Após um show enérgico e pesado do UGANGA em Limeira (SP) no dia 10 de Julho, falei com o vocalista Manú Joker sobre o momento atual da banda e o novo álbum “Libre!” que foi lançado em Junho em todas as plataformas digitais e em breve também em formato físico.
TOCA
DO SHARK: O UGANGA está com um álbum novo saindo agora, “Libre!”, eu
gostaria que você falasse um pouco sobre o conceito do álbum.
MANÚ
JOKER: Cara, a gente tinha o “Servus” que ainda era um álbum
muito recente no começo da pandemia, tivemos que interromper a tour que tinha
recém começado, tínhamos feito apenas
alguns shows, com RATTUS, GAROTOS PODRES, CLEMENTE, OLHO SECO, a turnê estava
engrenando, tínhamos datas na Europa, Rússia, aí veio a pandemia e mais uma
porção de coisas junto, mudamos nossa assessoria de imprensa, troca de
integrante, nossa página no Instagram
foi hackeada, tudo junto, além de
mortes, perdas de amigos queridos.... E aí a gente sentiu tanta inspiração pra
compor mais e ao mesmo tempo nós pensamos num EP porque o “Servus” ainda estava muito recente na nossa cabeça,
tínhamos muito o que trabalhar nele, um disco que deu muito trabalho e nos
orgulha muito. Por isso esse EP é
meio que um complemento do “Servus”, mas o consideramos um álbum pois tem muita
banda de hardcore que eu gosto que
tem álbuns com a mesma duração.
Nós quisemos que ele fosse mais direto e curto também na
sua duração e até mais experimental que os anteriores, com poucas colaborações,
tem mais o pessoal do som eletrônico, ele é mais resumido à banda no quarto de
ensaio mesmo e estamos muito orgulhosos desse álbum e já começamos a turnê
dele, já está em todas plataformas digitais e à partir do final de Julho
teremos em formato físico disponível no site da Xaninho Discos (https://xaninhodiscos.com.br) e na
Incêndio Shop (https://incendioshop.com.br)
.
T.S.: E
sobre o título “Libre!”?
M.J.: Eu sempre
gostei de bandas e artistas latinos, não só de Metal, vão desde MASSACRE do Chile até VÍCTOR JARA e eu sempre
pensei do porquê que nós criamos essa barreira por causa da língua e só olhamos
pra Europa e pros EUA culturalmente e esquecendo o tamanho da América Latina?
Então foi pra firmar isso, que, apesar da nossa língua, somos um povo latino,
somos irmãos de todos e o disco fala da liberdade de todas as maneiras, seja
pegando a estrada, seja seguindo seu sexto-sentido, enfim, é um disco que trata
sobre a liberdade, mas não contando uma mesma história.
T.S.: E
sobre o resgate da faixa ‘I.S.O. 666’, que foi lançada originalmente em no “Vol.3:
Caos Carma Conceito” de 2010? A letra dela continua muito atual...
M.J.: É
meio clichê falar isso, mas infelizmente ela ainda está muito atual. A gente tá
vendo aí a galera normalizar a poluição em função de planilha de Excel. É esse mundo ridículo em que a
gente está vivendo e o Brasil conseguiu ficar no c* do mundo literalmente.
Espero que as coisas melhorem um pouco com os resultados dessa eleição que está
vindo aí, não sou ‘chaveirinho de político’ nenhum, mas nesse cara que tá aí
não dá né? Tem que ser muito mal caráter pra seguir apoiando um governo desses!
T.S.: Agora
a banda está com um novo guitarrista, Umberto Buldrini, fala mais dele pra
gente, como se deu essa escolha?
M.J.: A
entrada do Umberto foi crucial pra essa nova fase da banda, esse novo gás que
ele trouxe, o outro guitarrista que estava na banda era um cara que tocava na
noite, músico assalariado e não podia se dedicar muito, aí o Umberto me
procurou, sabendo que estávamos nessa busca de um novo guitarrista e falou, “...cara, sou de Avaré (SP) você me
conhece, curto pra caralh* o som do UGANGA e tô pronto!”, era o que eu
precisava escutar “tô pronto”.
Aí ele foi pra Araguari (MG) e a gente desenrolou, ele compôs muito com a
banda, até letra, hoje dia é muito raro, eu escrevo 99.5% das letras da banda e
escrevi com ele, daí ele mixou o disco, eu fiz a produção musical, nós gravamos
as baterias nos estúdios Family Mob,
eu gravei os vocais em Araguari no Mundo
da Lua Estúdio e finalizamos, captamos as guitarras e tudo mais no Audio Ground estúdio que é dele em Avaré.
Não foi por isso, mas, se ele veio com um estúdio, melhor ainda hahahah...
T.S.: Como
você tocou nesse assunto das letras, gostaria que você falasse da letra de ‘Retrovisor’,
faixa do álbum novo que inclusive vocês tocaram hoje aqui no show.
M.J.: Ela
fala daquela sensação de quando você está começando um momento novo da sua
vida, tipo quando você pega a estrada sozinho e você começa a ouvir uma música
e pensar um monte de coisa e aquilo meio que brilha dentro do carro como uma
nova emoção, e aí você precisa parar, você para o carro e dá uma relaxada. Na
verdade, é uma metáfora com o próprio retrovisor do carro, a gente vai pra
frente, acelerando mas não deixa de olhar pra trás tanto pra valorizar o que
passou quanto pra ficar atento com o que está vindo, um pouco de sexto-sentido,
espiritualidade... Nossos temas sempre vão a mais lugares do que uma coisa só, é
isso.
Fotos: Carina Cossa e Alexandre Wildshark
Ouça mais no nosso programa de rádio em https://mixcloud.com/alexandre-quadros
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Marco Henriques (bt) |
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Raphael Franco (bx/v) |
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Christian Franco (g) |
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Raphael Franco, Manú Joker, Christian Franco, Marco Henriques e Umberto Buldrini conosco após o show. |