domingo, 23 de março de 2014

MUQUETA NA OREIA - Som pesado, letras inteligentes e alto teor de humor descarado!



  Recentemente postei aqui a resenha do mais recente CD da banda de Hard Core MUQUETA NA OREIA "Blatta" que lançaram no final do ano passado, o que me deu uma imensa vontade de entrevistar essa banda paulista e saber mais sobre sua história e detalhes do disco.
  Acompanhem à seguir os detalhes desse papo informal com a banda.

  TOCA DO SHARK: Vamos começar com uma pequena biografia da banda. Como ela surgiu, quando e onde? Quem são os membros?
  Henry: Primeiramente queremos agradecer pelo espaço e apoio dado pela Toca do Shark !
  Somos de Embu das Artes (SP) e estamos na ativa desde 2007. A ideia era de tocarmos cover de bandas pesadas como uma brincadeira entre amigos, mas logo que fizemos a primeira música própria sentimos que tínhamos um enorme potencial a ser explorado. Aí a coisa foi evoluindo e hoje já temos dois álbuns lançados. A formação é Ramires no vocal, Cris no baixo, Bruno Zito na guitarra e eu - Henry - na bateria.


  T.S.: Os vocais são divididos entre 2 membros ou o Ramires se vira sozinho?
  Cris: Apesar da voz principal ser do Ramires, a minha participação é constante em todas as músicas e isso varia muito de música pra música, porque algumas eu faço backing vocal e outras eu completo as melodias.

  T.S.: Sobre o novo disco, é o primeiro e porque o nome de “Blatta”?
  Bruno: Este já é o segundo. O conceito do disco é basicamente de que não são os mais fortes que sobrevivem, e sim aqueles que melhor se adaptam ao novo ambiente. "Blatta" vem do latim que significa barata, e o que fizemos foi um paralelo das bandas independentes e estes insetos, no sentido de que as poderosas gravadoras estão se enfraquecendo e os artistas independentes estão conseguindo se destacar e se multiplicar sem precisar de um centavo dessas corporações. As pessoas se assustam quando aparecem, por mais que você mate uma existem outras milhões, mas uma só já incomoda. Suportamos todas as situações adversas, entre muitas outras semelhanças, as baratas adoram cerveja!

  T.S.: As letras são o maior atrativo da banda, todas muito bem escritas e interpretadas para deixar o público bem a par da mensagem que a banda quer transmitir, quais são as fontes de inspiração tanto liricamente quanto instrumental da banda?
  Ramires: Todos temos influências muito diversas e acredito que a sonoridade do MUQUETA NA OREIA se deva muito a isso. Mas o ponto em comum entre todos sempre foi SEPULTURA, PANTERA e METALLICA.

  T.S.: ‘Nova Era’ foi baseada em ‘The Walking Dead’ ou não?
  Cris: Não. Foi coincidência. Inclusive a arte do álbum, que mostra Brasília (DF) toda destruída, foi elaborada  antes das manifestações e bem antes da morte do Niemeyer, outras coincidências...


  T.S.: Uma das que eu mais gosto do disco é ‘Hardware, Software e Tupperware’ graças à letra instigante. Vendo o nome da canção ninguém imagina o que vem a seguir. O personagem da letra é algum conhecido de vocês?
  Henry: Sim, somos todos nós, "inclusive você, você e todos você" (risos) ... pensem nisso!

  T.S.: E ‘Exú Caveira’, foi baseada em alguma experiência pessoal?
  Ramires: Essa é uma questão delicada, apesar do tom sarcástico, que sempre permeia nossas letras. Existem pessoas que usam forças da Natureza para o mal, mas como diz a letra, "quer um conselho: um espelho, o que vai, volta!"


  T.S.: Afinal quem escreve as letras?
  Ramires: A maioria sou eu. A parte instrumental sempre vem primeiro, depois crio a melodia, com palavras que nem existem, no "embromation" (risos), apenas deve soar bem. Depois em cima disso faço as letras de acordo com o que sinto que a música pede, sua intenção, o clima, entre outros aspectos mais subjetivos. E a inspiração vem do que a gente vive, lê, assiste, que nos atinge tanto externamente quanto em nosso interior.


