domingo, 27 de maio de 2018

14 ° VIRADA CULTURAL (2018) – ROCK AND ROLL, FRIO E CELEBRAÇÃO!



   Em 2008 eu vivia a minha primeira experiência neste evento multicultural de 24 horas na capital paulista, foi paixão à primeira vez e desde então falhei poucas edições.
  De lá pra cá muita coisa piorou, a violência descabida aumentou vertiginosamente, o acúmulo de lixo também, as opções culturais diminuíram e as atrações internacionais também, mas nada que tenha me afastado desta grande celebração às artes ao ar livre. Tudo grátis e ao alcance de quem se dispor a ir ao (infelizmente) temido centro velho de São Paulo, que, pra mim, é um mergulho no submundo urbano da maior megalópole do país.
  E pra celebrar meus 10 anos de Virada Cultural fui assistir algumas celebrações que rolariam este ano, como o show de 50 anos do MADE IN BRAZIL, a celebração à obra do arranjador e organista Lafayette, veterano da Jovem Guarda que gravou com quase todo mundo e hoje se apresenta com o grupo LAFAYETTE E OS TREMENDÕES, e principalmente a PATRULHA DO ESPAÇO com o show que, além de ser parte integrante da sua turnê de despedida, também celebra os 40 anos da banda e ainda por cima reuniu sua melhor formação (na minha opinião), a formação dos anos 2000, um feito mágico que diz muito da minha formação Rockeira. Além de tudo isso ainda vi outros bons shows, pontuados, pois não fiquei 24 horas no evento devido à minha atual logística complicada.
Chuva na terra da garoa (ah vá?)

  Pois bem, chegando logo cedo à capital paulista me deparei com um temporal que arrastaram algumas tendas já armadas pra Virada. O tempo bem fechado e ventania me preocupou com o que viria no decorrer do dia que seria bem longo até as 18hs, horário em que o evento começa. O tempo passou, o céu ameaçou limpar, mas não, o vento gelado permaneceu. 
Por volta das 17:30 com as primeiras atrações já se mobilizando e passando o som em alguns palcos uma garoa apertou, todo mundo ficou tenso, mas não passou daquilo que só serviu pra baixar mais a temperatura e eu estava diante do dito palco “ROCK” que nada mais era do que uma tenda grande armada sobre alguns andaimes na rua 7 de Abril (próximo à Av. Ipiranga) onde tocariam grandes nomes como KRISIUN e RATOS DE PORÃO no domingo (não sei como) e nomes promissores da nova safra como EGO KILL TALENT e o BLACK PANTERA que era quem iria abrir as festividades e quem eu queria ver. Logo de cara o Power trio de Uberaba/MG entrou metendo o pé no peito da platéia que já era numerosa e com vários fãs dos caras. Chaene Gama (bx/v), Charles Gama (g/v) e Rodrigo Pancho (bt) entraram no palco com atitude de ‘jogo ganho’, demonstrando seu carisma e experiências angariadas nesses últimos quatro anos rodando o Brasil e o Mundo underground (sim, a Europa já foi visitada). 

   A banda começa com um som do novo disco “Agressão” que será lançado ainda em junho, ‘Sexto Dia’ já ganhou atenção dos que estavam presentes e na segunda faixa ‘Ratatatá’ do primeiro play a audiência já batia cabeça sem parar, daí em diante foi só doideira e caos, quem ia chegando ia se envolvendo e se misturando, a roda ia aumentando e era comum ver pessoas se jogando no mosh pit com copos na mão, de óculos e até de mochilas, um ritual de entrega pura e simples de corpo e alma, algo retribuído pela banda que se entregava ao máximo no palco e fora dele, afinal, em determinado ponto do show até o guitarrista/vocalista Charles Gama desceu do palco pra bater cabeça com o público numa atitude que demonstrava total humildade, 
BLACK PANTERA na humildade
o que foi praticado pela banda antes e depois do show confraternizando com o público presente. Interessante era notar o espanto dos transeuntes ocasionais que passavam e viam ‘três negões’ (esqueça o politicamente correto por favor) no palco praticando um som extremamente pesado e grooveado, afinal o senso comum esperaria reggae ou algo mais voltado ao popular, enfim, foi um enorme prazer conhecer e comungar desses momentos de extrema entrega underground no primeiro show da Virada Cultural ao lado de uma banda tão talentosa quanto é o BLACK PANTERA que teve seu show totalmente transmitido via Facebook Live e você pode encontrar este show na página da banda em: https://www.facebook.com/BlackPanteraoficial/
Ou saber mais sobre eles aqui na Toca mesmo:
SET LIST BLACK PANTERA:
SEXTO DIA, RATATATA, GODZILLA, ABRE A RODA E SENTA O PÉ, TACA O FODA-SE, REDE SOCIAL, ALVO NA MIRA, O ÚLTIMO HOMEM EM PÉ, EXTRA , EXECUÇÃO NA AVENIDA 38, ESCRAVOS, BACULEJO e BOTO PRA FUDER
Charles Gama (g/v), Rodrigo Pancho (bt) e Chaene Gama (bx/v)
BLACK PANTERA
  Após uma pausa para jantar, cara, minha crítica à organização deste ano fica a cargo do fato das bandas terem 1 hora para se apresentarem e os intervalos entre uma atração e outra ser de 1:30h, não era pra ser o contrário? Em 1:30h o clima esfria (ainda mais sob 10° ou 11° como era o caso) e o público se dispersa, prejudicando a audiência do artista, enfim... Usei esta uma hora e meia pra ir jantar, botar os ossos e músculos deslocados no lugar e apreciar a festa ao meu redor, onde vi várias formas de arte espalhadas pelas ruas e até prédios, uma experiência mágica!


