sexta-feira, 26 de agosto de 2016

MELANIE KLAIN - "Análise do Caos" incomodando quem vier pela frente com uma boa dose de ROQUENROU e realidade!


MELANIE KLAIN
“Análise do Caos” (2016)
FAIXAS:
1.  Intro (Desrespeitável Público)
2.  Abençoados por Deus
3.  Diálogo
4.  Fé cega
5.  Guerra
6.  Marcas do Abandono
7.  Lavagem Cerebral
8.  Cartas de um Suicida
9.  Cólera/Nação
10.      Rede Social
11.      Análise do Caos
12.      Reflexão

  Taí uma banda nova (de Mococa/SP) com uma puta proposta realista e pé no chão em relação a fazer um som com a sua própria cara!
  Não tem nada de invencionices, simplesmente eles resolveram seguir uma estrada perigosa, aquela do “VAISUFUDÊ!”. É aquele caso em que a banda toca muito, as guitarras são melódicas e pesadas, a bateria é uma britadeira e junta com o baixo vira um tanque de guerra avançando pra cima e as letras, ah as letras! Elas são politicamente incorretas, ácidas e prontas pro ataque, melhor estilo ‘metralhadora giratória’, ninguém escapa, principalmente o lado hipócrita dos mercantilistas de fé. Aqui não rola letras fantasiosas, não rola licença poética, o bagulho é ‘dedo na cara’, soco na boca do estômago da sociedade, sem aquela mesmice de protesto por protesto, é um lance pensado, meticulosamente pensado e arquitetado pra ofender, e como eu sempre falei, se não incomodar, não é ROCK AND ROLL e acho que eles entendem essa frase.
Chapolin (g/v), Pedro (bt), Violla (g), Duzinho (g/v) e Vick (bx)

  Musicalmente eu já falei que as guitarras tocadas por Duzinho, Violla e Chapolin são ora pesadas ao extremo e por muitas vezes melódicas e de extremo bom gosto em todas as suas variações, a junção da cozinha entre a baixista Vick e o batera Pedro botam qualquer parede abaixo quando querem e também executam uma base concisa para os instrumentos de cordas e as vozes dançarem conforme a música, e por falar nas vozes, sim, são duas distintas de Duzinho e Chapolin que fazem o que querem com nuances díspares e que ofendem os mais incautos com sutileza ou brutalidade, vai da proposta. Por vezes se valem de narrativas, como se estivessem noticiando o caos em telejornais violentos, algo já visto com bandas como MUQUETA NA OREIA ou NACIONARQUIA.

  Não vou destacar músicas, o disco funciona muito bem como uma obra em sua totalidade começando com uma introdução pra lá de explicativa, onde te indica de qual lugar eles estão falando nos capítulos a seguir.
  Boa viagem pelo mundo real com a MELANIE KLAIN!





sábado, 20 de agosto de 2016

ANTONIO CELSO BARBIERI - A voz da cena pesada do Brasil na Europa.


  Talvez a nova geração não saiba associar o nome à pessoa, mas Celso Barbieri é um nome que ficou gravado no subconsciente de duas gerações de bangers brasileiros, os dos 80 porque o conheceram in-loco e frequentaram inúmeros shows organizados por ele e a turma dos anos 90 porque leu muito que ele escreveu na cultuada revista Dynamite.
  Agora na segunda década do século XXI ele ressurge pra cena brasileira, mesmo vivendo na Europa há quase 3 décadas, através da Internet e seu programa de rádio semanal "Barbieri Indica" na Rádio Rock Nation e de seu recém lançado livro "Livro Negro do Rock".
  Nas linhas abaixo você ficará sabendo de muitas histórias que nem imaginava sobre ele e suas bandas prediletas dos anos 80 que passaram pelas suas mãos, além de conhecer mais a fundo suas façanhas, aqui e além-mar.
  Com vocês, a voz do Brasil na Europa, Antonio Celso Barbieri:

TOCA DO SHARK: Como foi sua entrada no mundo do Rock?
ANTONIO CELSO BARBIERI: Na minha adolescência, porque meu pai era ferroviário, morei em SP, dentro da estação de trem da Barra Funda. Meu pai na época emprestou dinheiro para um companheiro de trabalho e como ele não pode pagar entregou uma enorme vitrola como forma de pagamento. A vitrola, era uma enorme peça de mobília tipo armário com duas portas que quando abertas já continham dezenas e dezenas de compactos (vinil). Quase tudo era música para os “mais velhos” mas, no meio de todos estes compactos havia um da banda CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL contendo a música ‘Suzie Q’. Ouvi muito esta música. Logo fui na loja Museu do Disco e compramos, desta mesma banda, o álbum “Bayou Country”. Cabe lembrar que já conhecia os BEATLES e a Jovem Guarda já estava acontecendo mas, nunca tinha ouvido algo assim “tão pesado”. Na sequência voltei na loja Museu do Disco e perguntei se tinham mais bandas assim pesadas e, então fui descobrindo LED ZEPPELIN, DEEP PURPLE, BLACK SABBATH, URIAH HEEP, etc… Logo descobri que o Brasil também tinha suas bandas como OS MUTANTES, SOM NOSSO DE CADA DIA, O TERÇO, O PESO, MADE IN BRAZIL, TERRENO BALDIO, CASA DAS MÁQUINAS e por aí vai… Assisti muitos shows destas bandas e mais para frente pude trabalhar com a PATRULHA DO ESPAÇO e com o MADE IN BRAZIL. Este foi, vamos dizer, o meu ponto de partida, onde começou o meu envolvimento com o Rock.

T.S.: Como e porque você resolveu se envolver mais no lado organizacional e estrutural da formação de uma cena?
BARBIERI: Envolvi-me mais no lado organizacional e estrutural do Rock principalmente porque eu não sabia tocar um instrumento. Por incrível que pareça eu achava que as pessoas já nasciam com um dom musical. Eu não sabia que “música” era apenas uma linguagem como por exemplo “inglês” ou “francês”. Que, com dedicação e estudo, podemos aprender e dominar a coisa. É lógico que geneticamente podemos nascer com certas qualidades fantásticas mas, a verdade é que todo mundo pode fazer arte, qualquer tipo de arte! Bom, por outro lado, trabalhei 13 anos num banco. Lá progredi e cheguei a Chefe de Divisão controlando uns 30 funcionários. Aprendi a lidar com a burocracia, escrever cartas e memorandos, usar terno e gravata se necessário e portanto, estava habilitado para lidar com a prefeitura, Secretarias de Cultura e organizações de cunho cultural e imprensa. Quando comecei trabalhar com bandas logo percebi que muitos músicos não tinham habilidades nem para vender a sua própria banda quanto mais organizar shows. Bandas, geralmente eram competitivas e sem capacidade de organização. Quando eu organizava um show, me sentia como um músico, parte da banda, tanto que sempre dividia a renda do show por igual com todo mundo.

 
Logotipo idealizado por Celso à partir de
uma foto de Rob Halford vista por ele.

T.S.: E a Devil Discos? Como surgiu sua parceria com o Chicão?
BARBIERI: Não é muita gente que sabe mas, fui eu que lançou as primeiras camisetas de Rock no mercado. Logo várias lojas revendiam minhas camisetas! A Woodstock, a Punk Rock Discos e a Devil Discos, entre muitas outras lojas, eram meus revendedores. Portanto mantinha uma relação profissional e de amizade com todo mundo. Quando comecei produzir shows as lojas, principalmente as lojas das Grandes Galerias, hoje mais conhecida com Galeria do Rock, eram o meu ponto de encontro onde fazia os acordos de show com as bandas. Chicão, o dono da Devil Discos era muito compreensivo e sempre permitia que eu usasse o telefone da loja para receber recados e mesmo para fazer ligações pois eu era um Produtor Cultural, sem escritório e sem dinheiro.
  

