domingo, 25 de dezembro de 2016

OLDER JACK - Metal alemão direto de Pomerode/SC



BANDA: OLDER JACK
DISCO: “Metal Über Alles”
ANO: 2016
SELO: Roadie Metal (http://roadie-metal.com/)
FAIXAS:
1.  Öl und Blut/
2.  Metal Über Alles/
3.  Fosa/
4.  In Namen das Geldes/
5.  Luft
6.  Macumba/
7.  Wahnsinn/
8.  Das Ende/
  Taí, costumo dizer aos amigos e conhecidos, podemos viver mil anos que não iremos ouvir tudo que precisamos conhecer de bom no Underground mundial e a OLDER JACK é a mais nova pérola descoberta por mim. Originária de Pomerode/SC (considerada a mais alemã das cidades brasileiras), a banda toda é composta por descendentes diretos de alemães e falam fluentemente a língua germânica, então, só por isso, por que não cantar todas as letras em alemão? Pois foi o que fizeram nesse primeiro disco da banda, talvez pra chamar a atenção do underground para si, se deu certo? Ô se deu!
  O som é dos melhores e mais caprichados (tirando uma escorregada na mixagem da faixa ‘In Namen das Geldes’ do meu CD que deu uma abaixada abrupta no som no meio da canção), um Metalzão oitentista, asperamente polido, com vocais rasgados e agudos de ‘gralhas turbinadas’ e guitarras fazendo aquela levada MERCYFUL FATE e METALLICA dos anos três primeiros discos, a bateria e o baixão pulsam forte. Detalhe pra 'Macumba' que começa com um riffão à lá MERCYFUL FATE e descamba pra SABBAzêra duma hora pra outra, coisa fina mesmo. Fico imaginando esse som mixado analogicamente pra um vinilzão daqueles que são atualmente prensados na Alemanha, ia ficar monstruoso! Com letras que não entendemos bulhufas, o press-release dá uma mãozinha avisando que falam sobre a união dentro do Metal, corrupção religiosa e aquele tema óbvio, Segunda Guerra Mundial (só espero não estarem cantando nada que tenha vindo do lado errado da luta).

  A banda é formada por César Rahn (bx), Bruno Maas (bt), Hermann Wamser (g), Deivid Wachholz (g) e Carlos Curt Klitzke (v), estão trabalhando duro pra divulgarem seu som e eu, sinceramente lhes desejo toda sorte do mundo, imagina se esses caras conseguirem fazer uma tour europeia e chegarem ao berço do Metal verdadeiro (a Alemanha, claro)? Vão ser alçados headliners rapidinho!
Alô Wacken, aqui é do Brasil, escuta aí....

Deivid Wachholz (g), César Rahn (bx), Carlos Klitzke (v)
Bruno Maas (bt), Hermann Wamser (g)
OLDER JACK


domingo, 18 de dezembro de 2016

BLACK SABBATH – O Fim a partir da ótica de um menino sonhador!