  T.S.: Pra fechar, quem canta o ‘Melô do Repôlho’?
  Bruno: Minha avó! (risos) ... que também é avó do Ramires. Um dia ouvimos ela cantarolando essa música, que é dela, e tivemos a ideia de fazer uma brincadeira, uma espécie de marchinha de carnaval do Metal (risos). Lançamos no carnaval e acabamos colocando no CD como bônus.

  T.S.: Espaço reservado para mensagem da banda ao público.
  Cris: Obrigado a todos que dão apoio ao MUQUETA NA OREIA e ao Metal do Brasil. Valorizem o Metal em português, reconheçam a importância das bandas da nossa terra. Juntos somos mais fortes. Esse é nosso ideal!

 
"Blatta"

"Lobisomem em Lua Cheia"



CONTATOS: https://www.facebook.com/MuquetaNaOreia?fref=ts
http://www.reverbnation.com/muquetanaoreia

sábado, 15 de março de 2014

X-RATED - Um dos maiores nomes do Hard Rock Nacional!


  No final dos anos 80, com a efervescência do Heavy Metal no Brasil todo, o RJ foi o cenário para o primeiro supergrupo (junção de vários músicos conhecidos numa banda só) do Metal nacional. Pelo nome de X-RATED esse time atendia, time esse que era composto por Andre Chamon (baterista ex-STRESS), Mark DB (Marcos Dantas, guitarra ex-AZUL LIMÃO), Lucky Lizard (ex-vocal da METALMANIA) e Bruno Schubnel (baixo).
Lançaram 2 excelentes discos, o primeiro inclusive esta sendo relançado agora pelo selo carioca Urubuz Records e impulsionando a banda com essa line-up pelos palcos afora.
Conversei com Andre e Marcos sobre toda a trajetória da banda desde 1989 até o dia presente e você confere tudo agora aqui na Toca do Shark.
1990 - Mark (g), Lucky (v), Andre (bt) e Bruno (bx)
TOCA DO SHARK: Como a banda foi montada no final dos anos 80? 

MARCOS DANTAS:  Toquei com André na última formação do AZUL LIMÃO e com o fim do AZUL LIMÃO decidimos montar uma nova banda com repertório em inglês.
ANDRE CHAMON: Em 1987, depois que o Bala (vocal do STRESS) voltou para Belém e o Rodrigo (vocal do AZUL LIMÃO) viajou para a Espanha, eu e o Marcos Dantas ficamos sem bandas. Em 1988, formamos a banda FLÓRIDA com o baixista Alex Bressan (que tocou com o STRESS, antes de suspender suas atividades) e o vocal Décio (ex-EROS), mas, não foi adiante.
  No início de 1989, eu e o Alex nos unimos ao Luciano (ex-METALMANIA) e ao saudoso guitarrista Clóvis Mourad e formamos uma banda batizada de MAMUTTI por ninguém menos que Arnaldo Baptista (ex-MUTANTES). Também não vingou.
  No mesmo ano, eu e o Marcos resolvemos apostar em uma nova formação do AZUL LIMÃO, que, além de nós, contava com o Tavinho Godoy (vocal do METALMORPHOSE, que também estava parado) e o Augusto Schur no baixo. Chegamos a fazer shows no Rio de Janeiro e em São Paulo com esta formação. Mas, sentimos que o público estava acostumado demais com o Rodrigo no vocal e desistimos da ideia.
AZUL LIMÃO (1989): Augusto Schur (baixo), Tavinho Godoy (voz), Andre (bt) e Marcos (gt)
  Passamos, então a procurar músicos para formar uma nova banda, com um estilo diferente. O Hard estava em alta com o GUNS’N’ROSES no topo das paradas. Naquela época, as bandas nacionais começavam a compor em inglês, visando o mercado internacional.
  Neste cenário, o vocal rasgado e o inglês fluente do Luciano tornava-o a pessoa ideal para o nosso projeto. Além disso, o fato de ter tocado com o Robertinho do Recife no METALMANIA, fazia da banda uma união de músicos já conhecidos do Metal Nacional.
  Para completar o time, o Luciano nos apresentou o baixista Bruno Shubnel, que tinha o talento e o visual que estávamos procurando. Todos de cabelos compridos, usando jeans, jaquetas e bandanas, além da maquiagem bem no estilo Hard do final dos anos 80.
  Só faltava escolher um nome pra banda. Lendo uma reportagem na revista Playboy, encontrei o termo “X-Rated”, que era usado como advertência de conteúdo pornográfico, e achei um nome interessante para uma banda de Hard Rock, estilo frequentemente associado à sexualidade. Os outros membros acharam o nome legal e concordaram em batizar a banda com ele.
  Como almejávamos o mercado internacional, mudamos os nomes artísticos do Marcos e do Luciano para Mark DB e Lucky Lizard. Cheguei a pensar em mudar o meu para Andy Chamon, mas, mudei de ideia e achei melhor continuar como Andre mesmo, só tirando o acento.
FLÓRIDA - 1988

