Em 1997 Cícero Alexandre (vulgo
Doido), aspirante a vocalista que ensaiava com uma banda que nunca tocava
conheceu Paulo Samir (vulgo Bomba) nos corredores da escola Luiz Martini em
Mogi Guaçú. Eles sempre se trombavam mas não se falavam, mas uma coisa os
chamava atenção, ambos tinham bonés iguais do KISS que variavelmente usavam e
eis que em uma prova de recuperação final de Física eles foram parar na mesma
sala e após a prova com a nota positiva de Alexandre Bomba resolveu parabenizá-lo
pelo feito: "Aí KISS, conseguiu héin!" Daí nasceu uma sólida amizade.
Com o passar do tempo viraram
amigos de um frequentar a casa do outro por puro interesse, eles queriam gravar
em K7 (sim, nessa época o CD ainda era artigo de luxo no Brasil) tudo o que
pudessem do enorme acervo do outro, pois ambos tinham coleções notavelmente
grandes de revistas e fitas K7 das mais variadas bandas, entre elas as suas
preferidas, da parte de Bomba LED ZEPPELIN e AC/DC e da parte de Alexandre KISS
e DEEP PURPLE.
Os anos foram se passando e eles
continuaram andando juntos, Bomba ja dava aulas de guitarra em sua casa e estava
começando a tocar numa banda que tocava covers de METALLICA e BLACK SABBATH,
banda essa que no futuro se tornaria a INSÍGNIA e Alexandre já tinha parado os
ensaios com os ex-membros da antiga LE FOU e ido trabalhar como locutor de
Rádio FM.
Eis que no final de 1999 eles
definitivamente resolveram juntar forças e por em prática suas idéias e longas
conversas de montar uma banda só deles e foram atrás de um baterista e um
baixista.
Usando seus contatos no meio
musical e em escolas de música Alexandre chegou na casa de Bomba com um
endereço de um baterista que morava ali perto chamado Luiz Gustavo (vulgo Formiga),
isso era dezembro de 1999 e ainda faltava um baixista que veio através de Luiz
Cláudio antigo guitarrista da banda LE FOU e parceiro de Alexandre em antigos
ensaios, seu nome era Cléber, conhecido no meio dos Skatistas com Cré, ele
mesmo assumiu as 4 cordas sem pestanejar. Pronto, o núcleo da primeira banda de
Hard Rock de Mogi Guaçú em anos (ou desde o fim do LE FOU lá em 1996) estava
formado.
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Equipe WILD SHARK com os amigos Braz e Gordo (agachados) 2000 |
Os ensaios começaram nos fundos
da casa de Formiga, gentilmente cedido por sua mãe, em Janeiro de 2000 e logo
de cara com versões de 'Rock and Roll All Nite' do KISS 'Here I Go Again' do
WHITESNAKE e 'Children of the Grave' do BLACK SABBATH. Com poucos ensaios
resolveram criar uma música autoral da qual nasceu de alguns estranhos acordes
de Bomba e que deu trabalho para Alexandre encaixar uma letra, essa música
viria a se chamar 'Love Hunter', nada a ver com a do WHITESNAKE, essa música
até hoje incomoda o cérebro de Alexandre que não entende como ela se encaixa
entre letra e instrumental.
Após 2 tentativas de estrear a
banda em palco, ambas frustradas por motivos alheios aos integrantes da banda,
o WILD SHARK só foi debutar de vez mesmo no feriado de 1º de Maio de 2000 na
pequena cidade vizinha de Estiva Gerbi (antes um distrito de Mogi Guaçu a
poucos anos emancipada), cidade essa que se tornou um marco importante na
história da banda.
Com pouca divulgação esse evento
arrumado às pressas por Cré num baitacão de lanches que margeava a praça
central (onde fica a Igreja Matriz da cidade) de propriedade de um amigo dele
chamado Neno, alguém fez uns poucos cartazes em xerox que a banda nem chegou a
ver (anos depois Alexandre foi presenteado com um surrado exemplar desse mesmo
cartaz por um amigo) e no boca-a-boca somente e algumas divulgações por parte
de Alexandre em seu programa de Rock dominical na Rádio local onde ele
trabalhava, levou dezenas de pessoas e motociclistas a comparecerem naquela
tarde de Feriado no Neno Lanches. Esse show ainda contou com a banda
DRAGSTER para fechar a noite e foi filmado pelo amigo e caroneiro do WILD SHARK
Braz.