T.S.: Fale um pouco sobre os principais lançamentos, “Korzus ao Vivo” e “São Power”.
BARBIERI: Logo percebi que que havia uma certa competição entre as lojas. A Baratos Afins era a loja de mais sucesso e agora também tinha virado gravadora. O Chicão Devil Discos obviamente não escondia as suas ambições. Quando produzi o Projeto SP Metal no Teatro Lira Paulistana, sempre que possível gravei em fita K7, direto da mesa, os shows das bandas. No mesmo período produzi no SESC Fábrica Pompéia um festival de muito sucesso chamado Metal, Rock & Cia com a participação de 19 bandas. Gravei tudo também direto da mesa. Meses haviam se passado e várias destas bandas já tinham terminado. Achei que seria muito legal lançar um álbum tipo histórico, documentando estas bandas que não tinham resistido a vida “on the road”. Dei o nome “São Power” para esta coletânea. Hoje este álbum é raro e está esgotado mas na época sua venda estava muito lenta e o Chicão comentou que se eu tivesse incluído uma música da banda KORZUS, já teríamos vendido tudo. Expliquei para ele que as bandas do São Power já tinha acabado e o KORZUS estava muito vivo! Propus então lançarmos um álbum ao vivo só do KORZUS incluindo gravações do Teatro Lira Paulistana e SESC Fábrica Pompéia. O álbum foi lançado e vendeu umas 6.000 cópias em poucos meses.

T.S.: O quê te levou ao Reino Unido?
BARBIERI: Na verdade eu não imaginava que iria parar em Londres. Um dia, em SP, um amigo que trabalhava num agência de viagens comentou que o Redson da banda CÓLERA tinha ido na sua agência comprar passagens para sua banda punk tocar na Europa. Os álbuns do CÓLERA tinham uma qualidade tão pobre quanto a dos álbuns que tinha produzido com o Chicão da Devil Discos. Pensei comigo, se o Redson pode então eu também! Fui no Chicão e perguntei para ele se ele poderia fazer um adiantamento da minha parte nas nossas produções. O Chicão foi no caixa, tirou um cheque pré-datado emitido pelo Walcyr da Woodstock e disse: “...o Walcyr acaba de comprar de uma vez, 1.000 cópias do álbum ‘Korzus ao Vivo’, vai lá na Woodstock e conversa com ele. Se o Walcyr pagar adiantado, o dinheiro é todo seu!”

  Eu fui no Walcyr e ele disse que tinha uma grana para receber na sexta-feira de manhã. Pediu para que eu voltasse na sexta à tarde. Eu fui e por sorte recebi! Minha gratidão para com Walcyr Chalas não tem limites!!!
Cheguei em Madrid em Abril de 1987. Como na época o KORZUS cantava apenas em português, minha ideia era produzir shows na Espanha ou Portugal. Bom, todo roqueiro que encontrei em Madrid e Barcelona me disse que eu estava no lugar errado! Uma garota chegou a dizer que Londres estava escrito na minha testa! Então usei quase todo dinheiro que tinha (não era muito) e cheguei em Londres só com 40 libras no bolso. Acreditem foi duro. Vivi em casas invadidas (Squatters) e comi o pão que o Diabo amassou!!! Levou 5 anos para conseguir dominar a língua, estar no lugar certo e na hora certa para realizar um sonho que foi produzir em 1992 um show da banda KORZUS no lendário The Marquee Club.

T.S.: É verdade que, já estabelecido na Inglaterra várias bandas brasileiras continuaram a te procurar como se você representasse “uma porta de entrada na Europa”?
BARBIERI: É verdade. Logo que me estabeleci em Londres, passei a ser UK Correspondente da Revista Dynamite. Através da revista o povo tomou conhecimento da minha presença em Londres e muita gente acabou batendo na minha porta. Sempre que pude ajudei, dentro das minhas possibilidades, todo mundo. Hospedei incontáveis números de bandas brasileiras vindas de várias partes do nosso país.

