o que eu acho sobre:
1 - 'Psycho Circus' a faixa título abre o disco com uma musiquinha de realejo, aquelas que lembram mesmo um circo de horrores e meu, que espetáculo vem à seguir com Paul Stanley a plenos pulmões, nos arrepiando com sua bela performance, inclusive ao vivo.
2 - 'Within' traz o demônio à tona e Gene tenta recriar aquele clima soturno que só ele sabia fazer. Na turnê 'Psycho Circus Live 3D Tour' essa música tomou o trono de 'God of Thunder' e fazia Gene voar e vomitar sangue, mas não funcionou nas próximas tours, voltando 'God of Thunder' ao seu posto que vez por outra cedia lugar a 'I Love it Loud' também.
3 - 'I Pledge Allegiance to the State of Rock and Roll' é uma maravilha onde Paul jura eterna devoção ao Rock and Roll bem ao estilo americano de patriotismo, mas aqui o estado é bem mais viável. Puta som, Puta performance do Starchild!
4 - 'Into the Void' trouxe diretamente do espaço de volta o nosso guitarrista-espacial predileto, Space Ace cantou como antigamente e esta se tornou a faixa que ele usou no seu vôo espacial ao vivo, no lugar de 'Shock Me' durante a turnê. Digna de nota.
5 - 'We Are One' é a mais radiofônica das faixas deste play. Com Gene Simmons cantando a bela melodia que honrava a máxima dos "4 que são 1", unindo Demon-Starchild-Space Ace e Catman na unidade KISS de força, como nos quadrinhos que foram lançados inspirados nesta saga. Vale muito a pena ter esta canção no seu playlist do dia-a-dia.
6 - 'You Wanted the Best' aquela famosa frase que todo Kissero sabe de cor virou um outro hino desta fase, sendo louvável justamente pelo fato de que tem os 4 cantando juntos e anos depois ficamos sabendo que esta foi a única canção que os 4 gravaram juntos neste disco. Sim, mais pra frente eu conto essa.
7 - 'Raise Your Glasses' é outra que me emociona. Esse disco poderia ser uma espécie de álbum conceitual sobre auto-ajuda ou autoestima Kissera, afinal, as letras estão de matar e as interpretações também, principalmente se tratando de Paul Stanley.
8 - 'I Finally Found my Way' foi a tentativa de Peter Criss repetir o sucesso de 'Beth', claro que isso nunca aconteceria, mas não deixa de ser uma bela balada emotiva ao piano com o impecável vocal do Gato que já não tocava mais como antes, mas sua voz, superava esses pormenores físicos.
9 - 'Dreamin' foi a polêmica do disco. Composta por Stanley e Bruce Kulick (ex-guitarrista da banda, como todos sabem) ela foi acusada de ser uma espécie de plágio de 'Eighteen' de ALICE COOPER, mas, apesar de tudo, eles se acertaram na surdina, o KISS e tia ALICE e deixaram a imprensa sensacionalista no vácuo e os fãs com mais uma bela canção interpretada genialmente por Starchild.
10 - 'Journey of a 1,000 Years' fecha o disco com uma canção não muito comum para Gene interpretar. Cheia de reflexões e indagações filosóficas, ela é atmosférica e parece que te leva mesmo à uma jornada por dentro da alma do cara por trás da máscara de demônio mais famosa do mundo.
Encartes das duas edições, acima a original e abaixo a nacional com capa simples.
   Anos depois, mais precisamente em 2002 e 2003 vários escândalos surgiram na imprensa alegando que os 4 originais não gravaram o disco todo e sim vários músicos de estúdio contratados, entre eles os ex integrantes Eric Singer (bt) e Bruce Kulick(g) o que foi prontamente desmentido pelo próprio Eric quando veio ao Brasil em 2003, dizendo que ele próprio não gravou nada e sim um velho amigo dele chamado Kevin Valentine que gravou quase  todas as partes de bateria do disco, com exceção de 'Into the Void' e 'Journey...' que Peter mesmo gravou. Mas Bruce sim gravou tres, 'Within', 'Journey...' e 'Dreamin'.
  as únicas que contou com os 4 juntos foram 'You Wanted the Best' (com Peter somente nos vocais, deixando os tambores para Kevin) e 'Into the Void' de Ace Frehley que fez questão de ter o amigo de longa data nos tambores, talvez isso explique tudo.
Encarte da Mcfarlane Toys que vinha juntamente com os bonecos inspirados nas HQs do disco.

