VIRADA
CULTURAL 2014 – 10 ANOS
No
ano em que a Virada Cultural (baseada nas Noites
Brancas da França) completa 10 edições, o que deveria ser uma grande
celebração cultural se transformou em parque de diversões para criminosos, como
já foi amplamente divulgado pela mídia sensacionalista brasileira, por isso vou
me ater ao lado cultural e Rocker da coisa toda, pois aqui é um Blog feito por
um Rockeiro para os Rockeiros.
Em 2007 tomei conhecimento deste evento
através d’um show do MADE IN BRAZIL na minha cidade uma semana antes da Virada Cultural
daquele ano em que eles tocariam, não pude comparecer por motivos familiares,
mas em 2008 debutei neste magnífico evento onde pude acompanhar shows que
jamais imaginaria ver em minha vida, como O TERÇO, TERRENO BALDIO, CASA DAS
MÁQUINAS,HARPPIA, PAUL DI’ANNO, VODU, PEPEU GOMES, OS MUTANTES e O BANDO DO
VELHO JACK entre outros.
No ano de 2009 lá estávamos eu e minha esposa
de novo para acompanhar um momento mágico e no mínimo emocionante, JON LORD
tocando o disco “Concert for Group & Orchestra” do DEEP PURPLE inteirinho
com a Orquestra Sinfônica Municipal, além de TUTTI FRUTTI, O SOM NOSSO DE CADA
DIA, JOELHO DE PORCO, CAMISA DE VÊNUS, VELHAS VIRGENS, NOVOS BAIANOS, ZECA
BALEIRO entre outras grandes atrações. Já em 2010 tivemos PATRULHA DO ESPAÇO, BIG
BROTHER & THE HOLDING COMPANY (primeira banda de JANIS JOPLIN) e os MOTHERS
OF INVENTION, antiga banda de FRANK ZAPPA aqui rebatizada de GRAND MOTHERS –
Re:INVENTED, além do L.A. GUNS, LIVING COLOUR, KRISIUN e mais um sem número de
atrações.
No ano de 2011 não podemos marcar presença e
perdemos o MISFITS entre outros, mas foi um ano com relatos de violência
extrema, com esfaqueamentos durante o show dos MISFITS e gente que foi jogada
de cima de viadutos, lamentável.
Pra 2012 voltamos à capital cultural do país
para uma maratona que durou 20 horas exatas de total esgotamento físico, que
você pode conferir aqui na Toca do Shark (http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2012/06/8-virada-cultural-sao-paulo-05-e-06-de.html),
onde tivemos vários palcos interessantes, entre eles o principal da Avenida São
João onde tocaram IRON BUTTERFLY, OS MUTANTES, SUICIDAL TENDENCIES, BLACK OAK
ARKANSAS, TITÃS (tocando o “Cabeça Dinossauro”) e o Palco da Baratos Afins onde
tivemos BARANGA, CRACKER BLUES, SALÁRIO MÍNIMO, TOMADA, GOLPE DE ESTADO, AS
MERCENÁRIAS, etc e um palco PUNK, um de JAZZ, um de REGGAE, e tantos outros com
mais artistas de ROCK como SERGUEI, AUTORAMAS, entre outros...
Em 2013 a coisa esfriou com apenas o NEKTAR
como destaque e não compareci.
Já em 2014 o primeiro nome anunciado foi
URIAH HEEP, isso já chamou um sem número de interessados em voltar às ruas do
centro de SP de madrugada, ainda foi anunciado MARK FARNER (ex-GRAND FUNK
RAILROAD) e um devido tributo ao Herói da Guitarra pesada nacional, HÉLCIO
AGUIRRA (falecido no dia 21 de janeiro deste ano) do GOLPE DE ESTADO, com a
banda contando com vários convidados especiais nas guitarras, o que animou
ainda mais.