T.S.: Chegou a trabalhar profissionalmente em algum selo na Europa?
BARBIERI: Como UK Correspondente, tive muito contato com gravadoras principalmente, na época, com a Virgin, EMI e Sony. Como estas gravadoras, tinham muitas coligações com outras gravadoras e selos, recebi muitos convites para cobrir concertos. Vocês podem imaginar, receber mais de 10 CD’s pelo correio toda semana era maravilhoso. Entrevistei de METALLICA a BLUR passando por RADIOHEAD e muitos outros. Cobri shows importantes como o primeiro concerto em Londres do FOO FIGHTERS e a volta do SEX PISTOLS além de ter presenciado o lendário JAMES BROWN ao vivo. Ainda fui privilegiado em poder ter assistido os shows do JUDAS PRIEST, IGGY POP e a inesquecível TINA TURNER aqui em Londres, assim como GEORGE CLINTON e JORGE BENJOR em Cannes. É claro que também estive presente nos concertos memoráveis do nosso João Gordo e RATOS DE PORÃO e do mundialmente famoso SEPULTURA. Mandei material de bandas para muitas gravadoras mas, nunca consegui realmente emplacar uma banda. As vezes por culpa da própria banda, outras por culpa das gravadoras e, as vezes porque, infelizmente, não era para ser!
KORZUS nas páginas de sua vida
T.S.: Cite 5 bandas em que você apostaria todas as fichas naqueles anos 80 no Brasil se pudesse.
BARBIERI: KORZUS, CÉRBERO, VIPER, PATRULHA DO ESPAÇO e A CHAVE DO SOL.

T.S.: Atualmente você tem um livro no mercado, “O Livro Negro do Rock” e um programa no ar na web-radio Radio Rock Nation, o “Barbieri Indica”, fale mais sobre esses projetos.
BARBIERI: Como tudo na vida, certas coisas acontecem no tempo certo. Acreditem, não planejo nada. Temos que aprender e “ver” e “aproveitar” o que nos é oferecido pelo destino. "O Livro Negro do Rock”, surgiu como resultado de uma pesquisa sobre a cidade de Santos e seu porto que foi um dos caminhos por onde o Rock entrou no Brasil. As boates no porto de Santos só tocavam Rock catando em inglês que era para atrair a clientela de marujos que chegavam nos navios. Quando entrevistei para esta pesquisa o Zhema líder da banda santista VULCANO descobri que ele era uma pessoa ligada ao oculto e que seguia os pensamento de um mago controverso chamado Aleister Crowley. Por outro lado, ao mesmo tempo queria escrever minhas memórias sobre os encontros esporádicos que tive com RAUL SEIXAS. Pesquisando sobre a sua Sociedade Alternativa descobri que ela era baseada também nas ideia de Aleister Crowley. Então naturalmente fui pesquisar Aleister Crowley e este mago me levou para BLACK SABBATH e LED ZEPPELIN… Bom uma coisa me levou a outra e quando vi estava escrevendo um livro sobre o oculto! Quando estive em São Paulo para lançamento do livro, de repente descobri que estava mais conhecido do que imaginava. Foi quando conheci Marcelo Santos que convidou-me para fazer um programa na rádio. A bem da verdade eu já tinha sido convidado para fazer um programa numa outra rádio mas a Radio Rock Nation tinha uma proposta diferente, sem comerciais, eu teria total autonomia para tocar o que quiser e falar o que quiser. Meu programa não teria interrupções e, principalmente a rádio tem como prioridade o Rock Nacional.
"O Livro Negro do Rock"
N.doR.: O programa “Barbieri Indica” vai ao ar pela Radio Rock Nation (http://www.radiorocknation.com/ ou aqui pelo player da Toca) toda quarta-feira das 19hs às 21hs e o livro “Livro Negro do Rock” pode ser adiquirido pelo site http://www.2bstar.com/loja/ ou na Loja Woodstock Discos do lendário Walcyr Chalas no centro de São Paulo.

