quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

MUQUETA NA OREIA - "Blatta" (2013)


Artista: MUQUETA NA OREIA
Álbum: “Blatta”
Ano: 2013
Selo: Muqueta Records (www.muquetarecords.com)
Faixas:
1.       Signífer Lux (Intro)/
2.       Nova Era/
3.       Paranoia/
4.       Hardware, Software e Tupperware/
5.       Cabeça vazia/
6.       Imortal/
7.       Exú caveira/
8.       Excesso e Abundância/
9.       Meretrix (Intro)
10.   Primogênito de uma Meretriz/
11.   Obsesso/
12.   Opalão/
13.   Xamã/

BÔNUS:
14.   Muqueta News/
15.   Melô do Repolho/

  DÚ CÃO! Essa é a expressão mais palatável que vem à sua mente quando você termina de ouvir esse novo disco da banda de Hardcore MUQUETA NA OREIA.
  Um disco raivoso, técnico na medida certa, sem mi mi mis, sem frescuras, sem pormenores, é porrada na cara, desgraceira desenfreada e letras super inspiradas, detalhe, apesar dos vocais rasgados e guturais você consegue entender todas as letras sem necessidade de encarte para ler.
  Após a introdução temos a faixa ‘Nova Era’ claramente inspirada no roteiro da HQ que virou a série de TV à cabo mais assistida dos últimos anos, ‘The Walking Dead’, se não foi inspirada lá, a banda que me desculpe mas é exatamente o que vem à mente, muito apocalíptica a letra, assim como a seguinte ‘Paranoia’ que é uma continuação natural da anterior.

  ‘Hardware, Software e Tupperware’ tem uma letra que pode ser usada como inspiração de vida, contando a história de Zé Manuel, um boçal que levava uma vida medíocre numa rotina massacrante que atinge à praticamente todos os humanos que se adequaram ao Status quo. De longe a melhor do disco!
  ‘Cabeça Vazia’ também serve como destaque usando como base uma recorrente situação na sociedade norte-americana, onde adolescentes sempre surtam e saem matando à revelia.
‘Exú Caveira’ é um hilário Punk Rock que nos lembra a clássica banda GANGRENA GASOSA devido á letra, mas com total personalidade da MUQUETA NA OREIA mesmo.
  A banda MUQUETA NA OREIA não tem como ser resenhada simplesmente com um track-by-track ou o que seja. A banda formada por Ramires (v), Cris (bx), Henry (bt) e Bruno Zito (g) é aquele tipo de banda que o som e, principalmente, as letras falam por si só. Na verdade, ao invés d’eu ficar aqui escrevendo isso ou aquilo, eu deveria postar as letras das canções deles, isso sim despertaria a curiosidade de todos a ouvirem a banda, mas como não tem como eu fazer, irei fazer melhor, disponibilizando o link do Band Profile deles onde você poderá dar uma conferidinha no material antes de encomendar o seu: http://www.reverbnation.com/muquetanaoreia


  ‘Primogênito de uma Meretriz’, com esse singelo nome nem preciso explicar do quê se trata né? Mas, como nas anteriores, vale muito a pena prestar atenção na letra, uma verdadeira aula de Realidade sem meios termos, assim como a seguinte ‘Obsesso’.
  Em ‘Opalão’ o clima dá uma aliviada, afinal traz a descrição à lá BARANGA de um belo carango.
  Pra fechar o play temos ‘Xamã’ que é uma alerta ao que temos por vir em relação ao clima do planeta e a revolta da natureza sobre a raça humana, uma letra que deixa bem explícito que os compositores da banda não são alienados.
  Como bônus temos 2 ótimas faixas pra você, entre outras coisas, dar boas risadas. ‘Muqueta News’ nos remete ao comecinho dos anos 90 quando o SBT transmitia todo fim de tarde o jornal ‘Aqui Agora’ e tínhamos o impresso ‘NP’ nas bancas, o que desencadeou muita merda que vimos hoje em dia. E o derradeiro som ‘Melô do Repolho’ é só pra relaxar mesmo!
  Resumindo, você precisa ouvir esse disco que certamente é um dos melhores do ano ou quiçá do estilo em anos!



Contatos:

domingo, 15 de dezembro de 2013

DEATH AFTER DEATH (D.A.D.) "...infâmias..."