Apesar da Virada ainda contar com nomes
interessantes para mim, como o retorno (?) de 50% do IRA! aos palcos, PEPEU
GOMES, ANDRE CHRISTOVAM, STANLEY JORDAN, LAFAYETTE+AUTORAMAS+B NEGÃO, PLEBE
RUDE em outros palcos e no palco principal ainda termos no domingo a presença
de bandas notáveis como ANJOS DOS BECOS, AGENTE ORANGE, DOMINATRIX e
MERCENÁRIAS, resolvi me ater às 3 atrações que me levaram à Virada, pela
primeira vez sozinho e para um bate-e-volta, no palco principal da Avenida São
João:
21hs – Tributo a HÉLCIO AGUIRRA (GOLPE DE
ESTADO + Convidados);
23hs – URIAH HEEP
01hr – MARK FARNER (ex-GRAND FUNK RAILROAD)
Afinal de contas, o ano foi fraco e a Virada
foi totalmente banalizada por parte de seus curadores, botando DJs para todo
lado, como se fossem artistas e ainda dando ênfase a esse lixo cultural chamado
de Funk (sacrilégio) carioca, o que atraiu um sem número de vagabundos e
‘rolezeiros’ que promoveram homéricos arrastões e assaltos à revelia no público
presente. Um lamento e uma indignação sem tamanho da minha parte, já veterano
das Viradas Culturais paulistanas.
Pois bem, vamos lá aos shows.
Chegando lá por volta das 20:30 já cheguei
encontrando alguns velhos e bons amigos e no palco estava a primeira atração da
noite, um duo instrumental da Austrália chamado JACKSON FIREBIRD do qual não
posso falar, pois não vi o show, mas quem viu me assegurou ser muito bom.
Dino Linardi e Luiz Calanca honrando a Flying V do Hélcio |
Me aproximando do palco o máximo possível,
consegui praticamente colar na grade de fronte ao palco e ali vi toda
movimentação acerca dos preparativos para o primeiro show que eu iria ver, o
tão justo e merecido show-tributo que o GOLPE DE ESTADO (na pessoa do único
membro original remanescente, o baixista Nelson Brito, acompanhado dos mais
novos vocalista Dino Linardi e do baterista Roby Pontes que gravaram o mais
recente disco da banda “Direto do Fronte”) iria realizar ao seu mentor e
guitarrista, Hélcio Aguirra, falecido em janeiro último e que fez história
gravando o primeiro disco clássico do Metal paulistano, o EP “A Ferro e Fogo”
da banda HARPPIA, saindo depois para formar o GOLPE DE ESTADO tendo gravado
todos os discos da banda além de mais 2 com seu projeto instrumental MOBILIS
STABILIS nos anos 2000.
Pois bem, com muita confusão por parte dos
técnicos de som (péssimos, por sinal) que a prefeitura sempre contrata para
esses eventos e atrasos devido a isso, o show enfim começou com uns 15 minutos
de atraso logo de cara com a banda executando ‘Nem Polícia, Nem Bandido’ com o
auxilio do guitarrista Tadeu Dias, mas não sem antes Nelson Brito e Luiz
Calanca (dono do lendário selo/loja Baratos Afins e responsável por ter lançado
inúmeros e clássicos nomes da cena do Rock Pesado dos anos 80) colocarem a
lendária guitarra Flying V preta e branca que acompanhou Hélcio a vida toda num
pedestal na frente do palco e da banda, de cara com a imensa avenida forrada de
Rockers sedentos pelo som pesado, que Hélcio defendeu a vida toda. Ainda
tocaram ‘Underground’ que conta uma história que se passava ali naquela mesma
localidade nos anos 80, mítico!