T.S.: Com o lançamento dos projetos “Super Peso Brasil” e mais recentemente “Brasil Heavy Metal” (que, apesar de ter sido lançado mês passado, levou 8 anos pra ser concluído e permaneceu chamando atenção todo esse tempo), surgiu uma nova geração de olho nas bandas de 3 décadas atrás, as chamadas pioneiras, inclusive outros documentários saíram nesses moldes na última década, como o “Ruído das Minas” (sobre a cena de MG), “Botinada” mais voltado ao punk e “Woodstock – Mais que uma loja!”. Você acha saudável esse revival ou acha que essa nova leva de fãs deveriam se ater mais às novidades?
BARBIERI: Um país sem história, não tem cultura! Não se pode construir um futuro melhor sem aprendermos as lições, com os erros e acertos cometido no passado. Lamentavelmente o Brasil deixa muito a desejar neste aspecto! Somos um país sem memória! A grande imprensa é surda, cega e muda. Existe uma diferença muito grande com relação a produção cultural (se é que podemos chamar de cultura o que vemos nas TV’s). A grande mídia não está preocupada em fazer uma pauta resultante de uma pesquisa mostrando o que realmente rola na cidade. A grande mídia geralmente inventa a pauta baseada em interesses econômicos próprios! Todos estes documentários e shows que você citou acima são o resultado de uma reação digna e corajosa de indivíduos que ouviram o clamor dos verdadeiros roqueiros brasileiros. Espero, de coração, que esta pressão contra o sistema continue porque é só assim que será possível mudar a consciência terceiro-mundista do roqueiro brasileiro que prefere pagar de R$400 a R$800 pelo ingresso de um show internacional do que uns meros R$20 para assistir o show de uma banda de Rock nacional. Esta atitude do roqueiro brasileiro é realmente vergonhosa!!!

T.S.: Encerrando, indique 5 bandas novas brasileiras em que você apostaria todas suas fichas.
BARBIERI: Desculpe-me mas recentemente ouvi tanta banda boa que seria desleal citar nomes! Só posso lhes dizer que o nível técnico das bandas novas está fenomenal. Percebo que, tem gente criando muita coisa inteligente, tomando riscos, copiando menos e realmente buscando por uma identidade própria. Estou realmente muito feliz e até surpreso com o nível do Rock brasileiro. Por outro lado, com raras exceções vejo que as bandas chamadas pioneiras, muito embora competentes, não conseguiram revitalizar o seu som e parecem viver nostalgicamente no passado.

T.S.: Considerações finais.
BARBIERI: Nos anos 80, as bandas conseguiram um certo sucesso porque fizeram parte de um “movimento”. Na parte que me toca, sempre fui contra “panelas” e sempre forcei as bandas que produzi a aceitarem bandas novas para abrirem o seus shows. No momento, acho que falta ainda muito para chegarmos naquele ponto de união novamente!

  Juro que hoje estou muito feliz!
  Em Londres eu fiz 4 coisas realmente importantes que poucos brasileiros (ou nenhum) fez:
1) Em 1992 produzi um show da banda KORZUS no lendário The Marquee Club;
2) Gravei no Abbey Road Studios, no Studio II onde os BEATLES gravaram quase todos os seus álbuns. Lá gravei um improviso tocando no mesmo piano de cauda que JOHN LENNON tocou;
3) Cedi uma música de minha autoria para ser usada em um programa de TV chamado ‘Panorama’ da BBC;
4) Agora participei da gravação de um programa na Rádio BBC4.