  O disco ainda foi lançado no Brasil no ano seguinte nas vésperas do show do KISS em Interlagos/SP (que ocorreu na fria noite de sexta-feira 17 de Abril de 1999) numa edição exclusiva pro país, dupla, ela vinha com um CD extra com 6 faixas gravadas em dezembro de 98 em Indianápolis, uma pequena amostra do que os brasileiros poderiam esperar deste show, mas a capa que era a mais legal veio simples pro nosso país, sem nenhum efeito de 3D. Brasil sempre ficando pra trás.
"Psycho Circus" gringo e nacional.

Disco bônus na edição brasileira.

  O disco contou com a produção de Bruce Fairbairn que veio a falecer no ano seguinte exatamente um mês após o show no Brasil, 17/05/99 de causas não divulgadas.
  Goste você ou não deste disco lançado ainda pela Mercury/PolyGram que seria comprada em 1999 pela Universal Records, temos que admitir que ele tem um lugar especial na discografia desta instituição artístico-finaceira chamada KISS e um especinho também exclusivo nas prateleiras do KISS ARMY e seus soldados, ainda mais os brasileiros, pois foi este disco que trouxe a formação original pela única vez ao Brasil.
  Parabéns "Psycho Circus" pelos seus 15 anos de sucesso, parabéns KISS ARMY! 


Memorabília da época do show no Brasil


Box limitado da época com VHS, óculos 3D e CD extra.

CDs, full-lenght e singles, várias versões.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Tarde de Autógrafos com Andi Deris e Michael Weikath (HELLOWEEN) 05/04/2003 - São Paulo/SP (Galeria do Rock)



  Há exatos 10 anos comecei a escrever para sites de Rock em geral na internet, comecei sendo convidado do Fábio ‘Kill’ de Poços de Caldas/MG para integrar o Cast de colaboradores do seu (já na época) veterano site/fanzine Choose Your Side e pouco tempo depois já estava escrevendo para o site A Barata do também lutador e veterano Luiz ‘Barata’ Cichetto de São Paulo. Dois anos depois ingressei no site Rock On Stage do amigo Fernando Junior de Espírito Santo do Pinhal/SP até que por fim, em Dezembro de 2011 resolvi abrir a TOCA DO SHARK (que na verdade era o nome da minha coluna n’A Barata’) e desde então escrevi muuuuitas matérias, entrevistas, releases, resenhas, coberturas de shows, entrevistas, etc... que aos poucos vou ver se republico aqui na TOCA as que eu achar mais legais e interessantes, haja visto que muito do que escrevi hoje, encontra-se fora do ar (com excessão dos do Rock On Stage, que o brother Fernando ainda mantém no ar).
  E uma das matérias mais legais e loucas que fiz, recentemente completou 10 anos e foi a Tarde de Autógrafos com Andi Deris e Michael Weikath do HELLOWEEN na Galeria do Rock em SP que cobri pro Choose Your Side.
  À seguir vocês poderão saber como foi essa tarde inesquecível:
(Materia originalmente publicada em www.cyszine.com – Choose Your Side)

'HAPPY HAPPY HELLOWEEN... HELLOWEEN... HELLOWEEN!... HAPPY HAPPY HELLOWEEN... OH OH OH OHHHHHH...' 

  Esse é o coro que sempre é bradado a plenos pulmões pelos fãs 'die hard' dessa que é sem dúvidas a banda alemã que criou este estilo chamado de Heavy Melódico! E foi justamente o fundador do HELLOWEEN, Michael Weikath e o vocalista Andi Deris que estiveram em terras 'verde-e-amarelo' para o lançamento de seu mais novo CD “Rabits Don't Come Easy” (que por sinal, tá um cacete só.), a sair agora em maio. (N.doR.: no caso em maio de 2003)
  Mas antes, cabe aqui eu contar como foi que eu consegui entrar nessa ‘barbada’:

  Estava eu trabalhando na madrugada do dia 05 de abril de 2003 como de costume nos estúdios da Rádio na qual eu era locutor e dando uma sapeada na internet quando me deparo com a notícia da tal ‘Tarde de Autógrafos’ e me dei conta de que seria nesse mesmo dia à partir das 15hs. Mas eu estaria em Sampa para cobrir a festa de anviersário da casa de shows Led Slay que contaria com shows das bandas 1853, EXXÓTICA, HARPPIA e SALÁRIO MÍNIMO, ou seja, era só ir mais cedo pra Sampa. Mas tinha um problema, só poderia estar presente na Tarde de Autógrafos quem tivesse uma tal senha que a loja patrocinadora, a Die Hard, distribuíra durante a semana que antecedeu ao evento e eu não tinha a tal senha.
  Cheguei em casa 6:00hs, acordei 8:30hs e passei a mão no telefone, ligando para a loja Die Hard na Galeria para ‘negociar’ uma senha. Atendeu um cara bem educado chamado Fausto para quem eu pedi informações sobre o evento e expliquei que não tinha senha, ele me passou para uma moça também extremamente atenciosa chamada Mariana a quem eu repeti toda a história de que eu era um fã-nático pelo HELLOWEEN e que morava no interior de SP, mas estava indo pra lá naquele momento e que precisava dessa tal senha. Mariana entendendo meu lado me deu as coordenadas: “O evento começa às 15:00hs, você precisa estar aqui até uns minutos antes para pegar a loja aberta, daí me chama discretamente no canto do balcão e eu já saberei que é você, pois tem muuuuita gente querendo até pagar por uma senha dessas que já estão esgotadas, mas algumas ainda estão esperando virem buscá-las aqui na loja. Se alguém não aparecer eu te dou a senha.”
  Mais que imediatamente fui pra rodoviária pegar um busão pra Sampa, mas com percalços pelo caminho cheguei lá 30 minutos atrasado e com a loja em vias de fechar. Bati no balcão em cima da hora e mesmo assim Mariana super-atenciosa me deu a tão disputada senha, rumei pra cobertura da Galeria rasgando pelas escadas.

(À partir daqui o texto original publicado em 2003 pelo Choose Your Side)

  Andi e Michael cumpriram alguns compromissos com a imprensa local e fizeram duas tardes de autógrafos, uma em São Paulo e outra em Santos, e foi nesta em São Paulo, mais precisamente no 5º andar da histórica Galeria do Rock que marcamos presença:
  Era sábado, 05 de Abril de 2003, às 15:00hs começava a 'Tarde de Autógrafos do HELLOWEEN' organizada pela loja Die Hard da própria Galeria. Para participar desse evento era preciso estar portando uma senha que foi distribuída na própria loja durante a semana que antecedeu o evento. Eram mais de 300 fãs naquela enorme fila que começava nas escadarias do 3º andar e se estendia pelo andar de cima e no 5º também... É certo dizer que hoje em dia o HELLOWEEN está mais para um Hard Rock bem crú e selvagemente pesado do que pro estilo enfadonho que se tornou o Heavy Melódico nos últimos anos... Me desculpem os fãs do estilo, mas temos que admitir que quem sabe fazer mesmo são os pais da matéria como IRON MAIDEN (em alguns casos), GAMMA RAY (filhote direto do próprio HELLOWEEN) e o HELLOWEEN, entre poucos outros casos...
  Todos só queriam uns minutinhos em frente aos seus ídolos, um rabisquinho deles em alguma 'memoriabília' (tinha de tudo, cds, vinís, pôsteres e até guitarras...) e , talvez, uma 'fotinhu' ao lado dos alemães pra guardar de recordação daquela que seria a tarde mais importante da vida de muitos alí. Ah! E tudo isso com o novo play como trilha de fundo, pra nós já irmos conhecendo o novo cacete que vem por aí, com as bateras de Mickey Dee (MOTÖRHEAD) falando alto! Ao todo, só eram permitidos 3 autógrafos a cada fã...nem unzinho a mais... A imprensa especializada do Brasil estava em peso, eram zines, revistas de porte internacional, sites (e nós no meio claro...) etc... 

  Eu, apesar de estar representando o site (Choose Your Side), estava mais como fã do quê tudo, afinal, pense comigo: Sou fã da banda desde meus 16 anos, quando os ví pela primeira vez ao vivo (no finado 'Phillips Monsters of Rock' de 96), a partir daí, fui em todos os outros 2 shows no Brasil, tenho vários CD's , Vinís e Camisetas, (tudo oficial), então, a minha recompensa por todos esses anos de dedicação estava aí, um autógrafo (um não, uns 4, foi isso que descolei com meus cambalachos...) e uma foto com eles, é tudo o que eu mereço, não é mesmo? Assim, eu cheguei lá, com meia hora de atraso ( ser pobre é uma m***da!) ,ou seja, 15:30, dalí em diante começava a jornada naquela 'pusta' fila, onde se via fãs com camisetas e ítens dos mais variados referentes à banda, lá pelas tantas, antes d'eu subir pro último andar, os seguranças liberaram as pessoas que estavam sem senha, saí de lá às 17:30.Resumindo, 2 horinhas que passaram bem rápido...
  Era permitido somente dois itens para serem autografados, mas eu já levei vários encartes de CDs e como fiz amizades com algumas pessoas que tinham apenas um único ítem em mãos, consegui que elas levassem algo meu também para ser autografado e assim consegui 4 CDs autografados, os encartes de “The Time of the Oath”, “Better Than Raw”, “Treasure Chest” e “Metal Jukebox”.
Aqui 2 itens autografados naquela tarde: "The Time of the Oarth" e "Treasure Chest"
  Ao nos aproximarmos da mesa onde se encontravam Andi e Michael, avistava-se uma folha branca colada na parede logo atrás de Michael escrita à mão, “Não usar Flash” e sendo Michael o único de óculos escuros e com aquela cara azeda dele e temperamento conhecido de todos, logo se via que poderia ser órdens dele. Ao contrário de Weiki (como é chamado pelos fãs Michael Weikath), Andi, que vestia uma camiseta do tributo ao KISS “Creatures of the Night” do qual o HELLOWEN fez parte, estava súper bem humorado e solícito aos fãs. Por essas e por outras pedi para a menina que iria bater a minha foto que focasse somente em mim e Andi Deris, ignorando o mal-encarado Weikath.