Arte pra todo lado e de todas as formas

  Agora vamos rumar ao palco defronte ao clássico edifício COPAN na, não menos clássica Avenida Ipiranga, o palco “História do Rock” que traria veteranos como LAFAYETTE E OS TREMENDÕES, PATRULHA DO ESPAÇO, MADE IN BRAZIL e INOCENTES (que foram as que conferi), AS MERCENÁRIAS, MUNDO LIVRE S/A, DEAD FISH e os PARALAMAS DO SUCESSO pra quem ficaria no domingo.

  Pouco antes da banda capitaneada por Gabriel (AUTORAMAS) e Érica (ex-PENÉLOPE e atual AUTORAMAS) subir ao palco com o veteraníssimo tecladista/arranjador/organista Lafayette, um séquito de senhoras respeitáveis e senhores da ‘melhor idade’ vestidos a caráter, com suas camisetas de banda, calças justas, cinturões e chapéus estilizados grudaram na grade para dançar ao som dos clássicos da Jovem Guarda, todos arranjados e gravados pelo já citado mestre das teclas Lafayette que aqui seria acompanhado por jovens músicos na banda/celebração LAFAYETTE E OS TREMENDÕES, que desfilaram clássicos e mais clássicos imortalizados nas vozes de JERRY ADRIANI, WANDERLÉA, ROBERTO E ERASMO entre outros, claro que os momentos mais esfuziantes da platéia foram nos clássicos malditos que o ‘Rei’ Roberto gravou, como ‘Negro Gato’, ‘Você não Serve pra Mim’, ‘Como é Grande o meu Amor por Você’ (na voz e interpretação angelical da incrível Érica) e aquela que foi apresentada por Gabriel como ‘...aquela que o rei não gosta mais de tocar, mas o Lafayette sim...’ e todo mundo já sabia, ‘Quero que vá Tudo pro Inferno’ fez todo mundo ir ao delírio. Por falar em delírio, toda vez que Lafayette partia pro solo nas canções, os jovens músicos cercavam ele em posição de idolatria o que era reverenciado também pela platéia, e o tímido Lafayette se escondia debaixo de seu bonezinho. Um grande espetáculo que me fez voltar à minha infância, que, apesar da tenra idade, foi mergulhada naquelas canções que minha mãe e meus irmãos mais velhos ouviam sem parar em casa.