Com o lendário Zhema Rodero (VULCANO)

Todas as fotos aqui reproduzidas são do acervo de Antonio Celso Barbieri, usadas sob autorização do mesmo.
Fotos na BBC – Andrea Falcão.
Barbieri com dois de seus mais importantes trabalhos
o lendário disco "São Power" e o recém lançado "Livro Negro do Rock"

Outros lançamentos autorais de Barbieri

...no lendário estúdio de Abbey Road.


...e recentemente nos estúdios da rádio BBC4
Foto: Andrea Falcão



domingo, 14 de agosto de 2016

BRASIL HEAVY METAL – 8 Anos de Espera concluída!


  Desde que lançaram a notícia de que fariam um filme/documentário sobre o nascimento do Heavy Metal Brasileiro na imprensa, se passaram 8 anos. Por muitas vezes foi prometido o lançamento e todas as vezes adiado por um motivo ou outro, chegamos todos nós a acreditar que este documentário jamais sairia de verdade.
  Até que no começo deste ano de 2016 foi lançado na imprensa a notícia oficial de uma campanha de financiamento coletivo que viabilizaria a confecção e lançamento físico desde projeto ambicioso da equipe Ideia House capitaneado pelo guitarrista Ricardo “Micka” Michaelis, também conhecido como guitarrista do SANTUÁRIO, banda de Heavy dos anos oitenta que participou da coletânea “S.P. Metal II”. (veja mais em http://tocadoshark.blogspot.com.br/2016/03/ricardo-micka-mickaellis-abre-o-box_77.html)

  Sobre o que foi lançado, só temos que agradecer ao empenho desse guerreiro que anos atrás lançou aquele que seria o clipe mais visto no Youtube da história do Metal brasileiro ‘Brasil Heavy Metal’ (https://www.youtube.com/watch?v=2vq6SC-kiTk ) aquele com o tema do filme e vários vocalistas históricos da cena oitentista, aliás o documentário que se metamorfoseou em filme se baseia nos anos entre 1980 e 1989, contando os fatos que os brasileiros viveram naquela década em que o Heavy Metal tomou a América do Sul em assalto, desde as movimentações sócio-políticas de fim de ditadura e troca de regime político, até as durezas financeiras e o tal ROCK IN RIO, inclusive com entrevista do próprio idealizador Roberto Medina. A história se baseia em dois meninos adolescentes que em 1980 procuravam materiais de Metal no Brasil e não encontrando quase nada até montarem uma banda, as idas aos shows nacionais, a ida ao Rock in Rio I, as peregrinações às lojas atrás de lançamentos de bandas brasileiras, inclusive visitando a mítica Baratos Afins em São Paulo com participação do proprietário Luiz Calanca falando dos lançamentos da época e citando a famosa Cogumelo de Belo Horizonte, tudo isso intercalado com os depoimentos do entrevistados que naturalmente a maior parte seria de São Paulo, pois o produtor é do estado, mas se estendeu à todo país, com participação de membros de bandas do RJ, RS, MG, PA e por aí vai, inclusive em certo ponto do filme segue-se uma sequência com a capa de praticamente todos os discos de som pesado lançado na época, ampliando o leque de citações para as bandas que não tiveram membros envolvidos no projeto, um verdadeiro trabalho de garimpeiros empenhados, muitas relíquias vimos ali!