  Quando foi minha vez, pedi a Andi permissão para ir atrás da mesa tirar uma foto com ele, o que ele prontamente atendeu, ao rodear a mesa o segurança (que mais parecia um cover do Igor Cavallera) me barrou e Andi interviu deixando eu passar, me deu um abraço, elogiou minha camiseta oficial do “Better Than Raw” e fez o tradicional ‘Maloik’ pra foto ao meu lado. Mais uma vez me agradeceu e eu o agradeci também antes de sair dali. Tem gente que nos enche de orgulho de sermos fãs deles né?
  No final, tenho que agradecer muito à Mariana e ao Fausto da loja Die Hard que me descolaram aquela senha na maior camaradagem...valeu mesmo! 
Encarte de "Metal Jukebox"


Fotos do encarte de "Better Than Raw"
  Agora posso continuar cantando 'HAPPY HAPPY HELLOWEEN...HELLOWEEN...HELLOWEEN!... HAPPY HAPPY HELLOWEEN...OH OH OH OHHHHHH...' 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PEDRA - Uma banda a ser conferida e prestigiada sem moderação!



  Em 15 anos de atividade como entrevistador nesse mundo do Rock and Roll, seja em Rádio, impresso ou em web, sempre dei preferência para entrevistar o artista ao vivo (ou por telefone), com gravador em punho e vendo as expressões, sacando ‘coelhos da cartola’ durante a entrevista ( leia-se: fugindo da pauta conforme a conversa caminha, podemos expandir o bate-papo) e tudo o mais. Mas nem sempre é possível ou viável (fisicamente) a entrevista acontecer assim e com o advento das redes sociais e e-mails podemos nos aproveitar dessas ferramentas on-line para entrevistarmos artistas das mais diversas regiões geográficas do mundo.
  Por tanto passei a usar entrevistas via e-mail faz uns bons anos para não perder de entrevistar verdadeiros artistas que valham a pena. No caso do PEDRA, fiz via e-mail e PELA PRIMEIRA VEZ em todos esses anos o resultado (para mim) foi mais do que satisfatório e acima da média em questão de interação. Ao receber o e-mail de resposta da banda com todas as perguntas respondidas, comecei a ler e acertar alguns detalhes de formatação e pontuações, mas de repente me senti como se tivesse numa sala de ensaio ao vivo com a banda toda presente, tamanha foi a espontaneidade e dinâmica presente nessa pauta, que na verdade, deixou de ser uma fria pauta em preto e branco para se tornar uma das melhores entrevistas que já fiz em 15 anos, e a melhor que fiz via e-mail.

  Talvez tudo isso seja resultado das personalidades e caráter de cada um dos envolvidos nessa matéria, talvez seja a vontade e alegria dos artistas ou a satisfação em responder as minhas perguntas, não sei, só acho... Um dia, ao vivo, num dos bastidores dessa infinita estrada esburacada chamada ROCK AND ROLL BRASILEIRO eu pergunte à eles e lhes passo a resposta... Por hora, deliciem-se com essas perguntas e respostas e espalhem aos 4 ventos que é sim possível criar algo de bom e real nesse meio.
  Obrigado Luiz Domingues (bx/v), Xando Zupo (g/v), Rodrigo Hid (t/v/g) e Ivan Scartezini (bt/v) por me proporcionarem essa incrível matéria. O SHARK agradece!