Em resumo foi uma estréia acima
da média do WILD SHARK com direito a Polícia Montada (ou Cavalaria) da
cidadezinha rondando o show e ficou-se sabendo muito tempo depois que o
respeitado Padre da cidade na época tentava rezar a missa de 1º de Maio na
mesma hora na Igreja Matriz que ficava a poucos metros dalí e em dado momento
da missa resolveu escomungar quem estava fazendo aquela barulheira toda, ou
seja, o WILD SHARK já começou com o 'pé esquerdo' no Mundo do Rock, sendo
escomungado e patrulhado pela polícia já no primeiro show da banda, show esse
que fez até um cara largar as muletas e cair na farra durante as últimas
músicas do show e alguns se pendurarem nos caibros do madeiramento do baitacão,
uma verdadeira celebração caótica ao ROCK AND ROLL (tudo devidamente filmado e
registrado). Aliado à toda essa baderna festeira o vocalista da banda aparece
de botas plataformas vermelhas confeccionadas a mão por ele mesmo e ainda faz
um discurso sobre o 'proletariado rocker' e as agruras que se passavam com
pouca grana e ainda assim sabiam se divertir ordeiramente sem violência, daí
nasceu a 'lenda guaçuana da banda que tinha um vocalista Doido que se
fantasiava e falava mais do que a boca'!
Menos de 2 semanas depois a
banda repetiu a dose no Centro de Mogi Guaçú num sábado à noite ao lado da
mesma banda DRAGSTER, dessa feita foi em um pequeno restaurante na rua da casa
de Bomba chamado Banzai que, também filmado pelo cinegrafista amigo Braz
o caos foi mais contido mas não menos festivo.
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Cré e Doido antes de um show |
Depois dessa dose-dupla de
estréia muito bem sucedida e amplamente divulgada após o acontecido a banda se
trancou nos ensaios por 2 meses para criar e compor mais músicas suas e
aumentar o repertório que contaria com sons de ERIC CLAPTON, BLACK SABBATH fase
DIO, DEEP PURPLE, RAMONES, KISS, AC/DC fase Bon Scott e Brian Johnson, IRON
MAIDEN, ROLLING STONES, TWISTED SISTER, HENDRIX e por aí vai...
Com a chegada do Inverno os
caras da banda aliados ao pessoal da banda TRENDKILL (futura INSÍGNIA) que
andavam juntos, resolveram criar um evento beneficiente que arrecadasse
agasalhos para o Albergue da cidade, sendo assim Alexandre e o baterista Elery
da TRENDKILL assumiram a frente da organização do evento e criaram flyers (uma
idéia que virou hábito que Alexandre 'roubou' das bandas oitentistas da Sunset
Strip da qual ele sempre foi fã e as viu fazendo exaustivamente no documentário
"The Decline of Western Civilization Part II, The Metal Years" de
1988 muito famoso entre os Hard-Rockers), cartazes (bem tosco) tudo xerocado e
usando seus contatos nas rádios locais eles se espalharam entre os vários
programas de rádio da região para dar entrevistas e divulgar o evento (entre
eles estavam os programas 'Rock Machine' do próprio Alexandre, 'Rock Side
Radio' da cidade vizinha Mogi Mirim e os dois maiores programas da época que
deram muito apoio às bandas regionais e marcaram época, o 'Clube Rock' da
cidade vizinha de Itapira e o mítico 'Coda On Line' de Mogi Guaçu mesmo de onde
todos das bandas já eram amigos e frequentadores assíduos desde 1998. Aliados a
essa divulgação toda Elery, Alexandre e Rafael (vocalista do TRENDKILL) ainda
conseguiram espaço nos Jornais impressos da região concedendo históricas
entrevistas explicando a todos o problema que as bandas locais enfrentavam para
encontrar lugares para tocar sem problemas com Polícia e Prefeitura desde
sempre e que precisavam se virar para arrumar locais para se apresentarem
criando assim eventos como esse que acabava em contrapartida fazendo o bem ao
próximo.