  Sobre os entrevistados, que contam como tudo começou em suas vidas, as primeiras bandas que ouviram, prestando seus tributos aí aos veteranos dos anos 70, temos empresários e produtores, ilustradores, técnicos de som, jornalistas, zineiros, fotógrafos, fãs e claro, os próprios músicos envolvidos nas bandas da época, citar nomes seria injustiça com outros.
  O CD que acompanha o DVD, traz 14 bandas daquela geração, muitas com faixas que nunca foram gravadas, ficando assim inéditas até agora, com o máximo de membros originais da época, ou às vezes com formações clássicas da época, como foi o caso do TAURUS. Outras bandas que cederam suas relíquias foram VULCANO, SANTUÁRIO, METALMORPHOSE, CÉRBERO, VÍRUS, SALÁRIO MÍNIMO, CENTÚRIAS, CHAKAL, HARPPIA, STRESS que trouxe o tema ‘Brasil Heavy Metal’ tocado apenas pela banda, afinal é de autoria deles esse hino e outras como KORZUS e VIPER regravaram clássicos daquela época com a tecnologia de hoje, dando uma levantada na qualidade e a veteraníssima PATRULHA DO ESPAÇO cedeu um novo tema para ser usado na trilha do filme e no CD.

  Além do DVD+CD foi ofertado aos colaboradores do crowdfunding (ou financiamento coletivo) as opções de comprar kits que continham mais itens, como chaveiro, caneca, bottom, patch, poster, camiseta e até um Box exclusiváço feito de papelão, couro, spikes e jeans contendo TUDO dentro, incluindo uma plaqueta de metal com o nome do indivíduo gravada nele e um certificado de autenticidade numerado e assinado pelo próprio Micka, um verdadeiro mimo limitado poucas quantidades.

  Tem pontos negativos? Tem, sempre tem. Eu particularmente e até pela demora da conclusão do projeto estava esperando um DVD com extras gravados através de todos esses anos, aja visto que a equipe do BHM sempre esteve presente em vários eventos grandes como o famoso Super Peso Brasil (veja em http://tocadoshark.blogspot.com.br/2013/11/super-peso-brasil-instituindo-o-dia-do.html) em 2013 e o show comemorativo do “S.P. Metal” que rolou ano passado entre outros shows, ou seja, muito material deve ter ficado de fora por falta de espaço ou grana mesmo, afinal de contas um projeto desse vai grana e tempo, principalmente pra uma coisa tão Underground sem apoio de leis governamentais e fundos de patrocinadores, totalmente custeado por quem é fã.

  Agora que já foi lançado, acho que o pessoal da produtora deveria negociar os direitos do filme com alguns difusores televisivos como Canal Brasil, TV Cultura, Netflix etc, como o pessoal de vários documentários fizeram, para difundir nossa história o máximo possível, inclusive em outros países.
  As últimas notícias da equipe do BHM e Ideia House (fique por dentro de tudo via Facebook: https://www.facebook.com/brheavymetal) dão conta da participação do filme num festival de cinema chamado In-Edit Festival 2016, a exibição em algumas salas de cinema no mês de setembro e até um possível show de lançamento com várias bandas envolvidas presentes, vamos aguardar cada novidade e procuremos participar, são momentos históricos assim que marcam nossa jornada no Heavy Metal Brasileiro.



  Mais informações sobre o projeto você encontra nos canais já citados na resenha e no site http://brasilheavymetal.com/ e sobre a produtora em https://www.youtube.com/user/ideiatube  
  Ao final do documentário a equipe fez uma homenagem de tirar lágrimas do tele-espectador homenageando os músicos e personagens que faleceram durante a produção do filme ao som de HARPPIA executando ‘Balada’ na voz do Percy Weiss, um dos que nos deixaram http://tocadoshark.blogspot.com.br/2015/04/morre-percy-weiss-made-in-brazil.html e logo em seguida saudar os participantes e fãs/colaboradores ao som da já citada faixa da PATRULHA DO ESPAÇO ‘Rolando Rock’, de arrepiar!

