Recentemente o TUATHA DE DANANN se apresentou em
Joinville/SC num festival que teria cobertura da TOCA DO SHARK (“Armageddon Metal Fest”, leia como foi em: http://tocadoshark.blogspot.com/2019/06/armageddon-metal-fest-2-edicao-01062019.html) e
eu, como bom fã das antigas, não deixaria passar a oportunidade, não só de
rever essa grande banda em ação, como também de trocar uma palavrinha com a
banda. Infelizmente ficou inviável reunir a banda toda para um bate papo, o
evento era tão grande e com tanta gente que os músicos estavam espalhados
curtindo cada momento, mas consegui trombar com Bruno Maia, fundador,
vocalista, guitarrista, flautista e letrista da banda na sala de imprensa
durante uma outra entrevista. Fomos ali pra um canto da sala para uma
entrevista exclusiva dele para a TOCA
falando sobre tudo, desde a realidade triste vivida na política mundial
vigente, até seus trabalhos solos, passando pelas agruras sociais brasileiras e
um futuro disco do TUATHA que ainda
está promovendo seu mais recente álbum “The
Tribes of Witching Souls”.
TOCA
DO SHARK: Eu já vou começar a entrevista indo direto ao assunto, ‘Your Wall Shall Fall’, uma canção com
letra polêmica, anti essas políticas separatistas que o mundo atual enfrenta em
vários países, vocês convocaram os fãs através das redes sociais a fazerem
parte do clipe desta canção protestando cada um em sua cidade, mundo afora...
BRUNO
MAIA:
É ‘Your Wall Shall Fall’ não era pra
ser tão polêmica. Eu até acho que nem é tanto. Na verdade a letra toca sim um
pouco na ferida, pois, querendo ou não, o país está dividido só que eu acho que
tem muita gente que nem entende.
A situação é
tão louca que, quando nós convocamos as pessoas para participar, teve uma
menina que mandou uma foto usando uma camisa do Bolsonaro (risos). Acho que ela
não entendeu nada, claro que a gente não colocou a foto no clipe. A letra não
era anti-Bolsonaro, mas ele está no meio disso tudo, e exalta esse tipo de
discurso de exclusão, divisão, perseguição, enfim, essas coisas da ‘direita
paranóica’... Mas eu acho que ela não foi tão polêmica, as pessoas que não
entenderam e muitas não ligaram uma coisa com a outra. Elas acham que o Brasil
não tem esse tipo de problema, que tá longe daqui... É um conceito universal,
está acontecendo em várias partes do mundo e as pessoas não percebem ainda o
quanto isso está forte aqui.
(N.R.: veja o vídeo com os fãs em https://www.facebook.com/bruno.b.maia.73/videos/vb.100003903023473/1255096337963788/?type=2&video_source=user_video_tab ).
T.S.:
Agora sobre o novo álbum “The Tribes of
Witching Souls”, fale mais sobre ele e sobre a aceitação dele.
B.M.: O “Tribes...” é o novo disco e estamos
muito felizes com ele e é um disco que representa muito o quê o TUATHA DE DANANN é hoje (N.R.:
Atualmente a banda é formada apenas pelos fundadores Bruno Maia nos vocais,
flautas e guitarras e Giovani Gomes no baixo/vozes além do tecladista Edgar
Britto com mais alguns músicos contratados). A aceitação aqui no Brasil está
muito boa, fãs, crítica, a galera ta se inteirando bem com as músicas, cantando
elas nos shows, ótimas críticas na mídia. Lá fora o disco ainda não foi lançado
oficialmente, apenas distribuições via streaming,
não física ainda, estamos cuidando disso para breve, vamos ver no que vai dar.
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TUATHA DE DANANN (Edgar Britto - t, Bruno Maia - g/v/f, Giovani Gomes - bx) |
T.S.:
Vocês estão rodando o Brasil atualmente, depois vão pra fora...
B.M.: É,
na verdade não negociamos nenhuma turnê pro exterior ainda, somente o
lançamento do disco físico. Existiram umas propostas pra irmos pra fora agora,
mas do jeito que foram postas nós não queremos. Se não compensar pra nós não
vamos. Agora aqui estamos tocando demais, ta incrível!
T.S.:
Atualmente o Brasil tem muitos festivais e os principais focos aparentam ser
Santa Catarina e Minas Gerais. Fale do seu ponto de vista, já que é também um
produtor de festival, pois tratamos de um país de proporções continentais, onde
existem várias opções geograficamente opostas para o público do Metal.
B.M.:
Como você falou somos um país continental e um país pobre pra caralho também! É
muito caro viajar pelo Brasil, sempre foi e atualmente está mais, nem bagagem
mais você pode levar. O governo fode com a gente como pode e então esse fator
econômico pesa muito na hora do cara escolher, pois tem que pegar um avião
muitas das vezes. Só que, com certeza, o sul do país ta promovendo muitos
festivais legais, Santa Catarina principalmente. Minas já teve mais, mas ainda
tem muitos também. E eu acho que um festival é a melhor forma que você tem de
apresentar uma banda para um público grande. Não precisa ser um festival
grande, mas sim um festival que vá elencar bandas de vários estilos diferentes
dentro do Rock, igual este aqui que
estamos em Joinville. Esses festivais atraem públicos de várias tendências
diferentes que, querendo ou não, estarão conhecendo bandas novas de estilos
semelhantes aos que gostam ou nem tanto, mas dentro do mesmo universo, bandas
de outros estados. E essa dinâmica que acontece nos festivais é muito positiva
tanto pro público quanto pras bandas se apresentarem para várias pessoas que
talvez nunca fossem ouvi-las. Fora a interação entre os músicos e fãs que é
mais direta.
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(Foto: Kaká Gomes) |
T.S.: Eu
to sabendo que vocês já estão com um disco novo engatilhado pra 2019 com um
conceito diferente. Fale sobre isso, já que o mais recente disco de vocês saiu
à bem pouco tempo e ainda estão divulgando ele.
B.M.: É
verdade, é uma idéia antiga que a gente tinha, só que agora nós achamos ‘o pulo
do gato’. Nós vamos lançar um disco somente com música tradicional irlandesa
que o povo acostumou chamar de celta, mas é irlandesa, tanto as instrumentais
como canções anônimas, aquelas que tem suas autorias perdidas através dos
séculos... A gente vai gravar agora, só não sabemos se vamos lançá-lo ainda em
outubro deste ano ou no ano que vem.
T.S.: E os seus projetos solos KERNUNNA e BRAIA, tem
alguma coisa em vista?
B.M.: O KERNUNNA
infelizmente não tem nada em vista ainda, tomara que a gente mude isso em
breve. Tem um projeto aí de música instrumental misturando música celta com
brasileira que talvez a gente lance com o nome de BRAIA, como se fosse um BRAIA
instrumental, não sei, mas tem um ‘trem
novo’ pra sair, coisa minha, talvez com participação dos caras da banda (TUATHA) também, tomara que saia no
formato instrumental.
Bela matéria TS
ResponderExcluirA apresentação do dia 13 de julho no Araraquara Rock também foi avassaladora.
Vida longa à Toca e Tuatha.