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Cartas 'doi-it-yourself' do ROCK FOR HELP |
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uma das únicas imagens do WILD SHARK no 'Rock for Help' (esse show foi parcialmente filmado) |
Chegado o dia 15 de Julho de
2000 o o local estava abarrotado de gente de toda região com blusas, calças e
cobertores para assistirem os shows das bandas WILD SHARK, TRENDKILL e a
convidada BB MANKO. Resultado totalmente positivo e mais uma vez o caos se instalou
da melhor maneira possível com o WILD SHARK abrindo a noite com seu vocalista
agora portando uma jaqueta com o logotipo da banda que acabara de ser
confeccionado pelo mesmo e um tridente de verdade no formato das letras W e S.
Aquilo chamou tanto a atenção que teve gente que ficou com medo de acontecer
alguma desgraça devido as lanças de verdade na ponta do artefato, mas como
sempre, o público ROCK AND ROLL não sofreu desse tipo de distúrbio e a noite
rolou solta com uma celebração sem igual.
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Alexandre Doido e seu famoso Tridente. |
Mais 2 meses se passaram para
que o WILD SHARK desse as caras com novas canções autorais e covers que agora
continham MADE IN BRAZIL, THE DOORS, WHITESNAKE, CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL
entre outros. Dessa feita foram até Mogi Mirim tocar numa loja de artefatos para
motociclistas chamada O Motociclista no final de setembro. Mas porque
tocar em uma loja de motociclistas? Primeiro porque os motociclistas da região
sempre acompanharam a banda onde quer que ela fosse e também porque o dono
desta loja era o mentor do maior encontro de motos da região que acontecia no
mês de Outubro de todo ano em Mogi Mirim e era o desejo de toda banda subir
naquele palco que juntava em sua frente milhares de pessoas de todos os cantos
do estado de São Paulo. Sendo assim a jogada era essa, se apresentar para o
cara, impressioná-lo para ele nos encaixar no seu gigantesco evento.
Apesar de
toda repercussão que sempre era grande e o público que a cercava, o tiro saiu
pela culatra com o dono do local lucrando horrores e os deixando tocar na calçada
literalmente sem iluminação nenhuma além de um holofote e nada da banda ser
convidada para o evento no mês seguinte. Paciência, nem tudo são flores e a
banda segue em frente, tocando na semana seguinte de volta a Mogi Guaçu num
evento organizado pelos amigos de escola que tinham uma República chamada
'Carna-Rock' que sempre os acompanhava. Organizaram uma festa numa chácara
à beira-rio num sábado em que o horário viraria de Horário de Inverno para
Horário de Verão com todos ganhando uma hora a mais de farra. Essa foi outra
das 'Aventuras de WILD SHARK na terra do ROCK!' sendo transportada num caminhão
baú do dono da chácara, onde estava agregada a banda, seus(suas) acompanhantes,
o equipamento e todo arsenal etílico e de carne da celebração, tudo dentro do
caminhão baú, pegando estrada de terra sem qualquer condição de trânsito. Nesta
festa rolou de tudo, inclusive a banda TRENDKILL que apareceu para festa e
acabou fazendo uma Jam. Teve briga entre amigos bêbados, mulheres em circulação
rotativa, alguns casais que lá se formaram acabaram casando tempos depois,
adolescentes bêbados, 'neguin noiado' dando trabalho e até porta de aço
sanfonada arregaçada no meio! Saldo positivo com muita gente amanhecendo nas
redes postas na varanda de frente ao Rio Guaçú, acordando (quem dormiu?) com o
nascer-do-sol na cara!