BANDA: D.A.D. (Death After Death)
DISCO: “…infâmias…”
ANO : 2013
FAIXAS:
1.       Todo Mijado/
2.       Ódio/
3.       Fedor/
4.       C.C.C./
5.       Desordem e Regresso/
6.       Troco/
7.       Daytona/
8.       Kallinger
9.       Lá vem o d.a.d./
10.   Heron/
11.   MPB/
12.   Tenor/
13.   Morte lenta e dolorosa nas mãos de um Assassino Frio, Sádico e Cruel/
14.   Schmoopie/
15.   Assassinato em Massa/
16.   My Sadistic Killing Spree (G.G. ALLIN cover)
17.   Heron (Versão Japonesa)


  Eita disco escroto!

  É assim que você poderá reagir à audição dessa banda carioca de Schatologic-Metal (o povo por aí adora criar um rótulo, criei um também, hahahaha).
  Formada anos atrás por Stressor (André Delacroix – baterista do METALMORPHOSE) na voz e Mr. Mal (Alex Voorhees – vocal do IMAGO MORTIS), a banda gravou o play com Stressor na voz, Luiz Gore no baixo, Mafe Musick (VISCERAL LEISHMANIASIS, ex-GREENCARDZ)na guitarra e Erick Fryer (UZÔMI, HC OFTERSHOCK e HORRIFICIA) na bateria, com produção do próprio Mr. Mal (Voorhees) e guitarras adicionais de Bruno Bin Laden (também das bandas UZÔMI e HORRIFICIA) e Petrus Terrificus (P.P. Cavalcante do METALMORPHOSE). (Nota: atualmente a banda segue como um trio)
  Baseado naquela linha retona do Hardcore, com um pouco de Splatter aqui, Metal ali, Punk acolá, old-school sempre e letras em português que tratam de tudo quanto é coisa que você possa imaginar, de assassinos e psicopatas até peido e mijo, passando por críticas contundentes à situação vergonhosa em que nosso país é administrado ou simplesmente diversão.
Mafe Musick (g)
  Destaco ‘Desordem e Regresso’, que diz na cara o que tá rolando, assim como ‘Assassinato em Massa’, aliás, meias palavras é o que não rola aqui nesse play, que joga a real na sua cara, caindo no seu colo como uma buchada assim que se leva uma facada na barriga, coisa que aliás é a temática de ‘Heron’, escatologia pura.
  O lado divertido está em ‘Todo Mijado’ que abre o play e em incursões minúsculas como ‘C.C.C.’, ‘Tenor’ ou ‘Schmoopie’ (bem a cara do S.O.D.) e ‘Lá vem o d.a.d.’, um sambinha maroto que zoa com a cara da galera.
  Ainda sobra um espacinho no play pra um tributo ao mestre da escatologia G.G. ALLIN, com uma versão de ‘My Sadistic Killing Spree’.
  No final da segunda versão de ‘Heron (Versão Japonesa)’ temos os fundadores da banda Stressor e Mr. Mal, num papo que elucida todas nossas dúvidas sobre a postura da banda, se ela realmente se leva a sério ou se está só tirando uma com a nossa cara.
  Procure sua cópia desse disco e descubra a resposta por si só.
Stressor (v)

Aqui rola um ‘tira gosto’ do quê te espera:
Contatos:
stressor_dad@hotmail.com


Stressor (v), Mafe Musick (g), Erick Fryer (bt)
DEATH AFTER DEATH (ou D.A.D.)

Erick Fryer (bt)

D.A.D. ao vivo!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

JACK SANTIAGO – O voo solo da Harppia!

  Era uma questão de honra para mim entrevistar Jack Santiago, um artista ímpar no cenário nacional, um frontman e cantor de primeira, o vocalista completo que qualquer boa banda sonharia em ter. O conheci pessoalmente por volta de 2002 mas não entrevistei ele na época, apenas conversamos um pouco nos camarins da saudosa Led Slay em São Paulo. Anos depois nos cruzamos no facebook e eu bem que tentei fazer uma entrevista on line com ele mas não dava certo nunca, mas, surgiu uma luz no fim do túnel chamada "Super Peso Brasil" e desta feita ele não me escaparia e assim foi, em menos de 10 minutos demos uma 'varrida geral' na carreira de Mr Jack Santiago!, Veja à seguir: 

Entrevista realizada em 8 minutos durante o evento “Super Peso Brasil”, realizado no Carioca Clube em São Paulo no dia 09/11/2013, pouco antes do show do SALÁRIO MÍNIMO que contaria com a participação especial de Jack Santiago.

TOCA DO SHARK: Vamos começar a revisitar sua carreira ao contrário, de hoje pra atrás.
Atualmente você mora em Santa Catarina, não mais em São Paulo. Você tem alguma banda ou projeto engatilhado por lá?
JACK SANTIAGO: Sim, moro em Santa Catarina atualmente e na verdade eu estava tentando reavivar uma banda aí, mas vamos dizer que atualmente eu estou com uma parceria com a banda MISTER TWISTED, uma banda de covers muito boa que tocam PICTURE entre outras,  banda muito boas e estamos fazendo músicas do HARPPIA também.

