Quando, no começo
desse ano, ouvi pela primeira vez no rádio o anúncio de que o show de despedida
do BLACK SABBATH passaria por Curitiba (perto de onde moro atualmente), veio um
arrepio dos pés à minha cabeça, e, ao som de ‘War Pigs’ ainda, brotaram lágrimas
dos meus olhos que centenas de shows já viram, mas eu não tinha muita certeza
de que conseguiria ver, financeiramente falando, só tinha certeza d’uma coisa,
eu PRECISAVA ver!
A infância
inteira ouvia falar de que o BLACK SABBATH era fodido e tal, mas não tinha
acesso à obra deles até que comecei a andar com minhas próprias pernas e fui a
uma loja pedir uma K7 gravada do vinil “Paranoid”, aos 12 ou 13 anos eu acho...
dali em diante era uma estrada sem volta em rumo ao pesado e obscuro mundo do
Heavy Metal... tá, eu já conhecia muita coisa, KISS, VAN HALEN, WHITESNAKE,
QUIET RIOT, TWISTED SISTER, mas era o lado colorido da coisa, eu ainda não
tinha encontrado a pedra fundamental, a origem à partir da escuridão, e depois
de muitos livros de terror (pegos na biblioteca da escola) devorados ao som de ‘Hands
of Doom’ e ‘Electric Funeral’, por exemplo, eu fui atrás dos outros plays... e,
duas décadas mais tarde, depois de ter visto Ronnie James Dio duas vezes, de
ter visto outros ex membros da história da banda, como IAN GILLAN, GLENN
HUGHES, ROB HALFORD (sim, ele mesmo), DON AIREY, SCOTT WARREN, ERIC SINGER e os
próprios TONY IOMMI e GEEZER BUTLER, eu finalmente iria ver OZZY OSBOURNE em
seu lugar de origem, cantando alguns dos mais importantes hinos do Heavy Metal
mundial. Mas eu não tinha comprado ingresso ainda... um detalhe que foi sanado
após uns 7 meses do anúncio oficial que eu tinha ouvido no rádio e chegou o dia
do tributo, eu iria poder ver e agradecer Tony Iommi pelos últimos 47 anos de
completa entrega e dedicação à essa instituição chamada BLACK SABBATH (que lhe
valeu a saúde, inclusive) que nos proporcionou inúmeras obras musicais de
vários conceitos e importâncias variáveis, mas todas sem iguais entre seus
pares.
Chegando a
Curitiba naquela quarta feira nublada, eu me deparei com uma pedreira linda e
totalmente cercada pela natureza, que visual! E, no olho daquela cratera seria
realizada a missa negra de despedida de um dos maiores nomes do som pesado. Com
abertura da banda RIVAL SONS que impressionou muito o meu gosto pessoal e de
muita gente que lá estava presente, uma grata surpresa com qualidade de som
excelente!
Era hora então do
BLACK SABBATH. Eu esperava um estrondo logo de cara, pois iriam abrir o show com
a música mais cavernosa gravada no século XX numa noite nublada e no meio
daquele mato todo, tinha tudo pra arrepiar até os pelos pubianos, mas... a
banda entrou ao palco após um clipe cavernoso do telão mostrando o ovo do
anticristo sendo eclodido dando á luz um ser das trevas e à seguir ecoaria os
primeiros acordes da SG preta do canhoto mais foda do planeta! Mas cadê o som
da guitarra? Malditos técnicos de som (gringos ou não), foderam meu sonho mais
arrepiante, calma, tudo bem... eu estava de frente para a ‘maldita trindade’
Tony Iommi, Terry Geezer Butler e Ozzy Osbourne (senti muita falta do quarto
elemento, o fundamental espancador de peles Bill Ward) lá estava não um
senhor pai de família, funcionário público e sim aquele mesmo garoto que rodou
milhares de vezes aquela fitinha do “Paranoid”, aquele mesmo garoto cabeludo
que achou o LP “Sabotage” na feira por R$1,00 quando o CD estava em alta e o
vinil não valia nada, o mesmo cabeludo e extravagante vocalista de banda de
Rock que gritava sem pudores as letras de ‘Children of the Grave’ e ‘Sabbath
Bloody Sabbath’ pelos bares e palcos região afora, o mesmo fã que viu o BLACK
SABBATH com o DIO, o mesmo fã que idolatrou aquele Ozzy dos velhos tempos, que
era um demônio comedor de morcego e
execrou aquele Ozzy ‘garoto propaganda’ da MTV, aquele mesmo fã que trocou a
fase Ozzy pela fase Dio sem o menor remorso por muitos anos mas era o fã que
correu comprar a edição deluxe do “13”
quando saiu e que, depois de muitos anos se fazer isso, realizou todo um ritual
de absorção da obra para ouvi-lo pela primeira vez, sozinho, com o som no talo,
bem equalizado e encarte na mão seguindo todas as letras, lendo a ficha técnica
e cheirando (sim) o disco todo, aquele mesmo fã que no começo de 2016 se
emocionou ao ouvir a primeira vez no rádio o anúncio da despedida de seus
ídolos, o mesmo fã que passou um 2016 de merda, só se fodeu o ano todo, teve
altos problemas, estava sem esperança nenhuma de poder realizar este sonho, o
mesmo fã que quase ficou viúvo em 2016.
Esse fã, esse
moleque, esse cara, pai de família, esse funcionário público, esse que vos
escreve se arrepiou aos sons de ‘Fairies Wear Boots’, ‘After Forever’, ‘Into
the Void’, berrou a plenos pulmões letras de ‘Snow Blind’, ‘N.I.B.’, ficou em
transe com ‘Behind the Wall of Sleep’, ‘Dirty Women’ e quase chorou com ‘War
Pigs’, ‘Children of the Grave’ e ‘Paranoid’, mas ficou triste com a tentativa
de ‘Rat Salad’ e sentiu muita falta de Bill Ward o show todo, não teve gente, o
baterista contratado lá é bom, mas não me convenceu, pra mim o velho Ward era
um dos três mais influentes e pesados bateristas daquela época e ponto final.
Ponto final
mesmo, tristemente nosso pai Tony Iommi não anda assim tão bem de saúde, logo
após voltar do Brasil descobriu uns nódulos estranhos no pescoço e voltou a
preocupar seus fãs, Ozzy é aquele Ozzy careteiro e performático que nos mostrou
a bunda no palco, mas sua garganta não aguenta mais do que uma hora de show
cantando, somente Geezer ainda tá 100% eu acho... mesmo assim foi uma baita
espetáculo e espero que sim, esse tenha sido o fim de uma história, pois, mais
uma tentativa de tour vai queimar o filme dos caras depois desse anúncio todo.
Sou daqueles que ainda presa pela honra e palavra dos artistas... um bobo fã e
sonhador, mas Rockeiro até a última gota de suor \m/ \m/
Lindo seu testemunho, eu tambem sou um " velho " roqueiro, e tambem batalhei muito cada vinil da discografia ( já entrei chorando no Morumbi antes do show começar ) kkkkkk valeu cada segundo daquele dia, e que levarei na minha memória com o maior carinho pro resto da vida
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