  Quando, no começo desse ano, ouvi pela primeira vez no rádio o anúncio de que o show de despedida do BLACK SABBATH passaria por Curitiba (perto de onde moro atualmente), veio um arrepio dos pés à minha cabeça, e, ao som de ‘War Pigs’ ainda, brotaram lágrimas dos meus olhos que centenas de shows já viram, mas eu não tinha muita certeza de que conseguiria ver, financeiramente falando, só tinha certeza d’uma coisa, eu PRECISAVA ver!
  A infância inteira ouvia falar de que o BLACK SABBATH era fodido e tal, mas não tinha acesso à obra deles até que comecei a andar com minhas próprias pernas e fui a uma loja pedir uma K7 gravada do vinil “Paranoid”, aos 12 ou 13 anos eu acho... dali em diante era uma estrada sem volta em rumo ao pesado e obscuro mundo do Heavy Metal... tá, eu já conhecia muita coisa, KISS, VAN HALEN, WHITESNAKE, QUIET RIOT, TWISTED SISTER, mas era o lado colorido da coisa, eu ainda não tinha encontrado a pedra fundamental, a origem à partir da escuridão, e depois de muitos livros de terror (pegos na biblioteca da escola) devorados ao som de ‘Hands of Doom’ e ‘Electric Funeral’, por exemplo, eu fui atrás dos outros plays... e, duas décadas mais tarde, depois de ter visto Ronnie James Dio duas vezes, de ter visto outros ex membros da história da banda, como IAN GILLAN, GLENN HUGHES, ROB HALFORD (sim, ele mesmo), DON AIREY, SCOTT WARREN, ERIC SINGER e os próprios TONY IOMMI e GEEZER BUTLER, eu finalmente iria ver OZZY OSBOURNE em seu lugar de origem, cantando alguns dos mais importantes hinos do Heavy Metal mundial. Mas eu não tinha comprado ingresso ainda... um detalhe que foi sanado após uns 7 meses do anúncio oficial que eu tinha ouvido no rádio e chegou o dia do tributo, eu iria poder ver e agradecer Tony Iommi pelos últimos 47 anos de completa entrega e dedicação à essa instituição chamada BLACK SABBATH (que lhe valeu a saúde, inclusive) que nos proporcionou inúmeras obras musicais de vários conceitos e importâncias variáveis, mas todas sem iguais entre seus pares.



  Chegando a Curitiba naquela quarta feira nublada, eu me deparei com uma pedreira linda e totalmente cercada pela natureza, que visual! E, no olho daquela cratera seria realizada a missa negra de despedida de um dos maiores nomes do som pesado. Com abertura da banda RIVAL SONS que impressionou muito o meu gosto pessoal e de muita gente que lá estava presente, uma grata surpresa com qualidade de som excelente!
  Era hora então do BLACK SABBATH. Eu esperava um estrondo logo de cara, pois iriam abrir o show com a música mais cavernosa gravada no século XX numa noite nublada e no meio daquele mato todo, tinha tudo pra arrepiar até os pelos pubianos, mas... a banda entrou ao palco após um clipe cavernoso do telão mostrando o ovo do anticristo sendo eclodido dando á luz um ser das trevas e à seguir ecoaria os primeiros acordes da SG preta do canhoto mais foda do planeta! Mas cadê o som da guitarra? Malditos técnicos de som (gringos ou não), foderam meu sonho mais arrepiante, calma, tudo bem... eu estava de frente para a ‘maldita trindade’ Tony Iommi, Terry Geezer Butler e Ozzy Osbourne (senti muita falta do quarto elemento, o fundamental espancador de peles Bill Ward) lá estava não um senhor pai de família, funcionário público e sim aquele mesmo garoto que rodou milhares de vezes aquela fitinha do “Paranoid”, aquele mesmo garoto cabeludo que achou o LP “Sabotage” na feira por R$1,00 quando o CD estava em alta e o vinil não valia nada, o mesmo cabeludo e extravagante vocalista de banda de Rock que gritava sem pudores as letras de ‘Children of the Grave’ e ‘Sabbath Bloody Sabbath’ pelos bares e palcos região afora, o mesmo fã que viu o BLACK SABBATH com o DIO, o mesmo fã que idolatrou aquele Ozzy dos velhos tempos, que era um demônio  comedor de morcego e execrou aquele Ozzy ‘garoto propaganda’ da MTV, aquele mesmo fã que trocou a fase Ozzy pela fase Dio sem o menor remorso por muitos anos mas era o fã que correu comprar a edição deluxe do “13” quando saiu e que, depois de muitos anos se fazer isso, realizou todo um ritual de absorção da obra para ouvi-lo pela primeira vez, sozinho, com o som no talo, bem equalizado e encarte na mão seguindo todas as letras, lendo a ficha técnica e cheirando (sim) o disco todo, aquele mesmo fã que no começo de 2016 se emocionou ao ouvir a primeira vez no rádio o anúncio da despedida de seus ídolos, o mesmo fã que passou um 2016 de merda, só se fodeu o ano todo, teve altos problemas, estava sem esperança nenhuma de poder realizar este sonho, o mesmo fã que quase ficou viúvo em 2016.