MAMUTTI - 1989
  Já no primeiro ensaio, rolou uma química perfeita entre nós. O entrosamento foi imediato e as composições fluíram com facilidade. Foi tudo muito rápido. Em novembro de 1989 fizemos nosso primeiro show e no ano seguinte, 1990, já estávamos lançando o nosso primeiro disco, “Shaking Like a Bad Machine”.

T.S.: No idos de 1991 vocês quase conseguiram tocar no segundo Rock in Rio através daquele concurso chamado ‘Escalada do Rock’, mas parece que não conseguiram por coisa de meio ponto, dando assim o lugar para a cantora gaúcha LAURA FINOCCHIARO, conte-nos mais sobre o ocorrido na época? 

MD:  Muito estranho. Achávamos que estávamos prontos para o Rock in Rio.

AC: Este é um assunto delicado. Correu um boato que o concurso serviria para legitimar a participação do VID & SANGUE AZUL e da LAURA FINOCCHIARO no Rock in Rio II. 
  A produção estava certa de que eles receberiam a maioria dos votos. Acontece que o X-RATED acabou surpreendendo e sendo classificado. A solução foi nos tirar meio ponto. A imprensa ficou a nosso favor e nos comparou com a Martha Rocha, que perdeu o título de miss universo por duas polegadas a mais nos quadris.

T.S.: Mesmo assim, na mesma época vocês conseguiram um contrato com a Phillips/Polygram para lançarem o segundo disco “Animal House”, o que foi um grande feito, mas, como era de praxe na época, as vendas foram baixas devido aos erros de distribuição da própria gravadora, que não sabia trabalhar uma banda de Hard Rock, disponibilizando horrores de cópias para grandes magazines e deixando as lojas especializadas no ramo sem o disco de vocês. Há quem diga que era impossível achar discos da banda, por exemplo, na Galeria do Rock em SP, o maior centro especializado em som pesado da América Latina. Era isso mesmo? 

MD:  Não soubemos como se dava o processo de distribuição. O legal é que foi fabricado em LP (vinil), Fita K7 e CD. De fato a propaganda da gravadora (na época Polygram) era orientada para o grande publico e deixava de lado as lojas especializadas e isto nos incomodava. Mas não tínhamos controle sobre isto. Como não fomos sucesso na rádio FM, a  gravadora não investiu mais na banda.

AC: Apesar de o X-RATED haver sido limado do Rock in Rio II, o Mayrton Bahia, que era o diretor artístico da Polygram e foi um dos jurados a votar em nós, resolveu contratar a banda para lançar um disco por esta multinacional.
 