 PEDRA

TOCA DO SHARK - O PEDRA se formou das cinzas da formação século XXI da PATRULHA DO ESPAÇO que se separou em 2004 correto? Mas dessa época do primeiro disco vocês ainda não tinham baterista, gostaria de saber como se deu essa união embrionária dos três originais, Rodrigo Hid e Luiz Domingues que vieram da PATRULHA na época,  Xando Zupo (que também tocou na PATRULHA em 91 e mais tarde gravou com a sua banda BIG BALLS em meados de 96) e como chegaram ao baterista Ivan Scartezini?

LUIZ DOMINGUES - Quando eu deixei a PATRULHA DO ESPAÇO, em setembro de 2004,
recebi o telefonema de Xando Zupo, cerca de 20 dias depois de eu ter comunicado minha saída. Ele convidou-me para um novo projeto, onde a ideia era fazer um trabalho mais aberto, não se limitando ao nicho do Hard Rock e de cara essa proposta me interessou bastante, pois tenho outras raízes, além do Rock.
  Haviam outros músicos envolvidos nesse projeto embrionário, mas que acabaram não se fixando e foi aí que o Rodrigo Hid entrou, em dezembro do mesmo ano.
  O baterista Alex Soares gravou o primeiro álbum, mas não havia uma sincronicidade de idéias conosco, e portanto, convidamos o Ivan Scartezini, que já era nosso velho conhecido, visto que ele fora baterista do QUARTO ELÉTRICO, banda que abriu shows da PATRULHA DO ESPAÇO várias vezes.

RODRIGO HID - Em 2004, o Xando começou a ensaiar com alguns músicos amigos para dar
início a um projeto autoral. Algumas formações depois o Luiz ingressou no projeto (que ainda não tinha um nome), e na seqüência fui eu quem chegou. Já com o nome PEDRA, gravamos o primeiro clipe da música 'O Dito Popular' em 2005. Neste momento nossas músicas entram para a programação diária da rádio 107,3 FM (Brasil 2000) em São Paulo. O primeiro disco “Pedra” é lançado no início de 2006, com o Alex Soares como baterista convidado. A formação definitiva fechou quando convidamos o Ivan para ingressar na banda. Logo no primeiro ensaio, tivemos a certeza de que ele era o cara certo para o PEDRA. Foi com esta formação que fizemos nosso primeiro show em maio de 2006 na tradicional 'Feira de Artes da Vila Pompéia', em São Paulo.

XANDO ZUPO - A banda foi inicialmente formada por mim após lançar pela net o ZUPO & Z SIDES em 2003 e montar o Overdrive Studio em 2004 já com o intuito de voltar ao formato banda. Durante uns 3 meses busquei músicos e fizemos ensaios tentando achar a formação com melhor química. O Luiz Domingues foi uma indicação do Marcello Schevano (CARRO BOMBA) que soube que eu estava atrás de um baixista. A PATRULHA havia se separado e numa conversa telefônica ele me sugeriu que ligasse para o Luiz que andava com idéia de talvez parar de tocar e que, como todos nós sabemos, isso não poderia acontecer com um baixista do quilate dele. O Rodrigo Hid veio dois meses após por um convite do Luiz. Nós já havíamos gravado dois temas juntos no meu disco “Zupo & Zsides”, onde a PATRULHA inteira participou, então eu já sabia que a química iria funcionar. Alex Soares fez um grande trabalho no primeiro álbum e eu o conheço desde os tempos de BIG BALLS, é um baterista excelente, mas Ivan Scartezini é a personificação do que o baterista do PEDRA deve ser.

IVAN SCARTEZINI - Desnecessário mencionar a honra que é para mim ser amigo e parceiro musical desses caras, num trabalho tão ímpar como o do PEDRA. A "personificação do que o baterista do PEDRA deve ser" seria um "Baterista Pedreiro"?


T.S. - Qual foi a filosofia artística (se é que podemos dizer assim) que a banda definiu para uma identidade do PEDRA no momento da sua formação?

R.H. - Nossa proposta, naquele momento e agora, sempre foi fazer uma música livre de rótulos. Logicamente as influências pessoais dos músicos transparecem nas composições, e o som no geral acaba sendo enquadrado dentro de alguma vertente sonora.

L.D. - Como já mencionei de passagem, a proposta de uma música mais aberta, trazendo elementos extra-Rock, sempre permeou a filosofia da banda.
  Portanto, aliado ao Rock, que é a base de todos nós, temos doses generosas de Black Music (leia-se Soul, R'n'B e o "Funk de verdade"...), MPB, Folk predominantemente, e gotas de Jazz & Blues, em alguns aspectos.
  Acrescento que mesmo no aspecto "Rock", temos múltiplas influências. Não nos limitamos ao Hard Rock setentista, mas gostamos bastante de Psicodelia, Jazz-Rock, Progressivo, Soft Rock, Country/Folk Rock etc etc. E como diz sempre o Rodrigo, numa piada interna nossa: "Tudo acaba em BEATLES!"...