  Depois desse mergulho na infância era hora de mergulhar na adolescência e vida adulta que foi e ainda é sonorizada ao som da incrível PATRULHA DO ESPAÇO que está se recolhendo ao hangar (desta vez em definitivo será?), fazendo shows que são anunciados como os de despedida, e este seria o segundo de três que a banda anunciou fazer na capital paulista, mas este é mais do que especial, pois iria reunir no palco os 4 músicos que ressuscitaram a banda em 1999, estou falando da formação mágica que gravou os discos de “Chronophagia” (2000) até “Capturados ao Vivo...” (2007), Rolando Castello Junior (eterno mentor da banda, bateria), Luiz Domingues (baixo/voz – ex- A CHAVE DO SOL e futuro PEDRA entre outros), Rodrigo Hid (futuro PEDRA) e Marcello Schevano (futuro CARRO BOMBA entre outros), acompanhados pela voz de Marta Benévolo, na banda desde 2010. Seria um set-list especial e foi mesmo, ver aqueles caras reunidos, parece que nasceram para tocar juntos e quem os viu na época dos discos como eu, vê-los tocando aqueles clássicos dos 80 como ‘Arrepiado’ (cantado por Hid e dedicado ao falecido Percy Weiss) e os que se tornaram clássicos dos 2000 como ‘Nave Ave’ e ‘Ser’ foi demais da conta. Ainda tiveram tempo de homenagear Arnaldo Dias Baptista (fundador da banda após sair d’OS MUTANTES) em ‘Sunshine’ executada ao piano por Schevano e de chamar no palco o grande vocalista Rogério Fernandes (ex-GOLPE DE ESTADO e atual CARRO BOMBA) para cantar ‘Cão Vadio’ pouco antes de Marcello emendar com a ótima ‘São Paulo City’ e ter sua impecável atuação estragada por um verdadeiro sem-noção que invadiu o palco para se aparecer!
  Vale ressaltar que quem brilhou nesta noite mesmo foram os guitarristas Rodrigo Hid e Macello Schevano que tem uma química perfeita ao improvisarem solos gêmeos nas canções abrilhantando mais o espetáculo e levando a platéia ao êxtase puro, amparados pelo baixo virtuoso do mestre Domingues e a bateria única de Castello Junior.
  A festa de Rock se encerrou ao som de ‘Columbia’ hino máximo dos patrulheiros (com direito a citação de ‘Layla’ do DEREK AND THE DOMINOS nos solos de Hid e Schevano) que deixaram o palco que logo menos foi preenchido pelos heróis do Rock, os irmãos Vecchione e a cinqüentenária banda MADE IN BRAZIL que fez uma festa daquelas com clássicos atrás de clássicos, como ‘Eu Quero Mesmo é Tocar’, ‘Vou te Virar de Ponta Cabeça’, ‘Os Bons Tempos Voltaram’ e ainda contarem com a aparição surpresa do lendário Simbas (eterna voz do CASA DAS MÁQUINAS) que invadiu os bastidores e o palco sendo até seguido pelos seguranças somente pra cantar o refrão de ‘Jack, o Estripador’ que estava sendo executada no ato da invasão e dar um beijo nos irmãos Vecchione, a platéia foi ao delírio!
Bangla (sax), Ziggy (g), Simbas, Oswaldo (bx/v), Rick (bt), Celso (g), Sol e Rubão (bv)
UMA BANDA MADE IN BRAZIL
  Ainda no mote das participações especiais tivemos o baterista Dimas ‘Destruidor’ Zanelli que gravou os dois discos “Pirata ao Vivo” com a banda por volta de 1984/1985 tocando a trinca ‘Gasolina’, ‘Paulicéia Desvairada’ e ‘Uma Banda Made in Brazil’ seguidas por ‘Amanhã é um Novo Dia’ interpretada pelo backin’vocals Rubão Nardo que acompanhou a banda durante os anos 80 e está de volta ao time desde 2012 mais ou menos.

