domingo, 31 de julho de 2016

QUIET RIOT CLÁSSICO no BRASIL – 18 ANOS DEPOIS.


  Em abril de 1985 o QUIET RIOT veio ao Brasil pela primeira vez na sombra da desunião da formação que se tornou clássica, pois o monstruoso baixista Rudy Sarzo já estava fora da banda, mas mesmo assim vieram e fizeram shows históricos, pro bem e pro mal, haja visto que destrataram a banda de abertura, os brasileiros do METALMANIA (saiba mais pelas palavras do amigo Will Dissidente em http://whiplash.net/materias/curiosidades/164230-quietriot.html ).
  Passados 13 anos e inúmeras formações diferentes e discos também díspares, eis que em dezembro de 1997 e janeiro de 1998 começaram os rumores de que teríamos, agora sim pela primeira vez, a formação clássica do QUIET RIOT no Brasil, aquela mesma formação que gravou os míticos “Metal Health” de 1983 e “Condition Critical” de 1984, a saber, Kevin DuBrow (v), Carlos Cavazo (g), Frankie Banalli (bt) e Rudy Sarzo (bx) trazendo ao Brasil a turnê de reunião que tinha acabado de participar de “Thunderbolt –a tribute to AC/DC” com ‘Highway to Hell’ e dias depois lançaria o disco “Alive and Well”.
  Eu ouvia QUIET RIOT desde pequeno na cola dos meus irmãos mais velhos e pirava desde 83 com aquele clipe de ‘Cum on Feel the Noise’ e jamais poderia sequer imaginar que um dia iria vê-los na minha cara ao vivo e bem (trocadilho infame), pois, também vamos analizar minha situação na época, eu tinha acabado de sair do meu emprego no escritório e começado a fazer em Campinas/SP um curso de Rádio e TV com ênfase em locução comercial, e tinha que viajar todo sábado pra tal cidade em questão do curso, ou seja, era um estudante duro e desempregado que estava sendo paitrocinado para estudar tal curso que meses depois realmente faria valer à pena, mas essa é outra história. O que me salvou na época era que o programa de Rock da rádio Educadora FM de Campinas, On The Rocks (ou simplesmente OTR) programa esse que eu acompanhava há anos era o programa que iria levar o QUIET RIOT a tocar em Campinas para sua dita festa de aniversário e o apresentador do programa, o locutor Rony Viana era um dos meus dois professores no curso, além dele me conhecer há alguns anos e foi aí que dei o golpe de misericórdia. Conversando com ele sobre esse tal show nos intervalos de uma aula em meados de março (em fevereiro a revista Rock Brigade já estava estampando uma página inteira com o cartaz provisório do show), indaguei se REALMENTE seriam os quatro membros originais que iriam tocar e que era meu sonho de infância ver os caras, eis que ele me ofereceu dois ingressos de Cortesia, foi um dos dias mais felizes da minha recém deixada adolescência (eu tinha acabado de completar 18 anos).
Propaganda de página inteira na Rock Brigade de Fevereiro de 1998
  Cheguei em casa contando pra minha irmã tal façanha e disse que ia vender um deles pois não sabia de ninguém que pudesse me acompanhar em tal rolê, além d’eu precisar da grana como informei acima. E na semana do show, uns dois dias antes, minha irmã disse que foi um cara na loja de calçados que ela trabalhava à procura de comprar um coturno e que disse à ela que era pra ir no show do QUIET RIOT perguntando se ela conhecia, ela disse que não só conhecia como o irmão caçula dela estaria neste show e tinha um ingresso sobrando pra venda, pois ela intermediou a venda pra mim sem eu nem ver a cara do tal comprador. Uns quatro anos depois disso acabei o conhecendo numa roda de papo num festival n’outra cidade da nossa região, onde falávamos de vários shows que vimos e quando mencionei o QUIET RIOT uma coisa puxou a outra e o tal cara se revelou dizendo que tinha sido ele que comprou o ingresso com a minha irmã na loja, coisas que só o Underground nos proporciona.
  O dia do show, era 04 de Abril de 1998, um sábado gelado de sol à pino na ‘cidade do vento’ e eu tinha aula do curso pela manhã, já fui pra Campinas preparado pra passar o dia lá pois nem sabia onde era a tal ‘Pedreira do Chapadão’ onde se realizaria o festival. Ah é, era pra ser um festival com inúmeras bandas iniciantes da cidade se revezando no palco durante o dia e mais à noite as mais profissionais da cena do interior de São Paulo entrariam em ação, a saber, KAVLA, DARKLAND, TRANSFIXION, ACRON entre outras e mais à noite seriam as principais M.V.P. (Michael Vescera Project), DR. SIN e finalmente o QUIET RIOT, mas............................ sabe-se lá o porquê a dita produção resolveram de última hora cancelar todas essas bandas nacionais que tocariam durante o dia nesse festival anunciado como “A Festa de 8 anos do OTR” e quando nós, os primeiros a chegar por lá após o horário de almoço, chegamos nos portões da tal pedreira (sim, era uma pedreira enorme em forma de concha, coisa gigantesca) e nenhuma banda se encontrava tocando e foi assim a tarde toda, inclusive a demora pela abertura dos portões desencadeou um princípio de confusão entre alguns de nós e a PM feminina que chegava no recinto, alguns minutos de tensão e muitos menores de idade envolvidos depois a coisa se apaziguou (o azarado aqui devia ser o único recém completado 18 anos). Até que no final da tarde os americanos do M.V.P. que trazia o guitarrista Joey Taffola e o ex-vocal do MALMSTEEN e LOUDNESS, Michael Vescera começaram a tocar e conquistaram a todos com sua competência, feeling, simpatia e carisma inseridos nas canções do seu álbum-debut “Windows”, mas quê público viu isso? Tinham ali uns 500 gatos pingados, pois é, afora a rádio Educadora e a TV Bandeirantes da regional de Campinas, praticamente não ouve divulgação decente e a banda só tocaria lá e dias depois no RJ, pulando SP e outras capitais, a coletiva de imprensa que deveria ser em Campinas foi transferida de última hora pra Sampa sem muitas explicações, tanto que as revistas especializadas da época nenhuma trouxe entrevista com eles e algumas até malharam à exaustão a dita produção que muitos músicos queriam pegar na porrada no dia do show devido aos tais cancelamentos e seguintes erros como alguns calotes proferidos que seguiram os dias à boca pequena, há quem diga que Frankie Banalli foi parar numa delegacia após o show, mas vamos tratar aqui dos shows.