1990
  Gravamos no estúdio da própria Polygram e os técnicos de som ficavam surpresos quando viam o Mayrton nos visitar no estúdio, o que não era um fato comum. Numa dessas visitas ele nos apresentou a Cássia Eller, uma artista ainda desconhecida que ele tinha acabado de contratar.
  Tivemos os melhores equipamentos à nossa disposição, mas, também enfrentamos alguns problemas. No meio da gravação, faleceu um familiar do produtor artístico, o português Paulo Junqueiro. Ele teve que viajar para Portugal e tivemos que continuar a gravação sozinhos.
  Uma curiosidade: minha filha nasceu durante as gravações. Ela tem a mesma idade do álbum “Animal House”.
 Tentamos convencer o Mayrton a fazer um trabalho de divulgação na mídia especializada, mas era difícil falar com ele. Às vezes tínhamos que ficar de tocaia, para conseguir uma reunião.
  Quanto à distribuição, acredito que o CD era oferecido para as mesmas lojas que compravam os outros lançamentos da gravadora. Com a falta de direcionamento na divulgação e distribuição, o álbum “Animal House” não foi devidamente trabalhado nas publicações e lojas do ramo.
Foto para divulgação do "Animal House"
T.S.: André, certa vez você me contou que a banda se apresentava com certa periodicidade nos programas da TV aberta brasileira, entre eles um programa de auditório da Angélica, ainda na TV Manchete (o qual se encontram algumas partes no Youtube) e devido a isso, tem várias histórias insólitas, conte algumas aqui pros fãs mais novos?

AC: O X-Rated se apresentou em alguns programas de TV para lançar o LP e o CD “Animal House”. O setor de divulgação da Polygram agendava as gravações e nos levava até as emissoras. Não tínhamos trabalho nenhum, era só chegar e tocar. Bons tempos aqueles!
  O programa em que mais tocamos foi o Milk Shake da TV Manchete, apresentado pela Angélica. Apresentamos duas músicas: ‘Realize It’ e ‘Across de Rush’. Era incrível como a banda animava a plateia, mesmo cantando em inglês e fazia todo mundo dançar Hard Rock, inclusive a Angélica.
  Antes da nossa apresentação, eram sempre exibidas esquetes protagonizadas pela Angélica, encenando pequenas estórias que tinham a ver com o nome da banda.
  Uma curiosidade: nas primeiras apresentações, a Angélica não conseguia pronunciar a palavra X-Rated (que é complicada mesmo) e pedia para o Luciano (Lucky) ensiná-la.
  Em um dos programas, ela fez aquela brincadeira do "telefone sem fio", falando "X-Rated" no ouvido da primeira criança da fila, para que ela repetisse no ouvido da seguinte até chegar à última. Quando a última criança da fila teve que falar o nome da banda em voz alta, foi muito engraçado: ninguém entendeu nada.
 
"Escalada do Rock" - 1991

Circo Voador - RJ 1991

  (Algumas destas apresentações podem ser vistas no YouTube, clicando nos links a seguir:

T.S.: A banda teve outras formações após 1994, certo?

MD:  Sim. Na verdade a banda nunca acabou. Quando Lucky e Bruno saíram colocamos Guto Dufrayer (vocal) e Arthur Caria (baixo) para substituí-los e depois Rod Eymael no lugar de Guto no vocal. Depois entrou Marcio Chicralla no lugar de Arthur no baixo. Marcio Chicralla tinha sido o primeiro baixista do X-RATED antes do Bruno.
"Daresafesexdisorder" 1994

"Untold Story (1993-1994)" - 2000
T.S.: O que fez a banda parar nos idos dos anos 90? 

MD:  A banda não parou. Ficou fazendo shows tocando cover misturado com poucas músicas da banda no set list durante muito tempo com Rodrigo Cotia (vocal) e Marcio Luiz (baixo)

T.S.: Vocês tem conhecimento duma banda de Pop japonesa que se chama X-RATED?

 MD:  Sim. Nosso nome é registrado e somos anteriores, então não há problema com isto. Há outras bandas no mundo que utilizam este nome.

T.S.: Recentemente o primeiro play voltou às vendas com o relançamento de luxo feito pela Urubuz Records e a banda está de volta à estrada, a formação é a mesma? Há a possibilidade de sair em CD também o “Animal House”? 

MD:  Sim. A formação é a clássica, original. Faremos shows de lançamento inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Posteriormente pretendemos relançar o “Animal House” dependendo da repercussão do “Shaking...”.

T.S.: Como surgiu a oportunidade de vocês regravarem ‘Back in the U.S.S.R.’ dos BEATLES no primeiro disco? 