I.S. - A maneira como nós nos expressamos musicalmente, tocando nossos instrumentos é Rock, pela bagagem de cada um, sempre em bandas de Rock, e por sermos apaixonados por Rock obviamente. Mas a verdade é que  todos nós sempre ouvimos e gostamos muito de música, simplesmente! Enxergamos o PEDRA como uma banda de música. No PEDRA, instintivamente, sabemos (ou não?), quando é preciso "aplicar" algo que determinada canção pede, por termos escutado diversos outros estilos e gêneros.

T.S. - Vemos na musicalidade da banda uma grande gama de estilos que passeiam entre o Rock Clássico, Hard Rock, Progressivo, Blues, MPB, Pop e umas pitadas de Jazz entre outros temperos. Como vocês conseguem conectar tantas informações e sintetizar algo tão mágico como são as músicas do PEDRA?

R.H. - Isto é algo que flui naturalmente dentro da banda e  também creio que seja um ponto muito positivo para nós.

L.D. - Acho que pelo fato de gostarmos de tantos estilos musicais diferentes, naturalmente a nossa música adquire um colorido. Com tais ferramentas sonoras e estéticas, fica mais fácil pintar uma tela com grande profusão de possibilidades, no tocante às matizes.
  Gostei do termo que usou :"Mágico". Se existe uma magia, é a de que conseguimos transportar essa gama enorme de influências ao trabalho, mas sem, contudo, "copiar" as idéias alheias. O som do PEDRA tem sua identidade própria, ainda que um conhecedor de música consiga detectar as nossas múltiplas influências.

X.Z.: O que mais une o PEDRA artisticamente é exatamente a decisão de que com tantos estilos e músicas maravilhosas que a história produziu e nos alimentou a cabeça e alma principalmente durante o século XX, seria muito pouco querermos castrar essas informações em nome de qualquer coisa que não fosse a riqueza sonora. A intensidade da banda é sempre do Rock, mas a abrangência é muito maior e é assim que queremos estar... “Excuse us while we kiss the sky”...
Xando Zupo (guitarra/vocal)
 T.S. - Uma das coisas que mais chamam a atenção na curta discografia da banda são as
versões que vocês fizeram para músicas completamente lado-B da música brasileira como foi o caso de 'Filme de Terror' que abre o segundo play "Pedra II" do SÉRGIO SAMPAIO e a maravilhosa 'Cuide-se Bem' de GUILHERME ARANTES que foi gravada para sair no terceiro disco da banda que nunca saiu (até agora) e acabou sendo lançada naquela leva de singles que a banda disponibilizou pela internet em 2010. Conte-nos mais sobre essas versões.

Rodrigo Hid: Concordo que ‘Filme de Terror’ seja lado-B, porém discordo de ‘Cuide-se Bem’, pois esta foi um hit no Brasil, em meados dos anos setenta. Ambas são boas releituras de músicas maravilhosas. A versão de ‘Filme de Terror’ foi sugestão do Xando e a de ‘Cuide-se Bem’ foi minha.

X.Z. - As versões que gravamos são menções a algumas de nossas referências.
  Funcionam além de como uma homenagem a alguém que a gente respeite,como um:
- Olha aqui, pessoal ! Vcs conhecem isso?
  Algo que deveria ser a essência de quem está na noite, apresentar sons diferentes e novos mesmo que não autorais e não ser uma Jukebox humana. Interpretar músicas e não Xerocar mecanicamente. Particularmente eu sempre adorei tocar músicas dos outros e odeio o termo "cover". 

I.S. - Legal ver como essas duas músicas já funcionaram com a banda desde as primeiras passagens.

T.S. - Ainda sobre esses singles lançados via web em 2010, foram lançados 5 ao todo: 'Só', 'Cuide-se Bem', 'Mira', 'Pra não voltar' e 'Queimada das larvas nos Campos sem fim'. Era pra ser um disco físico ou era pra web mesmo? Afinal, após esses singles a banda deu uma pausa precoce na carreira e ficamos sem muitas informações sobre o ocorrido?

R.H. - Os cinco singles fariam parte do terceiro disco da banda. Mesmo com a pausa, esta idéia permanece a mesma.