  Para fechar homenagearam Cornélius Lúcifer com ‘Anjo da Guarda’ e emendaram com ‘Minha Vida é Rock and Roll’ quando foram surpreendidos com a produção do evento pedindo a eles para fazerem um BIS, justo eles que em 2012 foram postos pra fora do palco pela produção do evento que literalmente cortou a iluminação do palco e agora estava se redimindo (veja mais em http://tocadoshark.blogspot.com.br/2012/06/8-virada-cultural-sao-paulo-05-e-06-de.html). Pro BIS veio ‘Não Transo Mais’ e o fim de uma ótima apresentação que muito se deveu ao gás que o jovem guitarrista Guilherme Ziggy deu à banda desde a sua entrada.
SET LIST PATRULHA DO ESPAÇO: DEUS DEVORADOR, SER, NÃO TENHA MEDO, ARREPIADO, OLHO ANIMAL, FESTA DE ROCK, ROBOT, SUNSHINE, NAVE AVE, CÃO VADIO (Rogério Fernandes), SÃO PAULO CITY, COLÚMBIA
SET LIST MADE IN BRAZIL: , EU QUERO MESMO É TOCAR, VOU TE VIRAR DE PONTA CABEÇA, JACK O ESTRIPADOR, OS BONS TEMPOS VOLTARAM, GASOLINA, PAULICÉIA DESVAIRADA, UMA BANDA MADE IN BRAZIL, AMANHÃ É UM NOVO DIA, ANJO DA GUARDA, MINHA VIDA É ROCK AND ROLL
BIS: NÃO TRANSO MAIS
Oswaldo e Dimas Zanelli 
  Mais uma longa hora e meia durante a madrugada mais fria do ano até então e viria uma das principais bandas do Punk Rock nacional, INOCENTES em sua formação clássica com Clemente (v/g), Nonô (bt), Ronaldo (g) e Anselmo (bx) pra esquentar o amanhecer paulista com o primeiro hino ‘Rotina’ que senti estar levemente mais lento do que o acostumado, aliás, percebi isso em algumas outras faixas também, não sei se faz tempo que não vejo a banda e eles baixaram a rotação ou se era o frio de congelar os ossos, enfim, o que importa foi a sucessão de hinos Punks que encheram nossos ouvidos, pois ‘Expresso Oriente’, ‘Ele Disse Não’ e ‘A Cidade Não Pára’ foi uma trinca poderosa que só deu uma pausa pra Clemente explicar que o próximo som fazia anos que a banda não tocava e que ela tinha ganhado uma versão da banda alemã RASTA KNAST, ‘Escombros’, tinha tudo à ver, afinal, à poucos metros dali estavam os escombros do edifício ocupado que ruiu duas semanas antes assunto esse abordado por Clemente pouco antes de tocarem ‘Desequilíbrio’, mas antes tocaram ‘El Salvador’ com Clemente explicando que este país era nos anos 80 o que é a Síria hoje em dia, ou seja, foco de guerras americanas.
Clemente, Anselmo, Nonô e Ronaldo - INOCENTES
  Mais pra frente no set list recheado de clássicos tivemos versões para ‘São Paulo’ do 365 (com homenagem aos grandes nomes do reggae na segunda parte da canção) e ‘RDN’ da banda RESTOS DE NADA da qual Clemente fez parte bem antes dos INOCENTES existirem, e a cada som desses a roda de pogo aumentava mais e mais de diâmetro, engolindo todos que estavam ao seu redor. Era praticamente impossível se livrar dos ânimos exaltados dos presentes e seus corpos voando pra todos os lados! Também, com ‘Cala a Boca, ‘Não Acordem a Cidade’, ‘Pátria Amada’ e ‘Pânico em S.P.’ quem fica parado? 
Se tinha alguém parado esse mesmo não se segurou com os dois últimos presentinhos da banda que levou até o baterista Nonô a sair de seu posto e tomar o centro do palco com uma caixa e uma baqueta, festa pura e adivinhem quais foram os dois sons? ‘Should I Stay, or Should I Go?’ do THE CLASH e ‘Blitzkrieg Bop’ dos RAMONES. Necessário? Claro que não, devido ao sem número de hinos que os INOCENTES ostentam, mas, era tudo festa como eu já mencionei, e essa festa continuaria dia adentro com AS MERCENÁRIAS, mas aí eu não posso falar muito sobre, pois minha ‘complicada logística’ me impossibilitou de permanecer na festa.
SET LIST INOCENTES: ROTINA, EXPRESSO ORIENTE, ELE DISSE NÃO, A CIDADE NÃO PÁRA, ESCOMBROS, EL SALVADOR, MEDO DE MORRER, NEM TUDO PASSA, GAROTOS DO SUBÚRBIO, MISÉRIA E FOME, DESEQUILÍBRIO, SÃO PAULO, RDN (Restos de Nada), CALA A BOCA, NÃO ACORDEM A CIDADE, PÁTRIA AMADA, PÂNICO EM S.P.
BIS: SHOULD I STAY OR SHOULD I GO? (The Clash)
BLITZKRIEG BOP (Ramones)
OS INOCENTES
  Apesar de cansaço físico, o mental não existiu, voltei pra casa de alma lavada e mente sã, são e salvo também, apesar dos relatos de violência gratuita, mais uma vez passei incólume e agradeço por isso e esclareço a ausência de fotos dos shows à esse fato, não me arrisco demais, com equipamentos dando sopa e também vou mais pra celebrar a música do que registrar algo, afinal não sou jornalista credenciado e sim um fã obstinado que adora tudo isso. LONGA VIDA AO ROCK AND ROLL!
Sampa Rock City

Theatro Municipal durante o dia, fila já se formava
pros concertos da noite.


Detalhe do majestoso edifício COPAN
que ficou cercado por dois palcos de ROCK.

tietando o BLACK PANTERA

LAFAYETTE E OS TREMENDÕES

Clemente e Nonô (INOCENTES)

Clemente e Ronaldo (INOCENTES)

Oswaldo, Celso Vecchione e Sol Blessa (MADE IN BRAZIL)

Oswaldo Rock Vecchione (MADE IN BRAZIL)

MADE IN BRAZIL

Chaene Gama (BLACK PANTERA)

BLACK PANTERA

  Agradeço os clicks aqui presentes aos que os cederam:
Fernanda Antônia Bernardes (BLACK PANTERA)
Bruna Piccolo (demais fotos)

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