MD:  De fato não foi uma gravação para o primeiro disco. Foi uma gravação que utilizamos para concorrer ao Rock n Rio II. Ficou inédita este tempo todo. Resolvemos colocá-la de bônus no CD.
Lucky Lizard (voz)

Mark DB (guitarra)

Bruno Schubnel (baixo)

Andre Chamon (bateria)

T.S.: O que impulsionou o retorno da banda aos palcos? 

MD:  Vontade de tocar.

T.S.: Como vocês estão vendo a cena atual, principalmente com a valorização e reconhecimento dos pioneiros e o retorno de vários deles à ativa, exemplo amplamente visto no evento Super Peso Brasil em novembro passado em SP? 

MD:  É um sentimento muito bom... de que tudo aquilo que vivemos no passado valeu a pena!!!

T.S.: Agora, sem mais delongas, o espaço é todo reservado ao que vocês queiram falar:

 MD:  A vida é curta! Aproveitem!! 

AC: Gostaria de lembrar um evento importante na carreira do X-RATED: a abertura do show do FAITH NO MORE no Maracanãzinho, em 1991.
  Tocamos para mais de dez mil pessoas e fizemos um clipe com cenas ao vivo da música ‘Across the Rush’, que entrou na programação da MTV e outro da música ‘Kill Big Brother’.
  Para assistir a estes clipes é só clicar nos seguintes links do YouTube:
  Além de nós, este show teve a abertura de uma banda do Robby Rosa (ex-Menudo), que foi muito hostilizado durante a sua apresentação.
Show de abertura pro FAITH NO MORE (1991)
  Ocorreu um fato lamentável, que não foi divulgado na época. Na nossa passagem de som, quando ligamos a iluminação que havia sido alugada para o X-RATED, os roadies do FAITH NO MORE entraram chutando os spots e disseram que não poderíamos usá-los. Foi preciso a nossa empresária (que estava produzindo o evento) interceder e ameaçar cancelar o evento, caso não utilizássemos o equipamento de luz. A produção da banda headliner então teve que voltar atrás e dividir os holofotes conosco.

BANDA: X-RATED
DISCO: “Shaking Like a Bad Machine”
ANO: 1990
SELO: Urubuz Records
FAIXAS:
1.       Striptease Boogie
2.       Blue Heart
3.       Evil Generation
4.       Down in My Shelter
5.       I Wanna Beer
6.       King of the Hill
7.       Have You Heard the News?
8.       Face the Dog
9.       Cocktail Whale Crime
10.   In a Bad Mood
11.   Back in the USSR*
12.   Striptease Boogie (demo)
13.   Blue Heart (demo)
14.   Realize It (demo)

  E a banda carioca de Hard Rock pesado e sujo dos anos 90 X-RATED está de volta em evidência!
  No começo dos anos 90 ela fez um enorme barulho na cena apresentando um som ‘tipo exportação’ de primeira, com músicos tarimbados de extremo talento e currículos invejáveis que passavam por bandas como STRESS, AZUL LIMÃO e METALMANIA.
  Em 1990 lançaram este, que foi o primeiro disco pelo selo Heavy trazendo um Hardão foda à lá MÖTLEY CRUE, GUNS’N’ROSES (dos primeiros discos), RATT entre outros, com a inigualável voz de banshee de Lucky Lizard (ex- METALMANIA de Robertinho do Recife) e o instrumental digno de qualquer festa de Rock Pesado a banda por muito pouco não pisou no palco do Rock in Rio II no ano seguinte.
  Sonoridade rápida e cortante a banda apresenta na faixa de abertura ‘Striptease Boogie’, ‘I Wanna Beer’, ‘In a Bad Moon’ entre outras. A cadência na dose certa surge em músicas como ‘Blue Heart’ e ‘Evil Generation’ que ainda explicita todo o talento da dupla de cordas Bruno Schubnel (baixo) e Mark D.B. (Marcos Dantas ex-guitarrista do AZUL LIMÃO e atual METALMORPHOSE). O Metal aparece em ‘Down in my Shelter’ e Lucky judia da garganta em ‘I Wanna Beer’, mas, aposto que a cerva dava um jeito nela depois desse som rolar.
  Não há como destacar faixas e esconder outras, o disco é bem coeso, balanceado e recheado com o talento dos 4, incluindo aí o baterista Andre Chamon, um dos pioneiros do Metal brasileiro, sendo fundador da lendária STRESS de Belém do Pará.