Uma semana depois a banda se
apresentaria num evento de confraternização de motoclubes organizado pelo
motoclube local num sábado à tarde (no mesmo horário do programa de Radio já
citado Coda On Line) no Beer Shopping Gelitos Bar 24hs com a banda de
abertura DANÚBIO de novos amigos e fãs que sempre estavam nos shows. O mais
legal desse show que fechou um quarteirão da rua em pleno sábado desviando o
fluxo do trânsito para rua de baixo (incluindo ai linha de ônibus circular) foi
que a equipe do Programa Coda On Line fez questão de mandar 4 integrantes de
sua equipe ao local cobrir o evento ao vivo, com direito a dezenas de fotos por
parte de Edivaldo 'Nê' Maia (irmão do apresentador Eduardo Maia), transmissão
ao vivo de entrevistas via telefone de linha fixa (na época celular também era
artigo de luxo) por parte de Williams Rogério e Junior Pessine (outro fundador e apresentador do
Coda) e participação especial de Eduzinho Maia (filho de Eduardo Maia) na
percussão no show do WILD SHARK, deixando assim o programa desfalcado em
estúdio naquele sábado histórico, com apenas Eduardo Maia na locução e Leonardo
Brito na mesa de som.
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Alexandre Doido (vocal) |
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Cré (baixo) e Formiga (bateria) |
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Eduzinho Maia (na percussão) e Formiga |
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Banda DANÚBIO com Luciano (baixo) que futuramente tocaria no WILD SHARK |
A festa rolou solta até o começo
da noite daquele sábado com a banda botando o pessoal presente em polvorosa e
de novo repetiu-se as cenas daquele primeiro show em Estiva Gerbi com gente se
dependurando nos caibros do madeiramento da área do Bar onde as bandas tocaram.
Neste mesmo evento quem apareceu foi o tal organizador do cobiçado encontro de
motos para quem o WILD SHARK tinha tocado semanas antes e sido descartada. Neste
dia quem foi descartado de atenções foi o citado elemento que não conseguiu se
aproximar da banda que o via ali mas não o deu chances de se aproximar. Mas o
troco ainda seria dado no ano seguinte.
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Equipe Coda: Junior, Williams e Eduzinho (foto de Edivaldo Maia) |
Eis que com tanto
'disse-me-disse' em torno da banda, eles acabaram sendo convidados para tocar
no que seria o II Encontro de Motos de Itapira no Centro Agropecuário
por um funcionário da Radio AM da cidade. Com cachê acertado para a banda tocar
nos 3 dias do evento o WILD SHARK chega na cidade no primeiro dia do evento,
uma sexta feira que resolveu chover tudo que estava previsto para o mês
inteiro. Com aquele local imenso (uma arena de rodeio de chão de terra batida)
afundado em lama e sem público o WILD SHARK se viu em uma sinuca-de-bico ao
lado da banda itapirense presente, o ANONIMATO.
Com o passar das horas os
amigos de Mogi Guaçú começaram a chegar, os membros de motoclubes vieram de
carro devido a chuva que aquela altura da noite começava a cessar e alguns
poucos rockers da cidade de Itapira começaram a chegar também. Os membros do
WILD SHARK cogitaram a fazer uma apresentação acústica conjunto com os caras do
ANONIMATO ali mesmo na área coberta em torno das barracas e stands. Com a
negativa do pessoal da banda local o WILD SHARK decidiu tocar em cima do palco
lá do outro lado da arena enlameada mesmo com pouco público (pois seria pago
por isso afinal) e o ANONIMATO resolveu deixar de quieto.
Assim que o show começou, já sem
chuva caindo, as pessoas começaram a aparecer nas arquibancadas laterais salvas
da lama, até que em meio ao show um bando de adolescentes e jovens malucos por
ROCK AND ROLL da cidade colaram no palco, desafiando a lama para agitar e
trocar energia com a banda, mal sabia a banda que aqueles caras eram os
apresentadores do programa de Rock da Cidade, o 'Clube Rock' (sim porque, na
época do Rock for Help nenhum integrante da banda foi até os estúdios da Rádio,
somente passaram as informações via telefone pra eles, sendo assim não se
conheciam pessoalmente ainda). Na segunda noite a banda repetiu a viagem até
Itapira, mas a chuva era tão intensa que o evento acabou sendo cancelado e
ninguém mais tocou e a banda saiu de lá com a promessa do chachê ser depositado
em conta na segunda feira seguinte, o que nunca aconteceu. Prejuízo financeiro
mas, o WILD SHARK tinha conquistado um território novo e promissor, a cidade de
Itapira que nos anos seguintes se tornaria a 'Cidade do Rock' na Baixa Mogiana.
