TOCA DO SHARK: Como se deu o retorno do CENTÚRIAS?
RICARDO RAVACHE: Em 2011 houve uma edição especial do 'Stay Heavy Metal Stars', do Programa Stay Heavy, com suas tradicionais jams,
dessa vez com petardos do Metal Nacional. Fui convidado para tocar a música 'Massacre',
do TAURUS. No decorrer do evento, quando rolou a música 'Metal Comando' do CENTÚRIAS,
o Cachorrão foi convidado para subir no palco e dividir os vocais,
absolutamente de improviso. Nisso, eu, o Paulão Thomaz e o Tadeu Dias, que
fizemos parte da banda no passado, também subimos e ficamos agitando. Logo em
seguida, o nosso amigo Ricardo Batalha não teve dúvida: chamou o Cachorrão na
chincha e ordenou a volta da banda!
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Nilton 'Cachorrão' Zanelli (v) |
T.S.: É verdade que vocês foram ‘pedir a bênção’ do Paulão Thomaz (atual
BARANGA e KAMBOJA)?
NILTON "CACHORRÃO" ZANELLI: O Paulão é o único fundador do
CENTÚRIAS que esteve em todas as formações e, para que essa volta se
concretizasse, tínhamos que conversar com ele para saber se gostaria de
participar – em caso negativo, se permitiria o uso do nome. Ele disse que não
seria possível participar por estar focado no BARANGA e agora também no KAMBOJA,
mas não se opôs que déssemos sequência ao legado do CENTÚRIAS. É por isso
brinco que o Paulão 'deu a benção' para essa volta. Foi uma questão de respeito
mesmo.
T.S.: Falem um pouco sobre os músicos Roger Vilaplana (g) e Julio
Príncipe (bt), de quais bandas eles vieram e como chegaram ao CENTÚRIAS?
CACHORRÃO: O Roger é nosso amigo dos anos 80, ele tocava guitarra no NOSTRADAMUS
e sempre nos víamos no Rainbow Bar, lugar onde muitas bandas que fizeram parte
da cena da época tocavam e trocavam ideias. Uma coincidência interessante é que
ele tem participação na autoria em cinco faixas que foram gravadas
posteriormente no álbum “Ninja” de 1988. O Julio também é nosso amigo de longa
data e, além de ser um excelente baterista, está se mostrando um grande
compositor. Outra coincidência é que ele tocou no FIREBOX após a saída do
Paulão, ou seja, de certa forma está tudo em casa... (risos). Ele toca também
no AGGRESSION TALES.
Julio Principe (bateria) |
Roger Vilaplana (guitarra) |
RAVACHE: A 'Ruptura Necessária' foi um caso de letra escrita sobre a
música já pronta. Numa noite, há dez anos, eu brincava no teclado quando surgiu
o tema inicial. Aquilo ficou na cabeça e, com o passar do tempo, foi tomando
forma, mas alguma coisa me dizia que aqui 'dava samba' (risos). Recentemente, quando chegou o momento de o CENTÚRIAS
começar a criar material novo, foi natural que eu apresentasse a 'Ruptura...',
porém não tinha letra. Bastou uma noite de insônia para que ela surgisse.
Precisava de uma temática forte com palavras sérias e, além disso, a ideia era
privilegiar a voz, que deveria soar, por vezes, incisiva e agressiva e por
outras, melodiosa. 'Sobreviver' é criação do Julio Príncipe, nosso baterista,
que se revelou um grande compositor! Ela também nasceu num teclado... Segue a
linha da 'autoajuda', da palavra de ordem e ânimo, da energia e determinação
que todos precisamos para ‘matar o leão
diariamente’ – sem alusão ao Leão, nosso querido amigo e cunhado do próprio
Julio (risos). O simples e genial refrão é obra do Cachorrão.
T.S.: No show do "Super Peso
Brasil" vocês tocaram outra canção inédita que não saiu nesse novo EP "Rompendo
o Silêncio", que era ‘Inúteis Palavras’. Por que não saiu nesse
lançamento?
CACHORRÃO: A 'Inúteis Palavras' é uma música que gosto muito e foi
gravada em 2009. Ela foi composta pelo Ravache e fará parte do documentário “Brasil Heavy Metal” que, apesar de
muitos atrasos, deverá ser lançado no primeiro semestre de 2014. Para manter o
ineditismo, ainda não foi divulgada sua versão de estúdio, a pedido do produtor
desse projeto, mas já faz parte do set list atual do CENTÚRIAS.