  Esse fã, esse moleque, esse cara, pai de família, esse funcionário público, esse que vos escreve se arrepiou aos sons de ‘Fairies Wear Boots’, ‘After Forever’, ‘Into the Void’, berrou a plenos pulmões letras de ‘Snow Blind’, ‘N.I.B.’, ficou em transe com ‘Behind the Wall of Sleep’, ‘Dirty Women’ e quase chorou com ‘War Pigs’, ‘Children of the Grave’ e ‘Paranoid’, mas ficou triste com a tentativa de ‘Rat Salad’ e sentiu muita falta de Bill Ward o show todo, não teve gente, o baterista contratado lá é bom, mas não me convenceu, pra mim o velho Ward era um dos três mais influentes e pesados bateristas daquela época e ponto final.


  Ponto final mesmo, tristemente nosso pai Tony Iommi não anda assim tão bem de saúde, logo após voltar do Brasil descobriu uns nódulos estranhos no pescoço e voltou a preocupar seus fãs, Ozzy é aquele Ozzy careteiro e performático que nos mostrou a bunda no palco, mas sua garganta não aguenta mais do que uma hora de show cantando, somente Geezer ainda tá 100% eu acho... mesmo assim foi uma baita espetáculo e espero que sim, esse tenha sido o fim de uma história, pois, mais uma tentativa de tour vai queimar o filme dos caras depois desse anúncio todo. Sou daqueles que ainda presa pela honra e palavra dos artistas... um bobo fã e sonhador, mas Rockeiro até a última gota de suor \m/ \m/




domingo, 11 de dezembro de 2016

VETERANÍSSIMA BANDA ANARCA HOMENAGEIA O MADE IN BRAZIL!




Nos anos 80 um dos nomes mais ativos da cena era o ANARCA (http://tocadoshark.blogspot.com.br/2014/03/wagner-anarca-um-dos-herois-do-som.html) que há mais de 25 anos não dá nenhuma novidade aos fãs, pois seu mentor Wagner mora há esse quarto de século nos Estados Unidos, mas eis que este final de 2016 trouxe à luz do dia uma gravação novíssima sob o nome da banda registrado pelo Wagner e seu amigo e baixista que também passou pela fase clássica da banda, William Kusdra, mas porque somente agora? E o que reuniu esses dois baluartes da cena oitentista de novo depois de tanto tempo? Saiba tudo à seguir nessa entrevista exclusiva da TOCA DO SHARK com os dois.


TOCA DO SHARK: Depois de aproximadamente 30 anos, a dupla Wagner Anarca e William Kusdra resolveu se reunir em uma gravação sob o nome ANARCA. De quem partiu essa ideia?
WILLIAM KUSDRA: O MADE vai completar 50 anos de estrada. Há um projeto programado que não posso adiantar e que não é idealizado por nós, mas conversando com o Wagner decidimos gravar uma homenagem à banda.
WAGNER ANARCA: Primeiramente quero agradecer o seu interesse pela nossa trajetória e trabalho.
  Aconteceu assim, eu moro há muito tempo nos E.U.A. e sempre mantenho contato com todos meu amigos do Brasil, principalmente os músicos que passaram pelo ANARCA. Um dia o William me ligou e falou que tem um projeto que vai rolar de homenagem ao MADE IN BRAZIL e que nós fomos convidados pela Gigi Jardim para participar.

T.S.: A gravação em questão é uma homenagem ao MADE IN BRAZIL, gostaria de saber o quão importante o MADE foi na formação musical de cada um de vocês?
W.K.: A importância do MADE IN BRAZIL é total. Tocamos em vários shows com eles em 1982 quando estavam completando 15 anos de estrada. Banda mais importante pra nós aqui no Brasil desde sempre.
W.A.: Eu fiquei super honrado, pois foi a primeira banda de Rock que eu ouvi ao vivo, junto com o Lúcio Zaparolli (SANTA GANG), meu amigo de infância, lá eu resolvi tocar guitarra, imagina o tamanho da honra em poder homenagear meus heróis?