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Ingresso do show de Abertura para VELHAS VIRGENS |
Depois dessa decepção financeira
o WILD SHARK resolveu fechar o ano sem tocar, apenas ensaiando e fazendo aquela
típica parada pras festas de fim de ano.
2001 começou com uma bela
notícia, o WILD SHARK foi selecionado pela equipe do ‘Coda on Line’ pra abrir o
show das VELHAS VIRGENS na segunda edição do ‘Projeto Coda’ que consistia em
show de uma banda de fora de relativo nome e uma local pra abertura, antes a
primeira edição contou com a PATRULHA DO ESPAÇO e a banda local GODZILLA.
Alexandre era fã das VELHAS
desde seus 14 anos tendo ido em um show deles na época da demo ainda, pra ele
aquela foi uma notícia excelente, ainda mais que antecedia seu aniversário em
uma semana.
Para isso o pessoal do ‘Coda On
Line’ queria ao menos uma música para veicular a banda em seus programas
forçando a banda a entrar em estúdio prematuramente para gravar ao menos 2
canções. Como Alexandre trabalhava em Rádio, ele acabou convencendo o patrão a
emprestar o estúdio de gravação da Radio para a banda gravar num sábado à tarde
suas 2 músicas, a saber ‘Headbanger Voice’ de autoria de Alexandre e ‘My Pride’
de autoria do guitarrista Paulinho Bomba. As gravações ficaram boas, mas
limpinhas demais e por ser gravada com microfones específicos para locução de
FM, a voz acabou sobressaindo demais e quando veiculadas no Rádio parecia que o
vocalista estava cantando ao vivo no estúdio confundindo algumas pessoas que
vinham perguntar se a banda tinha tocado ao vivo no programa da Rádio....
O show ainda contou com abertura
de uma banda convidada, a antiga banda LE FOU (a qual Alexandre acompanhava
desde sua adolescência e tinha uma certa aproximação com ela) que acabava de
voltar depois de anos de inatividade com nova formação. Nascia aí uma parceria
duradoura entre as duas bandas. No dia do evento que rolou em Mogi Guaçu na Tempo
Clube, o clube ficou abarrotado de gente de toda região e viu alí um show
matador do WILD SHARK com direito a destruição da bateria e tudo o mais.
Justiça seja feita, o palco era minúsculo e o vocalista Alexandre tropeçou nuns
cabos e desabou em cima da bateria em plena ‘Whole Lotta Rosie’ cover do AC/DC
que abria o show deles, fazendo metade das peças do instrumento virem ao chão,
efeito esse que poderia se transformar num vexame se fosse outra banda mais
comportada, mas em se tratando desse ‘Doido’ que andava de bota plataforma e
tridente em mãos, isso acabou sendo confundido com uma atitude proposital e a
galera foi ao delírio. Anos depois descobriram a verdade, que alguns afoitos
amigos dele na beirada do palco e de ‘caco cheio’ puxaram a sua enorme bota quando
ele foi dar um pulo fazendo com que ele desequilibrasse e viesse ao cáos! Tudo
resolvido rapidamente e o show seguiu num êxtase só!
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Dois momentos ao vivo no 'II Projeto Coda' |
Ao final do show das VELHAS
VIRGENS o vocalista Paulão convidou Alexandre e o baterista da LE FOU Ricardo
para subirem ao palco e cantar ‘Minha Vida é Rock and Roll’ do MADE IN BRAZIL
com ele e ali subiu quase todo mundo do WILD SHARK e mais uns fãs, a festa foi
até a turma aguentar. Sucesso total neste que foi o primeiro de vários shows da
VELHAS VIRGENS na região. Tudo começou ali!
Poucas semanas antes a banda
recebeu convite do pessoal de Itapira (que lotou várias vans pra esse show do
‘Projeto Coda’) para tocarem dali 2 semanas na terceira edição da ‘Festa Rock’
realizada no Centrão em Itapira com mais 5 bandas, 3 de lá (a saber
ANONIMATO, HARD ATTACK e uma cover de Nirvana) e mais a LETAL de Mogi Guaçu com
quem o WILD SHARK também faria vários shows dali em diante. O show de Itapira
foi outra ‘bola dentro’ graças ao público guaçuano e os motoclubes que
compareceram em peso para prestigiar as bandas WILD SHARK e LETAL dando aquela
força.