Com João Luiz na Strato vermelha e Tadeu Dias na Flying V |
Fausto Celestino e Nelson Brito |
E enfim começaram a chamar ao palco os amigos
de longa data de Hélcio que iriam homenageá-lo e o primeiro foi João Luiz
Braghetta que mantinha com ele o MOBILIS STABILIS desde 2000, João Luiz tocou ‘Não
é Hora’ e ‘Caso Sério’. Na sequencia veio Fausto Celestino (guitarrista
original do CENTÚRIAS, que gravou o mítico “SP Metal I”) tocando ‘Rockstar’, single
e clipe do último disco que o Hélcio gravou com o GOLPE.
Com o tempo passando rápido chamam ao palco
Xande, guitarrista e vocalista do BARANGA para tocar ‘Forçando a Barra’ e logo
Nelson passa o baixo para Ricardo Schevanno, vulgo Soneca também do BARANGA (e
agora no CARRO BOMBA) para tocarem ‘Onde há Fumaça Há Fogo’ com todo mundo
cantando e dançando no asfalto.
A Imponente Flying V perante todos |
Eis que Nelson Brito introduz ao palco o
amigo de infância dele e de Hélcio, o renomado guitarrista de Blues nacional
André Christóvam que se declarou amigo de mais de 50 anos deles, pois, contam
os livros de história do Rock Nacional que antes ainda do GOLPE existir, André
montou com Nelson e Paulo Zinner (ex-baterista do GOLPE, do qual sentimos falta
nesta noite) o FICKLE PICKLE. Enfim, André, claro, interpretaria o maior Blues
da história do GOLPE, ‘Moondog’ e em seguida ‘Olhos de Guerra’, com um feeling
indescritível.
Nesse momento, nós que estávamos ali na
frente de tudo, começamos a ver na lateral direita do palco uns funcionários da
Virada apressando a banda para encerrar o show por causa pressão do cast de
roadies do URIAH HEEP, pois o tempo estava estourando, pois bem, Rogério
Fernandes, segundo vocalista da história do GOLPE que gravou as 2 faixas bônus
(de estúdio) do disco “10 Anos Ao Vivo” de 1997 (à saber ‘Todo Mundo tem um
Lado Bicho’ e ‘Cada Dia Bate de um Jeito’), começou a negociar mais alguns
minutos para eles cumprirem o set list programado, mas nada resolvido e só lhes
deram tempo para mais 1 canção, o que fez a banda chamar ao palco às pressas os
2 músicos que faltavam, Xando Zupo (guitarrista que substituiu Hélcio no
HARPPIA e também tocou no BIG BALLS, PATRULHA DO ESPAÇO, Z-SIDES e atualmente
esta no PEDRA) e o próprio Rogério que cantaria seu clássico com a banda ‘Todo
Mundo tem um Lado Bicho’, mas não sem antes despejar nos microfones sua
indignação com o descaso e desrespeito que a banda sofreu para dar vantagens à
banda inglesa, enfim, é como sempre, a história do Rock brasileiro sendo
ignorada para dar mais espaço aos estrangeiros.
Nelson, Rogério (atrás André e Roby), Dino, Tadeu e Xando em ação! |
O recadinho de Rogério pros gringos folgados |
Com sangue nos olhos ele dividiu
os vocais com Dino Linardi e Xando simplesmente ‘judiou’ sua Les Paul, quando
eles sem deixar a bola cair nas mãos dos gringos emendaram ‘Libertação
Feminina’ trazendo ao palco Jane Lopes, esposa de Hélcio e o próprio Calanca,
onde Nelson larga seu baixo nas mãos de Daniel Kid Ribeiro (conhecido e
competente roadie da Paulicéia e baixista de alto nível) e vai pra frente
abraçar Jane que é cercada por Nelson, Calanca, Dino e Rogério enquanto todos
os convidados formam um paredão de guitarras e baixos lá atrás, com destaque
pra Xando Zupo que segura a guitarra principal ali na frente solando como se
não houvesse amanhã, um momento tão mágico e arrepiante que a fumaça de gelo
seco toma todo o palco num determinado momento ofuscando de nossas vistas todos
os presentes no palco, deixando visível apenas a guitarra mítica de Hélcio que
ainda ali estava de fronte ao público, algo que me lembrou o livro ‘As Brumas
de Avalon’, quem leu sabe do que estou falando. Era como se o próprio Hélcio
solasse naquele minuto e ali agradecesse toda aquela comunhão de fãs e músicos
em sua memória!