T.S.: Como funcionou essa junção para gravação, haja vista que há um bom tempo Wagner mora dos Estados Unidos e William no Brasil?
W.K.: Hoje em dia a tecnologia e a internet nos proporciona essa facilidade. Gravei o baixo no estúdio do meu irmão que é de primeira linha e o Wagner fez o mesmo lá nos Estados Unidos.
W.A.: Então, o William me falou desse projeto, que partiu da Gigi Jardim que é uma grande amiga minha e eu fiquei surpreso dela ter colocado o ANARCA no projeto pra tocar ‘Uma Banda Made in Brazil’. Era pra eu gravar a guitarra e a voz aqui, o Willian Kusdra e o Régis Tadeu iriam colocar seus devidos instrumentos gravados aí no Brasil. Mas eu não queria simplesmente fazer um cover dessa canção, eu queria algo mais elaborado, que fosse mesmo uma grande homenagem aos caras, eles que são grandes Heróis do Rock Brasileiro, assim como o Júnior da PATRULHA DO ESPAÇO, o Luiz Carlini do TUTTI FRUTTI, Paulão Batera, Faísca, Sérgio Hinds (O TERÇO), meus heróis, que fazem Rock 24 hs por dia!
  Eu fiquei semanas e semanas refletindo o que eu iria fazer e ouvindo ‘Heartbreak Hotel’ do ELVIS PRESLEY eu tive a ideia de fazer uma versão em inglês para a música e transformá-la num blues e comecei a traduzi-la fazendo umas concessões e licenças poéticas, daí fui pro estúdio de Dan O’Brien que é um amigo de 25 anos que estou aqui e um músico de mão cheia que me ajudou com umas guitarras e algumas palavras na tradução. Devo muito à ele.
Willian Kusdra (bx), Wagner Anarca (g/v) e Régis Tadeu (bt)
ANARCA nos anos 80
TS.: Além de Wagner Anarca na guitarra e voz e William Kusdra no baixo, quem mais participou com os outros instrumentos (bateria, gaita, etc...)?
W.K.: O Wagner fez tudo. Eu só toquei o baixo.
W.A.: Como eu disse, o Dan O’Brien me ajudou muito nas guitarras e na demo ele fez uma bateria eletronicamente, daí o Régis achou melhor manter essa bateria pois ele estava sem tempo pra gravar agora, ele disse que a bateria ficou ótima. Daí ficou a bateria do Dan e um fato interessante também foi a gaita imaginária que eu queria colocar, pois eu não tinha gaita nenhuma, fui pro microfone e fiz uma gaita com a mão e a boca, ele deixou gravando e fez a coisa toda virar uma gaita de verdade...hahahahaha...


Willian Kusdra (baixo) em 2016

T.S.: Pra finalizar, podemos esperar mais alguma surpresa sob o nome ANARCA?
W.K.: Com certeza meu amigo. Temos a ideia de gravarmos mais algumas músicas do nosso antigo repertório. Acho que vai rolar algo pra 2017, 2018.
W.A.: Só quero deixar bem claro que esse lance todo não tem nada à ver com o ANARCA, isso é sobre o MADE IN BRAZIL.
  Mas, paralelamente a isso eu estava conversando com a Gigi sobre filosofia e chuva, daí ela me mandou uma gravação de um tape com som de uma chuva que ela gravou e tem até um gemido dela no final. E com esta gravação eu queria fazer uma música, mas passou o tempo e veio essa gravação do som do MADE que me colocou no embalo de novo pra gravar. Então eu criei uma música chamada ‘Tears of Rain’ que é uma homenagem à Gigi Jardim, onde eu usei seu tape com som de chuva mais o gemido dela no final. Também rendeu uma versão mais atual para ‘Mercedez Benz’, aquela da JANIS JOPLIN com uma mensagem mais atual. Eu tenho um projeto de gravar um CD em breve, além dessas três citadas.
Wagner Anarca (guitarra e voz)

FOTOS dos arquivos de William Kusdra e Wagner Anarca