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'3º Festa Rock' - Itapira/SP |
Com um intervalo de 3 meses a
banda resolveu compor mais algum som e tirar mais alguns covers. E foi uma boa
pois eis que surge o anúncio de que rolaria o “1º Encontro de Motos de Mogi
Guaçú” e a banda conseguiu tocar nos 3 dias do evento, mesmo contra as chuvas
torrenciais e vendavais que tentavam evitar a montagem do Palco que a banda
teve que ajudar a equipe técnica a segurar no braço pra não sair voando (outra
das ‘Aventuras de WILD SHARK na terra do Rock’).
3 dias de Rock and Roll, lama e
motores renderam a banda o cachê definitivo que eles usaram para gravar seu CD
demo.
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Capa do único CD oficial da banda |
Chamaram Mirão que sempre
gravava os shows da banda direto da mesa de som para alugar o equipamento e
gravar o Demo ao vivo em MD num estúdio também alugado (somente o local sem
equipamento, pois era estúdio de ensaio).
Em 4 horas gravaram as 5 faixas
que integram o primeiro CD que mais tarde foi ajustado uns pormenores em outro
estúdio e finalmente lançado em 21 de Julho de 2001 sob o nome de “Wild Shark” nos
estúdios do programa ‘Coda On Line’ após uma apresentação da banda num encontro
de RPG no Centro Cultural de Mogi Guaçu ao lado da banda GUERRILHA.
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Alexandre e Bomba com Eduardo Maia nos estúdios do Coda lançando o CD |
3 Meses depois a banda fechou
uma apresentação na noite principal do ‘4º Moto Mogi’ o maior encontro de motos
da região da Baixa Mogiana realizado em Mogi Mirim, tocando como última banda
do sábado para um público estimado pelo jornal local de 10 mil pessoas no
espaço aberto Complexo Lavapés também conhecido como ‘Zerão’,
onde a banda tocou por mais de 3 horas seguidas até o esgotamento e satisfação
total da banda e do público (e dos geradores de energia elétrica que quase
queimaram fumaceando o show todo). Este mesmo evento que um ano antes era
organizado por aquele elemento que ignorou a banda neste ano foi organizado e
dirigido por um profissional do ramo estabelecido em São Paulo. A banda WILD
SHARK formou uma estratégia com o pessoal da banda LETAL para ambas as bandas
tocarem naquele palco neste ano sem interferências exteriores. Após 3 meses de
inúmeros telefonemas e e-mails eles conseguiram tocar no Sábado à noite. Segundo
a banda, na hora que chegaram para tocar na noite de sábado o responsável pelo
palco não queria deixar a banda tocar, terminando o evento mais cedo devido ‘a
sobrecarga dos geradores de energia (era a época do Apagão), com Alexandre e Cré quase partindo pra cima
do cara na agressão física eis que surge Eduardo maia (o mentor do ‘Coda On
Line’) que intercedeu pela banda usando a diplomacia com o cara, liberando o
show da banda em seguida. Esse foi o maior público para o qual ambas as bandas
chegaram a tocar.
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Cré e Doido |
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Formiga |
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Paulinho Bomba (3 momentos do '4º Moto Mogi') |
5 dias depois a banda ia para
Campinas pela primeira vez tocar no Campus de Quimica da Unicamp na
‘Festa da Catuaba Selvagem’ ao lado da banda LE FOU.
Mais um show na semana seguinte,
com a nova banda do baterista Gustavo Formiga, TAQUICARDIA que ele montou com
seu irmão numa chácara para pouquíssimas pessoas. Depois de uma bateria de
shows lotadássos foi meio que um mal presságio esse show, mal esse que se
confirmou na semana seguinte quando tiveram a honra de abrir um show da
PATRULHA DO ESPAÇO que estava de volta a Mogi Guaçú na Tempo Clube para
lançar o “Dossiê-Volume 4” e o WILD SHARK aproveitou para lançar para a
imprensa o seu CD demo “Wild Shark” também. Várias entrevistas em jornais da
região não foram o suficiente para tirar o povo de casa e fazê-los ir ao show
que estava vazio, menos de 50 pessoas. E nesse clima triste o ano acabou para a
banda que só retornou aos ensaios em Janeiro do ano seguinte.