L.D. - A idéia original de 2010, era que essas cinco canções citadas por você, e lançadas em forma de singles na internet, servisse como avant-premiére do terceiro álbum.
  Infelizmente, a banda entrou numa fase difícil, com escassez de oportunidades para se apresentar ao vivo e em condições legais, isso gerou um desgaste interno.
  Quando surgiu a iniciativa da volta em 2012, o plano foi retomado, e acrescento que fora os cinco singles lançados, tínhamos três músicas gravadas a mais.
  Portanto, com oito músicas da safra 2010, mais uma série de novas que surgiram no pós-2012, estamos a todo vapor preparando o terceiro disco, enfim.
Luiz Domingues (baixo/voz)
T.S. - Voltando no ano de 2007, como surgiu a idéia da HQ desenhada por Diogo Oliveira
onde veio encartado o disco "Pedra II"? Diga-se de passagem, uma obra prima das artes gráficas.

R.H. - Obrigado pelo elogio. A idéia do HQ partiu da banda e do próprio Diogo, que a executou com maestria e genialidade.

L.D. - O Diogo já havia participado de shows ao vivo conosco, fazendo intervenções sensacionais como artista plástico. Sabíamos de muito tempo, que ele era genial, aliás, também como músico, pois toca vários instrumentos com maestria, sendo a guitarra, sua especialidade.
  Já na época do primeiro disco, eu havia colocado a idéia de nós produzirmos fotos
da  banda, fazendo alusões às músicas. Isso não é uma idéia original minha, basta
fazer uma pesquisa e rapidamente se levanta uma série de capas nessas circunstâncias (de memória, lembro do "War Child", do JETHRO TULL - refiro-me à contracapa; "Live Evil", do BLACK SABBATH, "Moving Pictures", do RUSH, etc).
  Mas acabou não vingando, pois demandaria um tempo para a produção, e não houve
meios na época. Quando surgiu o “Pedra II”, retomamos a idéia, só que com ilustrações, avançando, no formato HQ, e com uma história permeando a ação, mediante o teor das letras das músicas (OK, sabemos que o"Too Old To Rock'nRoll, Too Young to Die", do JETHRO TULL e o "Victoria" do THE KINKS são nessa onda, mas nunca dissemos ser uma idéia inovadora) .
  Claro, só demos o mote e toda a criação ficou a cargo da criatividade do Diogo Oliveira, inclusive com a criação do personagem ‘Jefferson Messias', que virou uma espécie de eminência parda ou mascote, sei lá...

I.S. - Diogo "Hipgnosis" Oliveira.

Capa da HQ e CD "Pedra II" by Diogo Oliveira
T.S. - E a parceria fechada com o ativista cultural Antonio Celso Barbieri na criação das montagens/clipes das canções 'Projeções' e 'Longe do Chão'?

X.Z. - Conheci o Barbieri durante minha passagem pelo HARPPIA. Ele produziu uma tour da banda em 1987 dentre várias produções de shows de Rock nos anos 80.
  Em 2007 voltamos a nos falar pela net para uma entrevista para o site dele, “Barbieri Memórias do Rock”, sobre essa tour (do HARPPIA em 87). Ele conheceu o trabalho do PEDRA, gostou e produziu esses dois videos. Foram lançados em 2007. Infelizmente tivemos discordâncias quanto à maneira como os videos foram postados nesse período e tanto nós quanto ele retiramos os mesmos de circulação.
  O tempo passou e, apesar das divergências que houveram, sempre nutrimos um respeito mútuo. Recentemente ele os postou novamente no You Tube da maneira que ambas as partes aprovam e estamos felizes que estejam de volta ao ar, pois sem dúvida são muito bons.

L.D. - Foi uma iniciativa dele, Barbieri, e claro que curtimos muito. No caso do clipe de ‘Longe do Chão’, ele comprou os direitos de um video experimental chamado "Android 207", de um artista plástico e performático, chamado Paul Wittington, e o assombroso nessa dinâmica, foi que o Barbieri teve que fazer ajustes mínimos de edição, pois o video parecia ter sido feito sob encomenda para a música ou vice-versa.
(N.doR: Veja o clipe em http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2013/07/banda-pedra-longe-do-chao-2008.html)
  No caso de ‘Projeções’ a criatividade do Barbieri foi a de usar as ilustrações de Diogo Oliveira.

R.H. - O vídeo de 'Longe do Chão' foi baseado na animação “Android 207”, do artista canadense Paul Whittington. Barbieri, que vive em Londres há 20 anos, foi um produtor muito ativo nos anos 80 no Brasil, e foi nessa época que conheceu o Xando e o Luiz. Ele adquiriu para a banda, os direitos de uso do vídeo em todo Brasil. A animação foi então reeditada por ele em Londres e enviada para nós, que a recebemos de forma inesperada. Adoramos o presente. Mas o melhor ainda estava por vir: o clipe tornou-se destaque no "You Tube Brasil", atingindo a incrível marca de mais de 100.000 visitas em pouco mais de um mês! Na sequência ele veio com um clipe de ‘Projeções’, baseado em uma montagem de recortes do HQ de "Pedra II".