  Não chegou muito mais gente depois e os shows seguiram com um clima de arena pra uma platéia bem intimista, justiça seja feita, o palco, som e iluminação eram de primeira e o que o M.V.P. e o DR. SIN nos ofereceram foram espetáculos de Hard Rock de primeira linha, principalmente o trio paulista DR. SIN que estava no auge com seu recente lançado terceiro disco de estúdio “InSINity” e o mega sucesso ‘Futebol, Mulher e Rock and Roll’, pois fizeram o palco pegar fogo com canções que se tornaram clássicas naqueles anos como ‘Emotional Catastrophe’, ‘Down in the Trenches’, ‘Fire’, e ‘No Rules’ que trouxe a participação especial de Vescera cantando com eles, nascia ali uma semente que floresceria dois anos depois em “Dr. Sin II”? Provavelmente.
  Após o final apoteótico de ‘Futebol, Mulher e Rock and Roll’ que contou com a voz de Silvio Luiz sampleada veio o quarteto americano da máscara de ferro (como eram divulgados) e vieram com a faca nos dentes.
  Kevin DuBrow com um puta visual, garganta tinindo e presença de palco que só perdeu pro monstruoso e inigualável baixista Rudy Sarzo que ‘jantava’ o baixo pulsante enquanto dominava o tablado sagrado totalmente, a banda estava alinhadinha com a pegada destruidora do baterista-líder Frankie Banalli e com as distorções e solos oferecidas pela guitarra impecável de Carlos Cavazo. Que noite foi aquela em que eu pude ouvir e chorar ao som de ‘Love’s a Bitch’, ‘Slick Black Cadillac’, ‘The Wild and the Young’, ‘Run for Cover’, a nova ‘Alive and Well’, ‘Sign of the Times’, ‘Let’s get Crazy’ e as baladas ‘Don’t Wanna Let You Go’ e ‘Thunderbird’ dedicada ao eterno Randy Rhoads, além das versões mais perfeitas já feita pros hinos ‘Mamma Weer all Crazee Now’ e ‘Cum on Feel the Noise’ além do mega hino ‘Metal Health (Bang Your Head)’. O quê que foi aquilo gente? Além de tudo isso ainda arrisco dizer que foi o show mais cheiroso que fui na vida, pois, com a baixa bilheteria eu colei no palco e à minha volta só tinha mulher! Talvez pelo DR. SIN ou até pelo M.V.P., não sei, só sei que aquilo não era normal à época e estava tudo ótimo hehehehehe...
O que restou do ingresso