TS: Vocês vão fazer material próprio, algo inédito?
JACK: Então, estamos conversando sobre isso, pra ver se vai haver essa parceria, pois eu gostaria muito de reavivar aquelas canções minhas de 2000 como ‘Metal pra Sempre’, ‘Vampiros’ e ‘Medo da Escuridão’.

TS: E o PROJECT DRAGONS, você gravou uma música com eles, ‘Não Haverá Outro Amanhã’ e ficou nisso. Era um projeto de uma música só, não teve um futuro, o que rolou?
JACK: Na verdade, o Gabriel Fox é um fã que se tornou um amigo meu, um grande chapa mesmo, até falei com ele hoje antes de vir pra Sampa. A banda dele, o PROJECT DRAGONS continua, mas ela é uma banda mais voltada pra músicas de anime. Depois a gente montou o THELEMA que foi uma banda de curta durabilidade, tem algumas coisas postadas aí na internet e agora eles têm o RED ROCKS.

TS: E você tem algum material composto pelo HARPPIA da época de 2000 pronto pra ser gravado?
JACK: Sim, tenho pelo menos umas 10 músicas daquela época que pretendo ainda gravar, como as quais citei antes, ‘Vagando na Noite’ entre outras...

TS: Aliás, qual seria a pronúncia certa do nome da banda? HARPPÍA ou HÁRPPIA?
JACK: Pois é, do português correto seria Harppía, porém no nosso dicionário metálico é HÁRPPIA mesmo (risos)...

TS: Voltando a falar dessa época do HARPPIA, vocês ficaram cerca de 3 anos na estrada entre 2000 e 2003 fazendo vários shows, inclusive abrindo o show do GRAVE DIGGER até que surgiu o entrave dos direitos do nome da banda com o ex-baterista Tibério (N. do R.: que desde então até o presente momento segue com uma outra formação usando o nome) e a banda parou, como ficou decidido esse lance?
JACK: Na verdade, os co-fundadores são eu e o Hélcio Aguirra (guitarrista do GOLPE DE ESTADO e MOBILIS STABILIS), se alguém tinha direito sobre alguma coisa eram eu e o Hélcio, quem deu o nome pra banda foi eu, numa lista de 10 nomes que tínhamos ficou a minha sugestão, houveram brigas de ego, hoje está tudo bem, eu sempre tive amizade com todo mundo, mas o que eu acho é o seguinte: ‘O que é de alguém, é de alguém, pronto e acabou.’
  As composições sempre eram minhas ou do Hélcio, ele fazia as dele e eu as minhas, tanto que ‘Aqui na Terra’ que era do HARPPIA ele levou pro GOLPE DE ESTADO (última faixa do primeiro disco de 1986). Houve uma questão jurídica sobre isso também e não se chegou a consenso nenhum. Eu acho que eu fiz história, como cada membro da banda também fez e é o que é, como eu sou o que sou, cada um tem o seu valor e quem quiser tocar o HARPPIA toca o HARPPIA, se um dia me der na veneta de montar um HARPPIA em Santa Catarina ou onde quer que for eu também vou montar, se ficarem 2 HARPPIAs também não tem problema, mas na verdade no momento eu estou mais interessado em fazer algo solo.


TS: Sobre os primórdios do HARPPIA, diz a lenda que o selo Baratos Afins chamou vocês para fazerem parte do primeiro volume do “S.P. Metal”, mas o Luiz Calanca (proprietário do selo e loja de mesmo nome) achou que a banda era acima da média e resolveu que vocês iriam gravar um EP completo ao invés de só 2 faixas pra coletânea, isso é verdade?
JACK: Sim, é verdade. A vaga era do AVENGER e passou a ser nossa.