  Para nossa alegria a gravadora carioca Urubuz Records nos presenteou com o relançamento deste primeiro registro da banda acrescido de um belo encarte e mais 3 faixas demo como bônus, incluindo aí ‘Realize It’ que viria no ano seguinte no segundo disco “Animal House”, outro disco obrigatório aos fãs de Hard Brasuca.

sábado, 1 de março de 2014

WAGNER ANARCA - Um dos Heróis do Som Pesado oitentista de SP!


  Há cerca de 35 anos surgia uma cena gigantesca em São Paulo que rendeu muitos frutos, era a turma do ROCK PAULEIRA, que com o tempo ficou conhecida como Heavy Rock ou Heavy Metal paulista.
  Muitas das bandas gravaram e suportaram sacrifícios incríveis pra se manterem na ativa, como o KORZUS, outras acabaram mas voltaram nos últimos anos como CENTÚRIAS mas algumas se tornaram Cults, pois foram importantíssimas para a cena, mas acabaram ficando pelo caminho e com no máximo 1 único registro, como o KARISMA e a banda que iremos abordar nesse post, o ANARCA que, capitaneada pelo guitarrista Wagner Anarca, teve várias formações e se sustentou por praticamente uma década, com um EP, um disco duplo ao vivo (pioneirismo) e uma participação modesta na mítica coletânea "São Power".
  Após toda essa jornada Wagner Anarca arrumou suas malas e foi embora para os Estados Unidos tentar a vida de músico por lá, onde desenvolveu seu talento para os desenhos, lançando alguns livros sobre o assunto e acabando tudo em pizza, como ele mesmo diz, abrindo uma pizzaria por lá. Nessa entrevista ele conta tudo e um pouco mais sobre o ANARCA e sobre GOD'S GIFT, sua banda nos E.U.A. .


  TOCA DO SHARK: Em retrospecto, faça uma pequena biografia do ANARCA.
WAGNER ANARCA: Minha jornada artística iniciou com 3 anos de idade desenhando e rabiscando o tempo todo...( fora os piões, perna de pau, bater figurinhas, pipas e bolinhas de gude...)
  Cantarolava as musicas da Jovem Guarda com meu pedestal de vassoura e anéis de papel em todos os dedos...
  Meu primeiro show inesquecível foi ver o MADE IN BRAZIL com o show “Jack, O Estripador”...incrível ver a batera do Fenilli dentro de um canhão, baixo estrela brilhando do Oswaldo, vocal impressionante do Percy e a gold top Gibson do monstro  Kim... foi ai que decidi tocar ROCK!!!!
  Eu e o Lucio Zapparoli sonhamos e montamos a nossa primeira banda, OPCAO, que só ficou nos ensaios, depois formamos a banda SHOCK e tocamos em colégios e faculdades...então Lucio montou o SANTA GANG e eu o ANARCA em 1979.
 
Cartazes de inúmeros shows históricos do ANARCA
T.S.: De onde veio o nome ANARCA, tem alguma ligação com a corrente Anarquista (sócio-politica) ou era coisa de adolescente?
ANARCA: Eu tinha 3 LP’s , “Jack...” do MADE, NEW YORK DOLLS e SEX PISTOLS, com a influencia dos contos de Tolstoy mais uma paixão antiga “ANA”+ ROCK surgiu o nome ANARCA em 1979, com o intuito de tocar qualquer tipo de musica, pois na época já curtia alem do Punk, a musica clássica, jazz e chorinhos.