  Finalizando aquela noite, a prefeitura ainda disponibilizou uma frota de dezenas de ônibus circulares pro centro da cidade que ainda passariam pela rodoviária e não é que esses busões estavam todos lotados! Onde estavam aquelas pessoas todas no show? Depois li em alguns lugares que a bilheteria chegou ao número de quase 3000 espectadores, mas esperavam 20 mil e isso explicaria algumas tretas financeiras futuras e que pese também o tamanho megalomaníaco do lugar à céu aberto (numa noite estreladíssima) escolhido também deixava um aspecto de evento vazio afinal.
  Sei que nos anos que se passaram ouvi muita chiadeira de pessoas que diziam que eles deviam ter tocado em Sampa e não no interior e que o público no RJ também foi irrisório mas ouvi tantas outras pessoas contando histórias vividas naquele dia em Campinas, algumas até impublicáveis e acabei trombando vários outros que diziam que me conheceram naquele show e que eu nem me lembrava, sei que, pra mim foi demais de emocionante e histórico e resolvi contar agora, uma data errática e não redonda por causa da propagação da notícia de que eles irão tocar por aqui de novo em novembro próximo, mas será com uma formação que só trará o baterista Frankie Banalli haja visto a morte do vocalista Kevin DuBrow há alguns anos e a dissidência dos responsáveis pelas cordas clássicas dessa instituição metálica americana.
  Ou seja, o clássico QUIET RIOT só passou pelo Brasil uma única vez e foi há exatos 18 anos deixando um rastro de memórias, muitas delas ruins, amargas devido ao descaso da (des)organização, mas as que contam mesmo são as inesquecíveis emoções positivas que guardamos e que resolvi compartilhar aqui com vocês, só algumas, é claro.
  Mais uma vez as fotos não poderão ser publicadas pois ainda não existe scanner mental que nos proporcione extrair da memória e passar pra tela tais lembranças, câmeras digitais eram coisas de um futuro distante e aqui só posso lhes oferecer umas parcas propagandas de revistas da época e o canhoto do ingresso que os burros seguranças confiscaram nos deixando somente o canhoto, ou seja, era pra ser o contrário, mas vai esperar o quê dessa turma que sempre nos trata feito lixo?

  Até as próximas lembranças, ou, quem sabe, até o show deles em novembro ;)

terça-feira, 19 de julho de 2016

MONSTERS OF ROCK III – 20 Anos depois, a visão de um garoto que viveu aquele dia!