TS: As faixas instrumentais do disco “A Ferro e Fogo”, ‘Hárpago’ e ‘Incitatus’ eram pra ser instrumentais mesmo ou tinham alguma letra e por algum outro motivo saíram assim? (N. do R.: a pergunta pode parecer boba, mas vejam o encarte do disco, há algumas linhas explicando os nomes mitológicos das faixas).
JACK: As faixas instrumentais eram instrumentais desde o começo, são composições do Hélcio Aguirra e eu, particularmente achei na época que era meio complicado ter muita música instrumental num EP, mas eu vejo que já vinha dele as ideias do outro projeto que ele tem hoje só de música instrumental (MOBILIS STABILIS). Eu queria que o nome do disco tivesse sido “Salém”, mas o Hélcio fez tudo com mais rapidez e preferiu o título “A Ferro e Fogo” e eu vejo hoje que tinha que sair daquele jeito que saiu mesmo.
HARPPIA formação original com:
Tibério Corrêa (bt), Helcio Aguirra (g), Ricardo Ravache (bx), Marcos Patriota (g) e Jack Santiago (v)

TS: Hoje todo mundo sabe que a primeira banda a gravar um disco de Heavy Metal no Brasil foi o STRESS, mas, que o primeiro grande hino do Metal Nacional é realmente ‘Salém (A Cidade das Bruxas)’, o que você tem a dizer?
JACK: Concordo. Foi uma música que eu fiz às 03:00 da manhã. Abri um dos meus livros de Ciências Ocultas, eu tinha uma enciclopédia sobre o assunto, abri, dei uma lidinha e saí escrevendo. Veio melodia, veio tudo e eu também acho que é o grande hino do Metal Nacional, modéstia à parte, acho que a música é muito inspiradora, ela traduz tudo o que a gente sente sobre o assunto. Foi a primeira música que falou ‘naquela pessoa maléfica’, no seu nome dentro da música, sem satanismo, sem nada do tipo, no último verso eu ainda digo para que cada um ‘tire a sua própria conclusão’ e infelizmente, eu acho que só não gosta dela aquelas pessoas que são ignorantes perante o discernimento do que é o certo e o errado.
(Nota de Rodapé: Durante a execução deste clássico neste mesmo dia e local com a banda SALÁRIO MÍNIMO, Jack fez questão de me avistar em meio a numerosa plateia, cerca de 1000 pessoas, e apontar diretamente para mim ao cantar a frase “...tire você mesmo a sua própria conclusão...”, cheguei a arrepiar na hora, hehehehe)

TS: Voltando à atual situação do HARPPIA, você disse que não tem ressentimento de ninguém, que está tudo em paz entre os membros, isso ficou bem claro para nós fãs, durante o show do atual HARPPIA na Virada Cultural de 2008 (em São Paulo), quando o Tibério chamou todo mundo da formação original no palco, mais o vocalista Percy Weiss que o substituiu na banda nos anos 80, para tocarem ‘Salém’ todos juntos. O que você tem a nos dizer sobre aquele episódio?
JACK: Só faltou o Marcos Patriota (guitarrista da formação original da banda). Pra ele é bem difícil, ele mora na Europa e tem uma posição muito boa numa empresa multinacional e fica bem difícil pra imagem dele se associar a uma banda de Metal até.
  É bem complicado. Mas foi legal aquilo que rolou, pois deu pra colocar ‘os pingos nos is’, reunir, aparar os egos de todo mundo, o meu, do Hélcio, do Tibério, do Ravache e a gente voltar. Alguns outros pepinos surgiram depois, talvez alguns pepinos eu sempre venha a ter com o Tibério, mas eu tenho uma amizade com ele, ele toca HARPPIA, eu toco HARPPIA, a gente dividiu o estúdio no “BRASIL HEAVY METAL” juntos, eu dividi o palco com a esposa dele na guitarra, não tive problema nenhum com isso, não tenho e não terei. Se ele me chamasse e eu estivesse em São Paulo eu sempre iria atender. Só temos algumas divergências em relação à execução das músicas, de composição e de como isso dever ser feito no palco, e só isso. Isso nos mantém numa incompatibilidade de termos uma banda juntos hoje em dia. Mas, independente disso eu desejo muita sorte e muito sucesso ao que o Tibério está fazendo.
Jack Santiago pouco antes da entrevista ainda do lado de fora da casa.

Pouco antes do show com o SALÁRIO MÍNIMO no "Super Peso Brasil"

TS: Pra finalizar, o espaço é seu, alguma consideração final?

JACK: Quero mandar um abraço pro Hélcio Aguirra, e dizer que infelizmente nós até hoje não conseguimos realizar nosso projeto de Metal, que era a nossa ideia. Mandar um abraço pro Ricardo Ravache (ex-baixista do HARPPIA) e desejar sucesso pro CENTÚRIAS. Foi um prazer te encontrar aqui nesta festa, estou muito emocionado de encontrar todo mundo e pra finalizar aquela máxima: METAL PRA SEMPRE!




Em ação no "Super Peso Brasil" em 2013








Com o HARPPIA 10 anos antes (em 2003) abrindo um show do GRAVE DIGGER

Fotos: Rogerio Seiji Kubometal, Alexandre Wildshark e divulgação.