quarta-feira, 17 de abril de 2019

20 ANOS DA ÚNICA PASSAGEM DO KISS ORIGINAL POR SÃO PAULO




    Quando se é adolescente Rocker, a gente só sonha em ver os ídolos ao vivo, a maioria deles inatingíveis, mas,  quando em 1995 anunciaram que o KISS original estava reunido eu fiquei em êxtase, fã deles desde sua primeira passagem por aqui em 1983 (sim, eu era criança, mas tinha irmãos mais velhos que me doutrinaram na arte do Rock and Roll) nunca imaginei que poderia ver o KISS ao vivo, ainda mais a formação original que nunca tinha pisado por aqui. Mas até anunciarem oficialmente que viriam tocar no Brasil foram mais três anos.

    Me lembro que o disco “Psycho Circus” tinha acabado de ser lançado na gringa quando anunciaram que a banda viria pro Brasil com a famosa ‘turnê em 3D’, mais do que depressa a Mercury/Universal resolveu lançar “Psycho Circus” por aqui como CD duplo (o original de estúdio e um CD bônus ao vivo), mas com a capa simples. Capa simples? Mas que catzo! O mundo inteiro abismado com o tal 3D desde a capa do CD até as imagens da turnê e a gravadora lança com capinha simples no Brasil? Hum, típico! Mas pelo menos eu já tinha o importado que comprei no ano anterior. Aliás lançaram um sem número de revistas e CD’s piratas (bootlegs ao vivo de todas as épocas) do KISS no mercado nacional, foi uma verdadeira KISS-mania, até as HQ’s “Psycho Circus” saíram por aqui em três edições duplas, ou seja, seis histórias, os bonecos da McFarlane Toys chegaram às lojas de brinquedo daqui via Gulliver (e até uns quatro anos depois ainda era possível de achá-los por uns R$50,00). A MTV passando clipes direto, as FM’s (que ainda tocavam Pop e Rock) tocaram algumas canções como as antigas ‘Forever’ e ‘I Was Made for Loving You’ até as mais novas ‘We Are One’ etc...
    Quando chegou o dia 17 de Abril de 1999 a banda já tinha tocado em Porto Alegre/RS dois dias antes e agora seria a vez do Autódromo de Interlagos em São Paulo/SP.
Capas de apenas duas das dezenas de revistas que saíram sobre o KISS em 1999.
    Os jornais de papel em bancas todos noticiando o show há dias, os telejornais falando direto, a MTV no dia do show fez maratonas especiais, algumas rádios ditas Rock de São Paulo fizeram 24 horas de KISS no ar, alguns carrinhos de lanche na porta de Interlagos estavam sintonizados nessas rádios e até programas de TV com gosto duvidoso como o da Regina Casé, um tal de ‘Muvuca’ estava presente neste dia, sim um conhecido que estava na mesma excursão que eu ‘furou’ um alambrado e entrou pertinho do palco e jurou ter visto a Regina Casé lá no ‘gargarejo’ e foi prontamente achincalhado por nós, mas que na semana seguinte vimos na TV ela entrevistando a banda em seu programa, pasmem! (ah, tem isso no Youtube).

    Saímos em cinco pessoas de carro da minha cidade rumo a Campinas/SP pra pegarmos uma excursão rumo à capital, achando que era apenas mais uma excursão como tantas que eu já tinha pego em Campinas para shows em Sampa fomos tranquilos. Ao chegar lá, nos deparamos com NOVE ônibus fretados pra levar aquele verdadeiro exército pra Sampa, era o KISS ARMY mesmo! Nove ônibus passeando com bandeiras estendidas do lado de fora, bandeiras feitas à mão pelos fãs, com logotipos e os rostos de Paul, Gene, Ace e Peter desenhados. Quando os ônibus entraram na Marginal Tietê e demais ruas de ‘Sampa Rock City’, os fãs começaram a botar suas caras pintadas pra fora das janelas e aloprar os transeuntes que andavam nas calçadas e nos carros que passavam por nós, nada demais, apenas zoeiras circenses. Lembro bem de estarmos parados num semáforo quando o cara uns bancos à minha frente botou o carão mal-maquiado de Simmons pra fora com língua e tudo e uma senhorinha de idade com uma criança na calçada perguntou pra onde estávamos indo, quando ele prontamente a responder: “Pra missa do Padre Marcelo, aaaahhhhhh!” e tome língua de fora de novo, a criança assustou, a velha riu e a caravana de nove ônibus seguiu adiante.