  Na primeira metade na década de 90, a maior ambição de um Headbanger brasileiro era ir a São Paulo viver todas as emoções que o festival “Phillips Monsters of Rock” poderia lhe proporcionar, afinal, o “Monsters of Rock” era, na época o maior festival de Rock Pesado do mundo há mais de uma década, lá fora, é claro.
  Acontecendo periodicamente desde 1980 na Inglaterra, o mega festival aconteceu esporadicamente também em outros países, mas todos bem longe daqui e quando foi anunciado que teríamos uma edição patrocinada pela Phillips em 1994 com KISS, BLACK SABBATH e SLAYER, todo mundo caiu de joelhos, principalmente quando essa edição realmente foi concretizada trazendo ainda o SUICIDAL TENDENCIES e mais quatro bandas brasileiras, a já veterana à época VIPER e mais três novatas na cena, o ANGRA (do ex-vocalista do VIPER), o DR. SIN (que trazia dois ex-integrantes do TAFFO e o ex-guitarrista da CHAVE DO SOL) e os realmente novatos RAIMUNDOS, foi uma puta celebração do som pesado televisionados por algumas emissoras de TV abertas e fechadas com várias matérias e entrevistas em programas de TV, rádio e inúmeros jornais e revistas noticiaram e cobriram tal evento.
  No ano seguinte anunciaram uma nova edição, agora encabeçada por OZZY e ALICE COOPER, trazendo ainda MEGADETH, FAITH NO MORE, THERAPY, PARADISE LOST, CLAWFINGER, os argentinos do RATA BLANCA e os brasileiros do VIRNA LISI. Mais uma vez grande frenesi foi montado em volta do evento por parte da mídia especializada e não-especializada também, ótimo, finalmente o Brasil tinha o seu “Monsters of Rock” e agora era só esperar pelas novidades de peso de 96.
  Da minha parte, adolescente cabeludo, fanático pelo Hard’n’Heavy vigente sofri muito por perder minha banda predileta em 94, o KISS, sofri demais em 95 por perder ‘a tia’ ALICE e o OZZY afinal eu não tinha grana nem autonomia pra ir, mas em 1996 comecei o ano arrumando um emprego logo em janeiro como office-boy e a minha meta daquele ano era estar presente na nova edição do “Monsters”, fosse quem fosse e eis que lá pelos primeiros meses do ano a nossa Rock Brigade já noticiava que a terceira edição traria grandes nomes como MOTÖRHEAD, espanhola HEROES DEL SILENCIO e uma banda nova à época, o BIOHAZARD, em seguida outros nomes foram aparecendo, entre eles os que realmente viriam, SKID ROW, RAIMUNDOS (de novo?) e finalmente no Brasil pela primeira vez MERCYFUL FATE, pois é, fazia pouco tempo que King Diamond tinha voltado com a banda reformulada e lançado o disco “Time” em 94 e estava lançando naquele ano o grande “Into the Unknown”, mas o que ninguém esperava era ver dois shows com King nesse festival e foi o que rolou, dobradinha inédita no mundo todo e única, ele traria sua banda solo também pra tocar em seguida, ou seja MERCYFUL FATE abrindo e KING DIAMOND em seguida com pouco mais de tempo de palco e promovendo o disco “The Graveyard” que também saiu naquele 1996.
Anos 90 - os 4 primeiros capítulos dessa história.
  Pra completar o time só faltava um headliner de peso e esse nome não poderia ser maior, IRON MAIDEN, pois é, vindo finalmente apresentar seu novo vocalista Blaze Bayley, além da banda alemã HELLOWEEN como openning-act.
  E como eu faria pra ir nessa festa? Eu era só um adolescente cabeludo que contrariava seus pais com aquele som maligno, suas roupas pretas e eles não podiam fazer muito, afinal eu já trabalhava e não pegava grana com eles pra bancar meus caprichos, mas jamais minha mãe aceitaria eu sozinho num mega-festival na capital paulista por mais de 24 horas, pois então, arrumei dois camaradas da escola e forjamos uma história de que iríamos de excursão pra ela ficar menos preocupada, uma baita mentira, porque o role começou na sexta à noite, fomos de busão mesmo pra Sampa e lá a gente se virou pra chegar ao Pacaembu, era nosso sonho mais extremo de adolescência se tornando realidade, mal sabíamos que aquele sonho se tornaria um hábito que levaríamos pra vida toda, felizmente, hehehehe....
  Era sábado, dia 24 de Agosto de 1996, umas 8 da manhã quando chegamos à famosa Praça Charles Miller, e aquilo já tava forrado por uma legião de roupas pretas e cabelos cumpridos, pronto, estávamos finalmente no nosso habitat natural, depois de anos amargando olhares tortos e preconceitos na nossa pequena cidade do interior paulista, aquilo era o HELL, porque paraíso pra nós não era uma opção.
  Logo meus camaradas já foram se preocupando em como ‘moquiar o bagulho’ que traziam consigo, não era o meu caso, eu nunca fui de ‘malocar bagana’ de ninguém, nem de usar, minha droga sempre foi o Metal (parafraseando o METALMORPHOSE) então, só queria entrar logo naquele estádio gigante de futebol pra ver um espetáculo maior que começaria lá pelas 11hs da manhã com a abertura dos portões (ficamos sem os ingressos que os despreparados seguranças confiscaram na entrada, nem canhoto nos devolveram...) e 13hs com o primeiro show, mas à essas horas já estávamos lá nas arquibancadas do estádio, sim, arquibancadas, éramos meio duros de grana né, compramos os ingressos mais baratos só pra estar lá e estávamos, vendo a estranha banda de abertura, a espanhola HEROES DEL SILENCIO com seu vocalista à lá Jim Morrison e um som que, definitivamente, não agradou quase ninguém dos quase 50.000 bangers que estavam morrendo debaixo daquele sol lascado que também fez penar King Diamond que entraria no palco por volta das 14hs todo aparatado e maquiado com o MERCYFUL FATE, vê se pode, deu um puta show começando com ‘Evil’ e terminando o curto set com ‘Come to the Sabbath’ pra voltar logo em seguida  com a KING DIAMOND BAND, foi só o tempo de trocar a já derretida e borrada maquiagem que escorria devido ao calor tropical, outro puta show se seguiu com mais cinco hinos, de ‘Welcome Home’ à ‘Abigail’, deixando todos de cara com as performances seguidas e com os instrumentistas que o acompanharam nessa jornada dupla, e a mídia só se preocupou em noticiar o fato dele usar um fêmur humano como pedestal de microfone, veja tudo no santo (ou profano) Youtube em https://www.youtube.com/watch?v=jhJ2bgViAwY
KING DIAMOND/ MERCYFUL FATE reinando sob o sol dos trópicos.
  Uma das bandas mais esperadas dessa edição era a alemã HELLOWEEN, veterana na cena, tinha um fã clube gigante no Brasil e que marcou presença em sua totalidade com uma bandeira imensa da famosa ‘abobrinha’ (a vantagem de se estar na arquibancada era justamente essa, se via tudo lá de cima). O HELLOWEEN à época excursionava abrindo a tour do IRON MAIDEN divulgando o disco “The Time of the Oath” e há quem diga que eles pagaram muita grana pra estar nesse festival que os dimensionariam aqui no Brasil de uma forma sem igual, começaram o show com a nova ‘We Burn’ do disco em questão e fizeram uma típica festa Happy Happy Helloween por aqui, a primeira de várias que seguiram nos anos seguintes... eu fui um dos capturados por essa banda que só conhecia de nome, o máximo que eu tinha ouvido deles foi uma fita K7 que um dos meus camaradas que me acompanharam nessa viagem me emprestou, nessa tal fita tinha gravado o ao vivo “Live in U.K.” de 1989 ainda com Kiske nos vocais e o que vimos aqui foi o ainda novo vocalista Andi Deris, aliás a nova formação com os também novos Uli Kusch na bateria e Roland Grapow na guitarra à um pouco mais de tempo ali acompanhando os fundadores Michael Weikath e o baixista Marcus Groskopf. Realmente foi um grande show e tem uns pedaços soltos no Youtube porcamente gravado por alguém (https://www.youtube.com/watch?v=ZqFeB_9URrI ).
Andi Deris debutando em solo brasileiro em grande estilo
  O que viria a seguir era peso e o clima oitentista daria lugar à sonoridade atual dos 90, os RAIMUNDOS entravam em palco com o jogo ganho, banda sensação daquela década, a galera mais nova idolatrava e os bangers mais velhos respeitavam bem até, era bem caótico o show deles. Uma das cenas mais marcantes pra mim foi quando a banda entrou no palco, subiu uma cortina de fumaça naquele estádio, era marijuana demais sendo queimada ao mesmo tempo, muita mesmo vocês não tem noção, só quem viu mesmo e ainda consegue lembrar pra te falar, outra coisa era a barreira de contensão que separava a arquibancada do gramado, lá de cima eu via bem, um cordão de PM’s encostados no paredão de lata do lado do gramado e a galera lá de baixo da arquibancada se preparando pra empurrar aquele paredão e invadir a pista livre, foi um golpe só e esmagaram os PM’s do outro lado e da metade pra baixo, todo mundo das arquibancadas desceram quase que rolando pra invadir o gramado, eu pensei em ir, mas eu tava beeeeem lá em cima e não daria tempo, ia dar de cara com os gambé dando borrachada em todo mundo, sem chance, mas que foi divertido ver o ‘rodeio de cabeludos’ dando ‘olé nos gambé’ lá em baixo, ah isso foi um show à parte. Outra cena pitoresca no show dos RAIMUNDOS foi a rapadura que arremessaram no palco durante o show, de lá pelos binóculos que eu comprei lá dentro d’um ambulante eu achava que era um tijolo de erva até que o Rodolfo no final da música agradeceu o sujeito que mandou ‘uma rapadura voadora’ no palco ou seja, um puta show daquela banda de moleques fumeiros, rendeu várias histórias pra quem viveu!
Cartaz oficial que comprei lá nas barraquinhas de merchandise oficial.
Depois de muitos anos nas paredes do meu quarto, foi o que sobrou!