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resenha da Roadie Crew |
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Edição 38 onde saiu a resenha da demo |
Mesmo com a resenha positiva que
saiu da banda na edição numero 38 de fevereiro de 2001 da revista ROADIE CREW
(na época a segunda maior revista da América Latina, hoje a primeira) o
guitarrista Paulinho Bomba e o baterista Gustavo Formiga resolveram sair da
banda para montarem uma banda de Blues. Com Cré indiferente à situação
Alexandre se viu sozinho em dar continuidade à banda, mantendo o mesmo nome
passou 5 meses para ele arrumar outros integrantes que sustentaram o nome por
mais 2 anos, Luiz Cláudio (guitarra ex-LE FOU), Luciano (baixo ex-DANÚBIO) e
Fredd Cassiano, renomado tatuador que acabara de voltar da Europa onde tinha
tocado numa banda folk italiana chamada ARROIO.
Com essa formação básica e uma
rotatividade de segundo guitarrista a banda apesar de não ter produzido nada de
autoral e nem gravado nenhuma música (na verdade existe um ensaio com o esboço
do que seria uma canção inédita que nunca viu a luz do dia), eles se mantiveram
na estrada por quase 2 anos e tocaram com o GOLPE DE ESTADO em Mogi Guaçu além
de rodarem a região em shows sempre memoráveis e lotados que pararam sem motivo
em dezembro de 2003.
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último show da primeira formação. |
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CD e release enviado para imprensa. |
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Matéria de Jornal com a PATRULHA DO ESPAÇO |
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Segunda line-up da banda: Luiz Cláudio, Luciano, Alexandre e Fredd |
Em março de 2004 sai uma nota no
site e na revista ROADIE CREW e em vários outros sites da parte do vocalista
Alexandre Doido que dava a entender que a banda faria uma pausa forçada de
tempo indeterminado, por descaso de alguns envolvidos, mas a banda nunca mais
voltaria a tocar.
No ano seguinte Alexandre e Fredd
tentaram seguir adiante em novas formações que renderam apenas um show em um
evento enorme em 2005 na cidade de Estiva Gerbi (olha ela aí de novo, onde tudo
começou 5 anos antes, tudo acabou), o “2º Estiva Moto Fest” sob o nome de
GAMBIARRA SANGRENTA (http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2012/04/coda-open-air-ou-2-estiva-moto-fest.html). E ainda em Julho do
mesmo ano Alexandre se apresentou ao lado de Luciano e mais 2 amigos numa banda
chamada CARNE-CRUA nas festividades de 13 de Julho (Dia Mundial do Rock) na
cidade de Itapira. Esta foi a última vez que 2 membros do WILD SHARK se
apresentaram juntos. Atualmente Alexandre anda ensaiando com uma nova banda
chamada METALMAD, formada 2 anos atrás.
Ainda hoje fala-se no WILD SHARK
sempre que algum ex-membro se apresenta na região de Mogi Guaçu/ Mogi Mirim/
Itapira, inclusive com a inclusão da banda nos arquivos do site gringo
Encyclopaedia Metallum em 2004 (http://www.metal-archives.com/bands/Wild_Shark/17017),
ou seja a banda marcou época, eles fizeram sua parte para a cena ROCK AND ROLL
da Baixa Mogiana e aqui fica registrada a biografia da banda WILD SHARK mesmo
que ela nunca volte, afinal, ela não acabou, apenas ‘suspendeu seus trabalhos
por período indeterminado’ segundo Alexandre Doido naquela ROADIE CREW de
2004...
(Nota do Redator: Qualquer semelhança com o nome do blog
não é mera coincidência)
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Luiz Gustavo Formiga (bateria) |
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Cléber 'Cré' (baixo) |
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12 de Maio de 2001 - 'Encontro de Motos de Mogi Guaçú' (segunda noite) |
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21 de Julho de 2001 ('Encontro de RPG') Centro Cultural Mogi Guaçu |
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Camarim amarelo da Tempo Clube 'II Projeto Coda' (03/02/2001) |
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