FAIXAS do CD:
1.  STRESS – Brasil Heavy Metal/
2.  SANTUÁRIO – Os 07 Clarins/
3.  METALMORPHOSE – Luta/
4.  CÉRBERO – Martyr/
5.  VÍRUS – Sacrifício/
6.  TAURUS – Desordem e Regresso/
7.   SALÁRIO MÍNIMO – Transas da Noite/
8.  VULCANO – Forças do Diabo/
9.   PATRULHA DO ESPAÇO – Rolando Rock/
10.       KORZUS – Guerreiros do Metal/
11.       CENTÚRIAS – Inúteis Palavras/
12.       CHAKAL – Possessed Landscape/
13.       HARPPIA – Profecia

14.      VIPER – Knights of Destruction 

domingo, 7 de agosto de 2016

LIFÉRIKA – ROQUENROU SEM FRESCURA!


DISCO – “Liférika”
BANDA – LIFÉRIKA
ANO: 2016
SELO: Muqueta Records/Voice Music (www.muquetarecords.com)
FAIXAS:
1.  Em Sã Consciência/
2.  Brincando com a Sorte/
3.  Ao Velho Mundo/
4.  Meu Amigo/
5.  Cilada/
6.  Memórias/
7.  Ágatha/
8.  Alucinações/
9.  Ao Seu Lado/
10.      Rua Augusta/
11.      Cigarros e Bebidas/
12.      Chuck Berry’s Blues/

  A megalópole multicultural e multi-racial conhecida como São Paulo sempre foi uma grande usina de ROCK AND ROLL (ou ROQUENROU), desde o princípio dessa insanidade sonora sempre lançando seus artistas fiéis à sonoridade das guitarras, como Londres no R.U. ou Nova Iorque nos E.U.A., Sampa Rock City fez sua parte abaixo da linha do Equador.
  E, mais de 5 décadas depois as bandas continuam brotando por lá sem sinais de que a cena esteja enfraquecida e/ou morrendo, como dizem uns ‘profetas-do-apocalipse-cultural’ por aí e o LIFÉRIKA veio pra engrossar esse caldo rebelde, sem regras e barulhento do nosso ROQUENROU.

  Como um trio formado por Diego (guitarra suja e voz), Adriano (baixo pulsante e vocais de apoio) e Caul (bateria desenfreada, atualmente capitaneada por Kauê) a banda oferece em seu primeiro disco autointitulado 12 faixas de um estilo cinquentenário que nos alegra tanto, sem invencionices, sem estrangeirismos exacerbados e sem pudores, em vários momentos nos remete à antigos nomes nacionais, como FORGOTTEN BOYS, REPLICANTES, BARANGA e até o antigo CACHORRO GRANDE dos primeiros plays, sem contar em pitadas de CHEAP TRICK, HELLACOPTERS e por aí vai.
  Ao mesmo modo que temos canções grudentas e barulhentas como ‘Em Sã Consciência’, ‘Rua Augusta’, ‘Ao Seu Lado’ e ‘Ao Velho Mundo’, que contém altos teores de eletricidade e urgência, tanto nas letras quanto nos riffs e pancadas, também temos umas pitadas de suavidade acústica em ‘Memórias’ e de descompromisso com tudo como em ‘Ágatha’, que tem uma sonoridade gostosa, embalada por uma guitarrinha largada e um vocal em coro, pronta pra tocar nas FM’s que nós acostumamos a ouvir nas décadas passadas e que hoje, infelizmente se encontram em extinção, uma vergonha pro sistema radiofônico de hoje, mas... quanto à isso não podemos fazer nada, agora quanto a perpetuação da nossa espécie e a consolidação do Underground, podemos fazer muito, como entrar em contato direto com as bandas e consumir suas obras, comparecendo à shows, comprando discos, bottons, camisetas e o que mais as bandas de nossa escolha oferecer e couber em nossos orçamentos, ou seja, todos podemos ajudar sem exageros financeiros.
Diego (v/g), Kaue (bt), Adriano (bx/bv)

  Ouça a banda pelos canais virtuais e se gostar do que viu/ouviu, vá aos shows se puder, ou, ao menos entre em contato com a mesma e dê seu parecer, sua opinião vale muito.
  Ah, e se gostou, espalhe as boas novas!