T.S.: Muitos músicos importantes para a cena nacional passaram pela banda. Teria algum que você destacaria como ‘pedra fundamental’ do som da banda ao seu lado?
ANARCA: Tenho um carinho e sempre agradeço todos meus amigos de coração, sem nenhuma excessão: Lucio, Jr, Dalam, Doni, ZO, Carlinhos, Caca, Kako, Fabião, Sergião, Leopoldo, Régis, William, GG, Ulisses, Tom, Willie, Derek e Zingo( e um ensaio com o MADE antes e vir para os E.U.A., que sempre guardei com carinho aqueles momentos).
 
Wagner cercado de amigos no projeto "Tributo ao Rush & Vinnie Moore"
T.S.: Existe algum com quem você gostaria de ter tocado mas não rolou?
ANARCA: Queria ter tocado com todos músicos e amigos da época....mas sei que tenho muitas chances de honrar este sonho agora..ahahaha

T.S.: Porque a discografia do ANARCA se resume ao compacto e ao álbum duplo ao vivo e não teve nenhum de estúdio?
ANARCA: Na época vi que não haviam lançado um LP ao vivo no Brasil e como o custo era bem mais legal optei por gravações ao vivo, pois estúdio custava muito e o som dos instrumentos ainda era muito precário para um som de Rock, pois a guitarra deveria ser gravada limpa e depois colocavam distorção, o que não tinha cara de Rock...


T.S.: Há alguma chance daquele disco ser relançado algum dia (seja em CD ou vinil)?
ANARCA: Já foi lançado sim... aqui nos E.U.A.
  O CD se chama “The Best of the Past “ com algumas musicas extras, o que pode ser baixado for free no site Anarca.com
T.S.: Quando você acabou com a banda? A sua ida aos E.U.A. foi o estopim para o fim da banda ou nada tem a ver?
ANARCA: Vendi tudo o que tinha e dei muita coisa para amigos e vim para cá tentar fazer uma banda de Rock e viver disso... montei o GOD’S GIFT , tocamos em todos os lugares por uns 4 anos , tocamos em rádios, mas foi só alegria e pouco sustento....
 
GOD'S GIFT
T.S.: Como você acabou de citar, ao chegar aos E.U.A. você montou a banda GOD’S GIFT, fale-nos um pouco sobre essa banda que lançou 2 discos.
ANARCA: Realmente foi um sonho realizado... Derek, Tom, Willie e Zingo foram extremamente importantes e mesmo com 2 CD’s e muita divulgação e shows nunca tivemos um contrato assinado como era nossa intenção..mas valeu e valeu mesmo.


Os 2 discos com o GOD'S GIFT

T.S.: Cite 5 influências nacionais que mudaram sua cabeça?
ANARCA: Eu cito uma somente... MADE IN BRAZIL.

T.S.: Você acompanha a cena nacional atual?
ANARCA: Gosto muito das bandas BARANGA e PEDRA.

T.S.: Como você vê esse atual renascimento da cena nacional, principalmente a cantada em bom português que foi alavancada com a produção do filme “Brasil Heavy Metal” e com o recente evento “Super Peso Brasil” que reuniu alguns dos pioneiros do Metal oitentista nacional?
ANARCA: Acho incrivelmente legal e adoraria voltar e fazer a nossa parte também... hahahahaha...

T.S.: Existe alguma gravação inédita ou vídeo que nunca foi lançado?
ANARCA: Existem sim muitas. Eu componho muito e realmente estou procurando as fitas cassete que nem sei com quem guardei. Guardei tão bem que nem sei onde estão... hahahaha... mas eu vou encontrar.

T.S.: Fale-nos sobre seus livros lançados nos últimos anos.
ANARCA: Sempre desenhei e toquei até os dias de hoje e nunca vou parar, então resolvi colocar em livros minha histórias, o que esta gerando alguns livros, pode conferir no meu site
Anarca.com



Livros sobre desenhos by Wagner Anarca "Papis"

T.S.: Deixe sua mensagem final para seus apreciadores e fãs do Brasil.
ANARCA: Eu agradeço muito pelo seu carinho e forca para o meu trabalho e sempre tenho com muito carinho as pessoas que se identificam com o que realizo.
  Agradeço carinhosamente e respeitosamente à todos .
Abraços!


Wagner Anarca, 2014

"São Power" 

Discografia completa