Após tudo isso Jane Lopes pega o microfone e
ao agradecer todos em lágrimas pede ao público: “Gente, não vamos deixar o
Hélcio morrer de novo né?” ARREPIANTE até agora!
Pra fechar a festa, com todos os envolvidos
abraçados na frente do palco Dino anuncia que, mesmo com esse enorme baque da
perda do guitarrista fundador da banda, eles resolveram dar sequência à memória
da banda e quem irá segurar a guitarra da banda é o mesmo Tadeu Dias que ali
tocou o show todo, guitarrista renomado do underground paulista que, desde
menino permeia o universo do GOLPE DE ESTADO e que ainda toca na banda de
Hardcore OITÃO, ou seja, sem preconceitos musicais, e lá naquela noite ele
provou que é competente o suficiente para tocar guitarra na banda, nunca ser o
substituto de Hélcio, afinal, isso não será possível.
Tadeu Dias, novo guitarrista do GOLPE DE ESTADO |
Completando o pedido de apoio do público à
banda, feita por Dino e Nelson eu reforço o coro adiantando aos detratores que
irão dizer que a banda está descaracterizada e somente com um membro original
que, na sequência deste show veio uma outra força veterana do Rock (inglês)
chamada URIAH HEEP que também há muitos anos segue a carreira mundo afora com
somente um único membro original na linha de frente, o guitarrista Mick Box e
nem por isso deixou a peteca cair e perdeu o apoio de seus fãs. Em resumo brasileirada, vamos deixar de lado a
ignorância vigente e enraizada na nossa cena, vamos extinguir esse ‘complexo de vira-latas’ e dar o Real Valor sim a quem merece na nossa
cena, e o GOLPE DE ESTADO merece sim.
João Luiz Braghetta e Xande |
Andre Christóvam ao fundo e os vocalistas com Jane Lopes à frente |
SET
LIST:
1. ‘Nem Polícia, Nem Bandido’ (participação: Tadeu Dias)
2. ‘Underground’
(participação: Tadeu Dias)
3. ‘Não É Hora’ (participação: Tadeu Dias e João Luiz
Braghetta)
4. ‘Caso Sério’ (participação: Tadeu Dias e João Luiz
Braghetta)
5. ‘Rockstar’
(participação: Tadeu Dias e Fausto Celestino)
6. ‘Forçando a Barra’
(participação: Tadeu Dias e Xande)
7. ‘Onde Há Fumaça
Há Fogo’ (participação: Tadeu Dias, Xande e Soneca)
8. ‘Moondog’ (participação: Tadeu Dias e André Christóvam)
9. ‘Olhos de Guerra’ (participação: Tadeu Dias e André
Christóvam)
10.’Todo Mundo Tem Um Lado Bicho’ (participação: Tadeu
Dias, André Christóvam, Rogério Fernandes, Xando Zupo)
11.’Libertação Feminina’ (participação: Tadeu Dias, André
Christóvam, Rogério Fernandes, Xando Zupo, Xande, Fausto Celestino, João Luiz
Braghetta, Daniel Kid e Soneca)
GOLPE DE ESTADO |
No
próximo post irei contar como foram os shows do URIAH HEEP e de MARK FARNER, aguardem...
Fotos de Tatianny Ruiz e Bel Godoi (somente a da guitarra nas brumas).
João Luiz, Xande e Fausto (com Calanca ao fundo) |
João Luiz, Xande, Fausto, Soneca, Kid, André, Roby, Dino, Rogério abraçado com Jane |
Tadeu Dias e Xando Zupo |
Rogério indignado com o descaso da organização
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