    Após chegarmos à Interlagos e enfrentarmos horas na fila enfim entrávamos, eu também mal maquiado de Paul ‘Starchild’ Stanley, a maquiagem foi feita em mim dentro do ônibus em movimento, por isso optei por ‘Starchild’, afinal era mais fácil, só uma estrela e boca vermelha, uma garota no ônibus me emprestou seu batom, na verdade ela mesma passou pois eu não sabia como rs... voltando ao meu traje, além da make-up tosca, trajava botas de couro com plataformas de borracha de uns 12 ou 15 cm que encomendei em um sapateiro trash da minha cidade, ele fez um serviço manual porco pra cacete, ficou horrível, mas eu improvisei e adicionei à essa bota os canos longos, feitos de braços de uma antiga jaqueta de corvim preto que eu tinha, ficaram bem aterrorizantes devido à tosqueira e sim, uma bela camiseta do KISS e uma jaqueta preta por cima, afinal, que porra de frio era aquele que assolou São Paulo naquele dia? Nem os fogos de artifício dos shows aqueceram aquela noite em Interlagos. Falavam em 11º.
   
A entrada estava meio tumultuada, mas eu consegui pegar meu par de óculos 3D que eram distribuídos na catraca, há quem diga que ficou sem, tudo devido ao maldito ‘jeitinho brasileiro’, onde algumas pessoas pegam dois ou três e os funcionários deixavam... lamentável!
    A banda que abriria o show do KISS seria uma desconhecida alemã chamada RAMMSTEIN que pra nós era novidade, quando entraram no palco com uma pirotecnia pesada com vários lança chamas e tal até empolgou, mas depois sacamos que o som deles era beeeeeem diferente e a maioria deixou de lado. Eu não quis arriscar ir pra perto do palco, meu objetivo era VER o show, então escolhi um morrinho pra ficar em cima, de onde eu pudesse ver TUDO que acontecesse no palco, e deu certo, apesar de ter ficado longe.

  Quando realmente era hora do KISS dominar tudo, surgiu uma cortina enorme imitando uma cortina de circo, vermelha com estrelas amarelas, como a do encarte do “Psycho Circus” e quando ela caiu revelando o quarteto original no palco com a contracapa do CD ao fundo no telão foi uma histeria coletiva tomando conta de todos ali, parecia uma onda sonora muito poderosa tomando conta, mas por pouco tempo, pois as ventanias daquela noite espalhavam demais o som pra todos os lados, o que deixou ele bem ruim em vários pontos segundo relatos. O show começou forte com ‘Psycho Circus’ e ‘Shout it Out Loud’ coladas, e em ‘Deuce’ até Paul Stanley reclamou do frio antes de tirar a camiseta. Os óculos 3D só foram ser úteis pela primeira vez lá pela quarta canção ‘Do You Love Me’ quando víamos no telão imagens pré-gravadas intercaladas com algumas ao vivo, uma distração boa, mas nem tanto quanto propagaram. Muitos disseram que não funcionou, aí já era exagero dos detratores de plantão, o funcionamento da coisa toda varia muito de fã pra fã de acordo com seu grau etílico também. Em ‘Firehouse’ Paul Stanley cantou absurdamente bem, ele ainda tinha todo aquele gogó que acostumamos a ouvir nos discos, mas eu tive minha primeira decepção com a pirotecnia que praticamente inexistiu nesse show, o que o RAMMSTEIN exagerou com fogo o KISS pecou pela falta dele, tudo bem que Gene Simmons cuspiu fogo nessa, mas só.
Dos tempos em que tinha graça guardar os ingressos dos shows e o souvenir máximo, o dito Óculos 3D sujo de maquiagem preta heheheh...
    Era hora de Ace Frehley tomar o microfone pra si e cantar ‘Shock Me’, nessa hora começamos a perceber que ele estava ligeiramente ‘mamadinho’, e que aquele papo de sobriedade dele era furado, naquela época ainda não sabíamos o tanto que o KISS era mentiroso para com os fãs, foi só anos depois quando Ace e Peter começaram a sair da banda de novo e os livros afloraram que nós começamos a deixar aquela inocência cega de lado...rsss
    Ace não atirou com a guitarra nessa como achávamos que seria, mas a festa continuou garantida com a espetacular ‘Let me Go Rock and Roll’ que mostrou um SpaceAce possuído nos licks de guitarra e um Catman gargalhante foi revelado no final pelos telões.