  Seguindo o mesmo clima 90’s veio o BIOHAZARD com sua sonoridade atual e mega-pesada vieram com a faca nos dentes, mas eu não tenho a dizer sobre esse show à não ser que saí de role pois não era o tipo de som que eu ouvia na época (toma de brinde https://www.youtube.com/watch?v=tc6gV2Ep40U ), fui comprar um merchandising oficial, sim, peguei um cartaz e uma peita da atual tour do MAIDEN pois um camarada tinha pego uma do festival e eu não queria andar por lá com ele feito um par de vasos, era a turnê do “X Factor” então a peita era bem legal com o Eddie sendo torrado numa cadeira elétrica e os dizerem “Eu fui fritado na X Fac’n’tour”. Também aproveitei pra ir comprar uma água, mas à essas horas já de noite não existia dentro de estádio nada pra beber, a cerveja e o refrigerante tinham acabado faziam horas e água também, estavam tomando das torneiras do banheiro devido ao calor insuportável, algumas pessoas estavam dando dinheiro pra um vendedor ambulante de fora do estádio pela janela do banheiro masculino e ele passava por lá as garrafas d’água, os hot dogs eram pão seco com salsicha dura, e olhe lá, total descaso dessa parte.
Faixa de cabeça (muito usada nos anos 90) do festival.
  Eis que com o final do BIOHAZARD vi ‘um cara lisa’ de cabelo cumprido no telão e pensei que o show do SKID ROW iria começar quando de repente a barulheira começou, ERA O LEMMY PORRA! Mas como, de cara limpa, cadê o bigodão? Pois é ele tinha rapado tudo e tava começando naquele minuto o show do MOTÖRHEAD, corre pro lugar e borá bater cabeça como se não houvesse amanhã! Descrever o que Lemmy, Phill Campbell e Mikkey Dee são capazes de fazer é bobagem, todos sabemos, clássico atrás de clássico e uns sons do recente disco de 95 “Sacrifice” se sucederam com grande desenvoltura e atenção de todos presentes que usaram o show seguinte pra descansar ou se livrar de tudo que tinham nas mãos, sim estou falando do SKID ROW que foi o co-headliner desse festival e durou menos do que o esperado afinal, apesar de um show enérgico e pesado, a banda era hostilizada ao extremo por estar entre dois peso-pesados do Heavy mundial no Brasil e o show ficou marcado como o último da formação clássica do SKID ROW, que demitiu Sebastian Bach no backstage daquele festival após o fiasco que foi a aceitação deles em palco, jogaram tudo que foi lixo na banda e o vocalista foi chamado de BICHA em coro do público que estava ali sedento por IRON MAIDEN, uma pena, pois, repito, foi um puta show enérgico, sem frescuras, enfim, Brasil desde sempre com seus machismos acima de tudo.(Veja mais no famoso Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Wkim5SFJYHU )