Recorte da HQ do "Pedra II"
T.S. - Outra parceria de vocês que eu gostaria que fosse mencionada aqui também é com
o músico e compositor Cézar das Mercês (lenda viva que fez parte da banda O TERÇO no início da carreira).

L.D. - Só tenho a dizer, que para mim, é uma honra tê-lo como parceiro do PEDRA. O Cézar é um raro exemplo de um artista que eu admirava e que além de virar amigo, descobri que é gente boa demais. Rodrigo Hid esclarece melhor como aconteceu a nossa aproximação.

R.H. - O Cézar é uma pessoa sensacional e um grande músico e compositor, todos o admiramos. Nos conhecemos em 2006, e de lá pra cá nos tornamos amigos e parceiros, estando envolvidos em diversos projetos, com destaque para o nosso show "multimídia", realizado no Centro Cultural Vergueiro em fevereiro de 2007. Cezinha é também nosso parceiro em duas músicas: ‘Jefferson Messias’ do “Pedra II” e também em ‘Luz da Nova Canção’ que fará parte do novo disco "Fuzuê".
  
X.Z. - Cezinha é SuperB. Simples assim.

I.S. - Monstro da Música Brasileira e um cara demais! Ótima companhia para se tomar uma garrafinha de vinho...Tinto.
Ivan Scartezini em meados de 2009
T.S. - Uma curiosidade de fã. A letra da música ‘Madalena do Rock'n'Roll’ é sobre alguém em particular ou sobre muitos 'alguéns' da dita cena do Rock Nacional?

R.H. - Kkkkk!! Ninguém em particular, e sim sobre muitos "alguéns"... rs!

L.D. - Xando Zupo é que a escreveu, e tem sua explicação mais precisa do que quis exprimir. De minha parte, interpreto como uma crítica ao Ego inflado de alguns artistas, que adotam um comportamento deselegante e inadequado, em minha opinião.

X.Z. - É tudo o que eles escreveram acima. Não é dirigida a alguém em especial, mas teve inspiração em alguém, sim. O filme que deu origem à série. Quem é? Não vou contar, jamais... hehehe
  Todo mundo tem de se policiar sempre para não virar uma ‘Madalena do Rock'n Roll’  que alterna ego inflado e auto comiseração em alguns momentos. É preciso saber viver, não ?

I.S. - Pô conta aí Xando.
   
Primeiro disco de 2006 - "Pedra"
T.S.- Para um futuro próximo o que podemos esperar do PEDRA?

R.H. - O disco novo, novos shows e outras novidades que estão por vir. O PEDRA está sempre rolando...

T.S. - Algo mais a mencionar? O espaço está aberto.

RODRIGO HID - Valeu Alexandre por você ser um grande incentivador da cena roqueira
brasileira. Beijos e abraços pro nosso público, e vida longa ao "Blog do WildShark".

Rodrigo Hid nas teclas
LUIZ DOMINGUES - Alexandre, que prazer interagir contigo nessa entrevista e compartilhar esse bate-papo com os seus leitores. Do PEDRA, espere muita música, sempre. Apareça nos shows !

XANDO ZUPO - A volta do PEDRA se fez por ter sido simplesmente necessário para nós,
que voltássemos a fazer as músicas. A banda gosta de produzir música juntos. Claro que toda banda tem seus altos e baixos, mas os motivos que fizeram a gente voltar a fazer música são tão verdadeiros como as pessoas que a gente espera que acompanhem o trabalho. A gente tenta do fundo do coração fazer música para quem quer ouvir música totalmente independente de qualquer outro fator que seja agregado ou embalado com ela hoje. Não é música para embalar alguma "atitude", "estilo", "postura" ou qualquer coisa assim. É música feita da melhor maneira que a gente consegue fazer e é apenas para embalar a alma e a estrada.
  Muito obrigado pelo espaço. Esperamos vê-los nos shows. Abração.

IVAN SCARTEZINI - Fiquem espertos com O PEDRA em seu caminho. Valeu, abração!







Rodrigo Hid atacando as 6 cordas


Matéria no Jornal da Tarde



Vendo essa sessão de fotos dá pra se ter uma idéia do porque "tudo sempre acaba em BEATLES" hehehehe

Rodrigo Hid, Luiz Domingues, Ivan Scartezini e Xando Zupo