    Segue o baile e ‘Dr. Love’ precede o segundo brilho solo de SpaceAce Frehley na então nova ‘Into the Void’ onde ele emendou seu clássico solo com sua Les Paul voando de volta pra Jendell mas não sem antes enfumaçar o palco todo seguida de tiros pro alto com outra Les Paul, tudo isso em 3D e com direito a Ace arriscando o riff de ‘Parasite’ bem mal feito e umas cambaleadas aqui e acolá, show, era o verdadeiro Ace Frehley ali na sua frente!
    Era circo que a gente queria, era entretenimento que a gente queria, era o verdadeiro, primeiro e único KISS que a gente queria e estava tendo. Depois de ‘King of the Nighttime World’ quem deu seu show foi o Demon em pessoa, vomitando sangue, voando pro teto do palco e lá interpretando a mais do que clássica ‘God of Thunder’ que botou um pouco mais de fogos no palco, colado a tudo isso veio mais uma nova com efeitos 3D, era ‘Within’” com o Demon ainda no controle.
    Mas e Peter Criss? Ah sim, era a hora dele brilhar sozinho, sua bateria foi içada até o teto de onde o Catman solou por um bom tempo mas não cantou.
Chaveiro "Psycho Circus Live in 3D tour!

    Pelas próximas canções quem brilhou foi o Starchild e seu gogó de ouro com ‘I Was Made for Loving You’, ‘Love Gun’ por onde ele sobrevoou o público na tirolesa (passando por cima de mim, eu até toquei a sua bota) até a cabine de som no meio da platéia, essa foi a primeira turnê que ele fez isso e desde então repetiu em várias outras e ainda deu tempo de botar a casa abaixo com ‘100.000 Years’. Fecharam o set com ‘Rock and Roll All Nite’, chuva de pétalas de rosas, novas pirotecnias na guitarra solo de SpaceAce, gente chorando pra todo lado, era o VERDADEIRO KISS pela ÚNICA VEZ em terras brasileiras. Uma pequena pausa e eles voltam, aliás, só Peter ‘Catman’ Criss volta pra cantar ‘Beth’, que momento de arrepiar!

    ‘Detroit Rock City’ fez São Paulo cantar e ver em 3D efeitos com carrinho e tudo, como na letra, Paul Stanley deu aquela ‘enchida de linguiça’ com seu solo e esse espetáculo de outro planeta foi encerrado quase duas horas depois com a emblemática ‘Black Diamond’ onde Catman esgoela bonito botando todos pra explodirem seus pulmões cantando com ele e a bateria original voou pela última vez em solo verde-amarelo, ‘a Inês era morta’ e se encerrava o ÚNICO show do KISS ORIGINAL em São Paulo, há 20 anos atrás nos deixando com a alma lavada pra sempre, o que se sucedeu à tudo isso na KISSTÓRIA, inclusive os vindouros outros shows dessa banda no país não se comparam...

Fotos: acervo pessoal Toca do Shark.










terça-feira, 2 de abril de 2019

TOCA DO SHARK AGORA NAS RÁDIOS STAY ROCK BRAZIL E ROCK ONLINE




   Estréia dia 16/04 pela Radio Web Stay Rock Brazil as 20 horas o podcast TOCA DO SHARK!! TOCA DO SHARK é o braço sonoro do site de mesmo nome, no ar desde 2011 que trata da pluralidade estética e sonora do estilo de vida ROCK AND ROLL, cobrindo todos os estilos e pontos de vista, dando uma ênfase maior na cena brasileira sem amarras de estilos ou ideologias. 
Rock and Roll no DNA na Toca do Shark
De pai (Alexandre) pra filho (Ícaro)
    O programa em formato de podcast tem a duração de 1 hora e é produzido e apresentado por Alexandre WildShark e seu filho Ícaro Quadros que cuida do bloco ‘Rock Hereditário’. Eles prezam pela premissa de cobrir os mais variados estilos sem nenhum pudor realçando os marginalizados ‘Lado-B’ das grandes bandas e principalmente, tocando as bandas mais esquecidas e marginalizadas de todos os cantos do mundo.
    O programa que desde novembro ia ao ar somente via a plataforma Mixcloud (https://www.mixcloud.com/alexandre-quadros/ )de maneira totalmente independente, passou a ser veiculado semanalmente (desde o programa piloto #0) em fevereiro pela Rádio Rock Online (http://radiorockonline.com.br/ ) agora também você escutará quinzenalmente as Terça-Feiras na Radio Web Stay Rock Brazil - www.stayrockbrazil.com.br