 
Imagem aérea do começo da festa (imagem meramente ilustrativa da internet)

  Era madrugada e a galera morta, esgotada, cansada, mas era hora do IRON MAIDEN entrar em palco pra apresentar seu novo vocalista, e começaram com a nova ‘Man on the Edge’ que estralava nas rádios país afora, sim, tocavam uns sons pesados nas FM’s da época. Em ‘Heaven can Wait’, estranhamos a voz do cara? Claro, apesar de já conhecermos o disco “X Factor” e tals, a voz dele cantando e desafinando os clássicos foi bisonho, mas, quando nos dávamos conta de que quem estava ali de camisa da seleção brasileira empunhando o baixo e pé no retorno era o boss Stevão e que aquela banda era O IRON MAIDEN pensávamos ...foda-se se é a Maria Bethânia no vocal, esse é o MAIDEN!” Com alguns pares de clássicos intercalados por canções novas e um gás daqueles o IRON MAIDEN fechou alta madrugada aquela terceira edição do festival “Phillips Monsters of Rock” que não aconteceria no ano seguinte para nosso desespero e só voltaria em 1998 para sua última edição pelos próximos 15 anos até ressurgir no novo milênio em 2013, mas isso é papo pra daqui uns anos...
Ah o link pra você assistir o MAIDEN é esse aqui https://www.youtube.com/watch?v=jqLW5xZ72hw


A tal peita oficial da turnê do MAIDEN

(OS: A ausência de fotos dos shows nessa resenha é simples e direta, naqueles anos os smart-phones ainda não tinham sido inventados e nem celular a gente tinha bem dizendo e entrar em um show com máquina fotográfica escondida era uma tarefa árdua demais, além do quê gente nem queria tal responsabilidade, só queríamos mesmo era bater cabeça, ver as gatas e curtir a festa, bem diferente de hoje com tantos cinegrafistas de fim de semana nos atrapalhando com seus aparelhos mega-caros empunhados na nossa frente. As poucas fotos que ilustram aqui são do meu acervo pessoal e as ao vivo são de vídeos do Youtube mesmo rs....)