RAVACHE: Sim. Temos nos apresentado com uma regularidade quase que
surpreendente para nossa expectativa inicial, o que nos deixa muito felizes. A
banda sempre teve uma atuação local. Após o 'Rompimento
do Silêncio', nós pelo menos já saímos do estado (risos). Já tocamos no Rio
de Janeiro a convite do METALMORPHOSE, com o STRESS e SALÁRIO MÍNIMO. Temos
recebido sondagens para eventos em outros estados, com boas possibilidades de
levarmos o Metal paulista pelo Brasil afora. Felizmente, a agenda está num
ritmo bom de apresentações. Quanto ao Metal em português, só vejo público e
bandas cada vez mais honrando e trabalhando em prol dessa causa. Acho isso
sensacional!
CD novo e as famosas plaquinhas que são lançadas ao público! |
T.S.: O que vocês têm a dizer sobre o show do "Super Peso Brasil" e de como se deu a escolha de André
Góis (VODU, DESASTER) como convidado especial?
RAVACHE: O “Super Peso Brasil”
ainda está sendo processado nas mentes de todos que participaram. Sucesso
absoluto de público, numa casa com a tão merecida qualidade de som, um clima de
absoluta amizade e confraternização, um dia extremamente agradável e shows
matadores (perdoe a falta de modéstia) por parte de todas as bandas, com direito
a fim apoteótico com todos os músicos em cima do palco. Todos saíram de lá na
expectativa de não digo uma, mas várias continuações. Ficou provado que um
evento de Heavy Metal cantado em português bem organizado chega a ser lucrativo
para os organizadores. Foi descoberta a fórmula do sucesso! Quanto ao André
Góis, não foi apenas um convidado especial, mas também um amigo especial de
longa data, afinal de conta, VODU e CENTÚRIAS dividiam o palco no Espaço
Mambembe lá por volta de 1987. Além disso, o André mostrou uma garra, segurança
e domínio de palco impressionante. Esse menino mandou bem. Tem futuro (risos).
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CENTÚRIAS com André Góis (VODU, DESASTER) no show do "Super Peso Brasil" |
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André Góis e Cachorrão cantando os clássicos do "S.P. Metal I" (1984) |
T.S.: O que podemos esperar do CENTÚRIAS para 2014?
CACHORRÃO: Muitos shows, novas composições e, se tudo der certo, um novo
CD. O single “Rompendo o Silêncio” foi um exercício para saber como nos
sairíamos em estúdio e pelas opiniões que recebemos as novas músicas estão
tendo uma ótima aceitação. Isto nos deixa motivados para seguir em frente com
mais força ainda e usando uma frase da 'Sobreviver': 'A máquina não vai parar...'.
Contato:
www.facebook.com/centuriasheavymetal
www.centurias.com.br
Shows e merchandising: contato@centurias.com.br
RESENHA:
“Rompendo o Silêncio” (2013 – EP)
FAIXAS:
1 – Ruptura Necessária/
2 – Sobreviver/
E a poderosa força
metálica dos anos 80 paulistana está de volta!
Sim, o CENTÚRIAS,
depois de longos 25 anos resolveram literalmente romper o silêncio e lançar
este EP com 2 músicas (sim, eu sei que é beeeeem pouco, mas já é um ponta pé
inicial), aliás, tratando-se de veteranos da cena, menos é mais e que belos
futuros-hinos são essas 2 faixas.
Com toda aquela aura
oitentista de ‘Luta e Honra, Glória e Poder’ (como diz a letra de ‘Ruptura
Necessária’), mas com a vantagem das gravações excelentes do século XXI e a
experiência acumulada dos músicos, como por exemplo as linhas de baixo
incrivelmente pesadas e elegantes de Ricardo Ravache ou dos vocais (mais)
fortes e bem afinados de Nilton ‘Cachorrão’ Zanelli, aliados à bateria precisa
e sustentadora de Júlio Príncipe e a guitarra áspera e cortante de Roger
Vilaplana, esse EP é uma bela porta de entrada para novos fãs e um belo
presente aos velhos fãs que se mantiveram fiéis e felizes com o retorno da
banda.
Que venha um álbum
completo agora Centurianos!
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Discografia oficial anos 80 |
FOTOS: Brasil Music Press (http://www.brasilmusicpress.com), Ricardo Ferreira e Kubometal Fotografia Undergound (https://www.facebook.com/KUBOMETALFOTOGRAFIA?fref=ts).
Agradecimentos finais a Ricardo Batalha e todos membros da banda CENTÚRIAS por ter nos atendido tão bem e educadamente, Ricardo Ravache, Nilton Zanelli, Julio Príncipe e Roger Vilaplana.
Parabéns pela matéria, o Metal cantado em português voltou com força, e é muito bom que o Centúrias esteja na ativa!
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